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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2002 Janece O. Hudson

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amores culpáveis, n.º 482 - dezembro 2018

Título original: Her Texan Tycoon

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-310-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Epílogo

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Capítulo Um

 

 

 

 

 

Smith Rutledge levantou os olhos do prato de massa para olhar uma mulher jovem que vestia calções e camisa larga. Levava um tabuleiro nas mãos e procurava uma mesa na cafetaria de Harling, Texas, que estava a abarrotar de gente.

«Bonitas pernas», foi a primeira coisa que pensou. Admirava o resto quando os olhos da jovem se cravaram nele.

Smith ia levantar-se para lhe oferecer lugar na sua mesa quando reparou que ela o olhava horrorizada.

– Tom! – gritou.

Naquele momento, empalideceu e desmaiou.

Um motard cheio de tatuagens tropeçou nela e caiu, deixando rolar o tabuleiro por cima dela.

A ruidosa cafetaria ficou repentinamente em silêncio. Smith levantou-se de um salto e correu a auxiliar a jovem.

O motard, coberto de molho de tomate, levantou a cabeça, perplexo.

– Que se passa?

– Acho que desmaiou. Chame o dono da cafetaria – murmurou Smith, tomando o pulso à jovem.

Estava pálida e o tabuleiro, na queda, fizera-lhe um corte no rosto.

O proprietário chegou logo em seguida, muito nervoso.

– Já chamaram uma ambulância. O que é que aconteceu, senhor Rutledge?

– Não sei, Juan. Desmaiou e o homem que vinha atrás dela caiu-lhe em cima. Está inconsciente.

Smith não acrescentou que ela desmaiara ao vê-lo, como se fosse Hannibal Lecter, o assassino de O Silêncio dos Inocentes. De facto, não era tão bonito como o seu irmão Kyle, mas não sabia que exercia aquele efeito sobre as mulheres.

– E quem diabo é esse Tom?

Pouco depois, chegou a ambulância e os paramédicos colocaram-na na maca, fazendo perguntas a que ele não podia responder. Não sabia o nome dela e muito menos se era diabética ou alérgica a algum medicamento.

Pegou na mala dela e procurou a carteira para ver se encontrava algum documento que a identificasse. Encontrou uma de cor castanha e, ao abri-la, ficou gelado.

A carteira da jovem desconhecida tinha uma fotografia sua. Não uma, mas várias. Mas não podia ser… Ele nunca tinha visto aquela rapariga em toda a sua vida. Mas ali estavam os dois juntos. Era absurdo.

– Temos que levá-la para o hospital. Como se chama?

Perplexo, Smith olhou para o enfermeiro que lhe tinha feito a pergunta.

– O quê?

– Como se chama esta jovem?

– Jessica O’Connor Smith. Chama-se Jessica O’Connor Smith. Vou convosco.

– Não pode vir na ambulância.

– Então sigo-vos no meu carro.

Smith guardou a carteira e, com a mala na mão, saiu de trás da maca.

 

 

Estava sentado na sala de espera, mas como os nervos não o deixavam estar quieto, levantou-se para dar uns passos. Já ali estava há uma hora. Tinha tentado entrar no gabinete médico, mas a enfermeira, a quem pouco importavam os donativos que tinha feito ao hospital, bloqueou-lhe a entrada.

– Tenho ordens de que ninguém deve incomodá-la. O médico falará consigo quando acabar de a observar.

– Mas está a perder tempo – murmurou Smith para si mesmo.

Estava, sem dúvida, preocupado com a jovem, mas estava sobretudo preocupado pelo que tinha visto na sua carteira.

Nervoso, voltou a sentar-se numa cadeira de plástico e olhou para as fotografias de novo. Devia já tê-las olhado uma dezena de vezes desde que chegara ao hospital. Como era possível? Não se lembrava de ter visto aquela ruiva em toda a sua vida.

Uma vez, há muitos anos atrás, embebedara-se com tequilla com os amigos e acordou dois dias mais tarde, confuso e com os bolsos vazios, num hotel de Matamoros. Mas só tinha acontecido uma vez e aprendeu a lição.

Desde essa altura que, excepto uma cerveja ou um copo de vinho às refeições, não sabia o que era beber.

Com o rosto franzido, estudou a fotografia de Jessica O’Connor Smith. Uma rapariga bonita com um sorriso cinematográfico. Não teria esquecido uma rapariga como ela. Na fotografia tinha o cabelo mais curto, mas era a mesma mulher.

