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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2016 Kate Hewitt

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

A inocência perdida, n.º 1798 - 18.9.19

Título original: Demetriou Demands His Child

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-266-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Epílogo

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Aquela era uma noite mágica, pensou Iolanthe Petrakis, olhando-se ao espelho do seu quarto com um sorriso nos lábios. Parecia uma princesa de um conto de fadas com o seu novo vestido de cetim de um branco prateado. A saia era larga e a bainha, que ficava à altura dos tornozelos, estava adornada com folhos de tule que pareciam espuma do mar.

Sim, parecia uma princesa e sentia-se como uma princesa, como a Cinderela, preparada para o seu primeiro baile. Estava decidida a desfrutar de cada momento daquela noite.

Bateram à porta.

– Iolanthe? – Era o seu pai, Talos Petrakis. – Estás pronta?

– Sim, papá.

Iolanthe passou uma mão pelo cabelo preto, que Amara, a empregada, apanhara num coque elegante. Com o coração a acelerar por causa dos nervos e da emoção, respirou fundo e foi abrir.

O pai observou-a em silêncio durante um instante e ela susteve a respiração, com a esperança de que lhe desse a sua aprovação. Era a primeira vez que, depois de a ter tido presa toda a sua curta vida na villa que tinham no campo, o pai lhe permitia ir a uma festa e não conseguiria suportá-lo se lhe arrebatasse esse pequeno prazer no último momento.

– Parece-te bem? – perguntou, ao ver que o silêncio se prolongava. Alisou a saia do vestido com as mãos. – A Amara ajudou-me a escolhê-lo.

– É apropriado – disse o pai, finalmente, com um assentimento de cabeça.

Iolanthe respirou fundo. Esse assentimento bastava. O pai nunca fora carinhoso, nem dado aos elogios efusivos, portanto, estava habituada.

– Tens de te comportar sempre com decoro – acrescentou, com uma expressão severa.

– Claro, papá.

Não fora o que sempre fizera? Claro que também nunca tivera oportunidade de se portar mal. Talvez nessa noite, pensou e reprimiu um sorriso travesso para que o pai não adivinhasse o que estava a pensar. Mas a verdade era que aquilo era o que ansiava depois de tantos anos de solidão: Um pouco de aventura, um pouco de emoção.

– A tua mãe sorriria se te visse agora – disse o pai.

Apesar do seu tom bronco, as suas palavras fizeram com que Iolanthe sentisse uma pontada no peito.

Althea Petrakis, a mãe, morrera de cancro quando ela tinha apenas quatro anos. As poucas lembranças que tinha dela eram imprecisas, pouco mais do que a lembrança do cheiro do seu perfume ou das suas carícias maternais doces.

Desde a sua morte, o pai fechara-se em copas e perdera-se no seu negócio. Com frequência, questionava-se se não seria um pai diferente, mais afetuoso, se a mãe ainda estivesse viva. Só o via de vez em quando, porque estava sempre na capital, e as suas visitas eram breves, pouco mais do que inspeções rotineiras para se certificar de que estava a comportar-se como era devido.

– Embora estejas muito bonita, falta-te uma coisa – replicou o pai. Tirou uma caixinha de veludo do bolso do casaco. – Isto é para uma mulher adulta, que já está pronta para se casar.

– Casar…?

Iolanthe não queria pensar nisso. Sabia que algum dia teria de se casar com o homem que o pai escolhesse para ela, mas, naquela noite, só queria pensar em divertir-se, não no casamento, nem no que era o seu dever como filha.

– Abre-a – pediu o pai.

Todas as suas preocupações desapareceram assim que levantou a tampa da caixa e viu, admirada, os brincos de diamantes em forma de lágrima que havia lá dentro.

– São lindos… – murmurou, pegando na caixinha.

– E há mais uma coisa. – De outro bolso, o pai tirou uma caixa comprida com um colar de prata a condizer, do qual pendiam três diamantes, também em forma de lágrima. – Eram da tua mãe. Usou-os no dia do nosso casamento.

Iolanthe acariciou os diamantes do colar com reverência.

– Obrigada, papá – murmurou, com a voz entrecortada por causa da emoção.

O pai pigarreou, visivelmente incomodado.

– Só estava à espera do momento adequado para to dar. É o teu primeiro baile.

Iolanthe pôs os brincos e virou-se de costas para o pai.

– Pões-me o colar?

– Claro. – O pai pôs-lho e, quando Iolanthe se virou para ele, pôs as mãos nos seus ombros e disse: – O Lukas vai acompanhar-te e cuidar de ti.

Iolanthe vira várias vezes Lukas Callos, o diretor do departamento técnico da empresa do pai, e a ideia de passar toda a noite com um tipo tão rígido fez com que ficasse atónita.

– Pensava que me acompanharias.

– Tenho assuntos de trabalho para tratar. – O pai recuou e observou-a novamente com uma expressão severa. – Se permito que vás a este baile é porque já és suficientemente crescida e porque já está na hora de procurares um marido. O Lukas seria uma boa escolha.

«O Lukas?» Iolanthe não conseguia imaginar algo pior. No entanto, a julgar pelos dentes cerrados do pai e pela expressão inflexível do olhar, soube que não era o momento de discutir com ele. Por isso, apesar da faísca de rebeldia que crescera no seu interior, assentiu em silêncio. Porém, era o seu primeiro baile, talvez o único a que poderia ir antes de se casar, e não tinha intenção de passar toda a noite, e muito menos o resto da sua vida, com um homem como Lukas Callos.

 

 

Alekos Demetriou entrou na sala de baile, iluminada por lustres de cristal, olhando, sem interesse, para os homens vestidos de smoking e para as mulheres com joias que deixava para trás. A flor e nata da sociedade ateniense estava naquele baile, o primeiro grande evento da temporada.

Há um ano, o seu nome não teria figurado na lista exclusiva de convidados; era um desconhecido. Contudo, agora, depois de anos de contrariedades, estava finalmente a começar a abrir caminho e a fazer um nome no mercado.

Tirou uma taça de champanhe da bandeja de um empregado que passava e passeou o olhar pela sala com os olhos semicerrados, procurando o rosto sorridente do seu inimigo. Talos Petrakis, o homem que lhe arrebatara tudo, mostrava sempre uma fachada falsa de homem de negócios benévolo e afável.

Só de pensar nele, Alekos sentiu um nó no estômago. Ao princípio, depois da traição vil de Petrakis, lutara contra a raiva e a dor que o tinham embargado, mas, depois, apercebeu-se de que podia canalizar essas emoções destrutivas e usá-las em seu benefício.

Durante os últimos quatro anos, não parara de trabalhar para criar um nome e afiançar-se no mercado. E conseguira. Tinha vinte e seis anos e era presidente da sua própria empresa, uma empresa que estava a crescer rapidamente.

Finalmente, chegara a um ponto em que podia começar a pensar em levar a cabo a sua vingança contra o homem que lhe roubara tudo. Reencontrar-se cara a cara com Petrakis depois daqueles quatro longos anos seria o primeiro passo e era por isso que estava ali. No entanto, não o via.

Nesse momento, algo chamou a sua atenção pelo canto do olho e, ao virar-se, viu, ao fundo da sala de baile, uma jovem bela. A sua figura esbelta estava tapada por um vestido branco com enfeites de pedraria e escondia os seus olhos por trás de uma máscara veneziana, como se indicava no convite. Supostamente, era um baile de máscaras, mas a maioria dos cavalheiros ignorara esse requisito.

A jovem mexeu-se e Alekos admirou os reflexos que a luz arrancou do seu cabelo preto. Era encantadora e possuía um ar de pureza que a distinguia das outras convidadas que, com ares estudados de aborrecimento, circulavam pela sala.

A jovem observava tudo com os olhos esbugalhados, como se estivesse fascinada, mas estava quase colada à parede, talvez por timidez. Sentindo curiosidade, Alekos encaminhou-se para ela. Não sabia quem era, mas estava decidido a descobrir.

 

 

Iolanthe estava de pé junto da parede, segurando a sua máscara, enfeitada com penas e pequenos cristais às cores. Conseguira fugir de Lukas quando uns empresários se tinham aproximado dele e não tinha o menor desejo de ser encontrada. Já suportara algumas danças com Lukas naquela noite e, se conseguisse evitá-lo, não dançaria mais com ele. Suavam-lhe as mãos, mexia-se como se fosse um robô, balbuciava quando falava e o seu único tema de conversa era a informática.

Bom, consolou-se, pelo menos, as músicas que tinham dançado tinham sido lindas e, enquanto se mexiam pela sala de baile, a saia do vestido fizera-a sentir-se realmente como uma princesa.

E talvez voltasse a dançar, mas com outro homem. Com alguém que fosse capaz de olhar para ela nos olhos e ter uma conversa normal. Imaginou um cavalheiro atraente a avançar para ela com decisão, fogo no olhar e os lábios curvados num sorriso sensual enquanto lhe estendia a mão…

Uma onda de calor invadiu-a e riu-se, divertida e envergonhada com aquela fantasia de adolescente. O mais provável era que passasse o resto da festa ali, a esconder-se de Lukas.

– Boa-noite!

Iolanthe ficou tensa quando, de repente, uma sombra se abateu à frente dela. A voz que falara era aveludada, firme e estranhamente sensual. O seu cérebro atordoado demorou um instante a compreender que se dirigia a ela.

– Boa-noite.

Pestanejou e estudou o desconhecido através das fendas da máscara. Era alto e tinha um ar misterioso, como que tirado de uma das suas fantasias ingénuas. Mediria mais de um metro e oitenta e o smoking que usava realçava os seus ombros largos e o seu peito impressionante. Os seus olhos, quase ambarinos, estudavam-na, pensativos, e os lábios, tão perfeitamente definidos como os de uma estátua grega, curvaram-se num sorriso atrevido.

Iolanthe sentia-se como se tivesse caído dentro de uma toca profunda de coelho, como a protagonista de Alice no País das Maravilhas, como se, de repente, estivesse numa realidade alternativa e surreal.

– Vi-te de longe – disse o homem –, e decidi que tinha de me aproximar para te conhecer.

– A sério?

Iolanthe contraiu o rosto devido ao tom de surpresa com que falara, mas o homem limitou-se a sorrir e, na sua face, apareceu uma covinha que o fez parecer menos formidável.

– A sério – afirmou ele. – Pareceu-me que estavas a divertir-se, a observar todos deste canto.

– Nunca tinha vindo a um baile – admitiu ela.

E, assim que disse essas palavras voltou a contrair o rosto, pois devia parecer muito jovem e tonta depois dessa confissão.

– Talvez possas dizer-me o teu nome – sugeriu ele.

– Ah, sim, é claro! – Atordoada, apressou-se a apresentar-se. – O meu nome é Iolanthe. E o senhor é…?

– Alekos. Alekos Demetriou. Mas, por favor, trata-me por tu – replicou, com um sorriso. – Apetece-te dançar? – perguntou, estendendo a mão.

– Bom… eu…

Iolanthe recordou as instruções rígidas que o pai lhe dera de que devia comportar-se devidamente e ficar junto de Lukas. Porém, que mal poderia fazer uma dança? Tinha o resto da sua vida para ser a filha e esposa obediente que se esperava que fosse. A faísca de rebeldia que crescera no seu interior há horas ressurgiu nesse momento.

– E então? – insistiu Alekos, divertido, arqueando uma sobrancelha, com a mão ainda estendida.

– Sim – afirmou, com firmeza. – Adoraria dançar.

 

 

Alekos sentiu um formigueiro quando Iolanthe pôs a mão na dele e um desejo repentino aflorou no seu interior. Não sabia se aquilo era uma boa ideia. De facto, já começava a arrepender-se de ter começado a conversar com aquela jovem assim que se apercebera de como era jovem e ingénua.

Os seus olhos cinzentos observaram-no, esbugalhados, quando a puxou para ele e compreendeu que ela também sentira essa rajada de desejo que o perturbara. O seu trabalho não lhe dera tempo para muita vida social e, durante os últimos anos, a sua vida amorosa limitara-se a relações curtas ou de uma só noite com mulheres experientes que também não procuravam algo sério. E, certamente, Iolanthe não entrava nessa categoria. «Só uma dança», pensou e, depois, despedir-se-ia dela com um sorriso e afastar-se-ia.

A orquestra começou a tocar uma nova melodia. Já na pista, puxou Iolanthe para ele. Os olhos dela brilhavam e as suas curvas suaves moldaram-se ao corpo dele quando a puxou e começaram a mexer-se ao compasso da música.

O suor enchia-lhe a testa e o desejo corria pelas suas veias. O seu corpo nunca reagira desse modo com uma mulher e não pôde evitar interrogar-se: «Porquê esta rapariga? Porquê agora?»

Era bonita, sim, e encantadora, embora fosse demasiado jovem e um pouco tímida. Tinha uma cara linda e gostava da franqueza que via nos seus olhos. No entanto, sentir-se daquela forma… Imaginar-se a tirar-lhe os ganchos para soltar o seu cabelo cor de azeviche, a beijá-la, a encostar as ancas contra as dela… Praguejou em silêncio. A última coisa que precisava era de atirar mais lenha para a fogueira, imaginando coisas assim. Esboçou um sorriso educado e perguntou:

– Diz-me, Iolanthe, vives aqui, em Atenas?

– Não. O meu pai tem uma casa aqui, na cidade – respondeu ela, levantando a cabeça para sorrir –, mas eu vivi sempre no campo.

Ainda segurava a máscara à frente do rosto, uma defesa que, sem dúvida, a fazia sentir-se mais segura. A outra mão estava apoiada no seu ombro, mas muito levemente, como se até tivesse vergonha de se agarrar a ele enquanto dançavam. Ele tinha as dele na cintura dela e, através do cetim fino do vestido, conseguia sentir o calor do seu corpo.

– No campo? – repetiu, decidido a afastar o desejo.

– Na villa do meu pai – esclareceu ela.

– Ah…

Uma herdeira jovem e rica que, como costumava acontecer nesses casos, os pais mantinham fechada numa jaula de ouro até chegar o momento de a casar com o pretendente adequado.

A gargalhada de Iolanthe surpreendeu-o.

– Sim, é tão aborrecido como parece – comentou a jovem, com humor. – Fui praticamente criada numa redoma de vidro e suponho que, agora, devas estar a pensar que isso me torna uma pessoa aborrecida.

– Claro que não – replicou ele. – Parece-me refrescante.

– Dito assim, parece um copo de água.

– Ou uma taça do melhor champanhe – replicou ele. Mas o que estava a fazer? Porque estava a seduzi-la? Parecia que, por algum motivo, não conseguia evitá-lo. – E diz-me, vais voltar para o campo?

– Receio que sim, embora adorasse poder ficar em Atenas – murmurou ela, com um olhar distante. – Gostaria de poder fazer algo diferente. – Um suspiro escapou dos seus lábios. – Sinto-me como se tivesse passado a vida à espera. Alguma vez te sentiste assim?

Levantou o olhar para ele e Alekos deu um salto ao ver a mesma tristeza e vulnerabilidade nos seus olhos que ele tanto se esforçava para esconder.

– Às vezes – admitiu. Durante os últimos quatro anos, a espera consumira-o. A vingança requeria paciência. – E estás à espera do quê?

– De um pouco de emoção – admitiu Iolanthe, imediatamente. – Aventura. Não tem de ser algo grande; não quero escalar montanhas nem nada do estilo – explicou, rindo-se. – Agora, deves estar mesmo a pensar que sou tola.

– Claro que não – garantiu ele. Só era jovem, sincera e estava cheia de esperança. Uma combinação surpreendentemente embriagadora. – Mas, diz-me, a que te referes com «aventura»?

– A algo que… Algo que faça com que a minha vida valha a pena. Ou, não sei, com que seja importante.

A voz de Iolanthe tornou-se decidida e apertara num punho a mão que apoiara no seu ombro. Alekos sentiu um impulso repentino de a proteger que não conseguia entender. O que importava que os seus sonhos frágeis acabassem destruídos pela realidade dura? Uma vez, fora como ela e um golpe cruel deixara-o a cambalear durante anos.

– Importante? – repetiu.

Tinha vontade de ouvir a sua gargalhada e de beijar os seus lábios doces.

– Bom, não é que queira ser alguém importante. Isso não importa. Mas quero fazer algo que mude a vida de outra pessoa, mesmo que seja algo pequeno. Quero viver, não ver os outros a viver. – Riu-se novamente, mas, daquela vez, a gargalhada estava tingida de resignação amarga. – Mas de que serve sonhar? Provavelmente, dentro de uns anos, serei apenas «a esposa de» e não farei nada de nada.

Embora tivesse chegado à mesma conclusão, por algum motivo, não gostou de a ouvir a dizê-lo.

– Porque dizes isso?

Ela levantou a cabeça para olhar para ele. Os seus olhos já não brilhavam e tinha os dentes cerrados.

– Tenho vinte anos e o meu pai tem intenção de escolher um marido para mim. A única razão por que estou nesta festa é para conhecer possíveis pretendentes de acordo com a minha posição. – Quase cuspiu aquelas palavras.

– E tens algum em mente? – inquiriu Alekos, detestando a ideia.

– Talvez. – As feições de Iolanthe ficaram tensas, antes de desviar o olhar. – Mas gostaria de poder ter voto na matéria.

– Devia ser assim.

– Não sei se o meu pai estaria de acordo nisso. – Iolanthe deixou escapar um suspiro cansado, demasiado cansado para alguém tão jovem. Tinha toda a vida pela frente, uma vida que devia estar cheia de possibilidades. – Mas vamos falar de outra coisa. Não quero pensar nisso agora, não quando talvez esta seja a única oportunidade que tenho de me divertir na companhia do homem mais bonito da festa – concluiu, com um sorriso coquete.

Os seus olhos brilhavam com humor. Estava a seduzi-lo descaradamente e isso arrancou um sorriso a Alekos.

– Devo parecer tonta – acrescentou Iolanthe, rindo-se –, aqui, a tagarelar a respeito de fazer coisas importantes e melhorar a vida dos outros.

– Isso não tem nada de tonto. Acho que é o que todos gostaríamos: Deixar um rasto no mundo, neste mundo.

– E tu? – perguntou ela, olhando para ele com curiosidade. – Como gostarias de deixar rasto nele?

Alekos hesitou.

– Conseguindo fazer com que a justiça prevaleça – disse, finalmente.