Jessica O’Connor Smith, Elm Street, número 28, Bartiesville, Oklahoma, constava no seu bilhete de identidade.

Smith nunca estivera em Bartiesville.

Encontrou ainda um cartão de crédito, um cartão de uma biblioteca e vinte e oito dólares em dinheiro.

Na mala havia todo o tipo de bugigangas, mas nada que lhe desse pistas sobre ela. Nem agenda, nem cartas, nada de pessoal.

O apelido O’Connor seria de solteira ou de casada? Não possuía aliança. Nem sequer tinha qualquer marca que indicasse já a ter usado.

Provavelmente era uma turista, uma entre os muitos visitantes que deixavam para trás o frio para desfrutar da temperatura quente de Rio Grande.

Smith telefonou para Bartiesville para localizar a família da jovem, mas a telefonista informou-o de que não constava ninguém naquele endereço com o nome de O’Connor Smith. Que esquisito! Talvez o seu número fosse confidencial e não constasse na lista telefónica.

– Senhor Smith?

Ele levantou os olhos.

– Sou Rutledge.

– Desculpe. Pensei que o apelido da doente era Smith – desculpou-se um homem de bata branca. – O senhor não é o marido?

– Não, sou… um conhecido.

– Ah, claro, o senhor é Smith Rutledge, da empresa de informática Smith, S.A., não é verdade? Desculpe não o ter reconhecido, senhor Rutledge.

Era evidente que o médico estava mais impressionado com os seus donativos que a enfermeira que lhe negara o acesso ao gabinete.

– Como está a senhora Smith?

– Confusa e um pouco desnorteada. O corte no rosto não é grave, mas penso que fracturou o pulso. Estamos à espera do raio-X.

– Sabem porque desmaiou?

– Pelo que nos disse, parece que não tinha comido nada durante todo o dia e é possível que tivesse tido uma quebra de tensão. Estamos a fazer os exames médicos necessários, mas ficará boa.

– Está acordada? Posso vê-la?

– Ainda não, senhor Rutledge. A enfermeira informá-lo-á logo que possa entrar. Quer tomar um café enquanto espera?

Smith negou com um gesto de cabeça e dispôs-se a dar mais umas voltas na sala.

Passou mais de uma hora até que a enfermeira foi buscá-lo à sala de espera.

– Temos problemas, senhor Smith.

– Rutledge.

– Ah, desculpe. O médico insistiu em que ela deve passar aqui a noite, mas ela não quer. Explicou que não pode pagar os cuidados médicos neste hospital… Mas não pode ir-se embora. Está sob o efeito do sedativo e tem o braço engessado. Não pode conduzir assim… O senhor pode fazer alguma coisa?

Smith levantou-se.

– Posso tentar.

A jovem que encontrou no gabinete médico não se parecia muito com a que tinha visto na cafetaria, nem a agitada doente que a enfermeira descrevera. Tinha um penso no rosto e gesso no braço esquerdo, desde o pulso até ao cotovelo.

Mas dormia que nem uma menina.

Com o rosto pálido na almofada e as pálpebras fechadas, parecia tão frágil… qualquer coisa no seu aspecto vulnerável lhe tocou o coração. Sem saber porquê, sentiu desejo de a proteger.

– Senhora Smith, senhora Smith… – a outra mulher tentava acordá-la. – Preciso de saber se tem seguro médico. Qual é o seu endereço? Senhora Smith, preciso do telefone de algum familiar seu…

– Deixe-a em paz – interrompeu ele.

– Mas tenho de saber quem vai pagar os tratamentos.

– Eu pago – disse Smith, tirando o cartão de crédito da carteira. – Envie a factura para o meu escritório. E agora saia.

A mulher olhou-o, indignada.

– Desculpe, mas estou apenas a fazer o meu trabalho.

Ele passou uma mão pelo rosto.

– Com certeza. Desculpe.

Smith ficou a olhar para a jovem adormecida, tentando conter o desejo de a acordar. Tinha muitas perguntas para lhe fazer, mas não era o momento indicado.

– Julgo que o sedativo está finalmente a fazer efeito – suspirou a enfermeira. – Levá-la-emos para a enfermaria dentro de alguns minutos.

– Levem-na para um quarto onde fique sozinha.

– Mas eu não tenho autorização…

Smith deu-lhe um cartão-de-visita.

– Chame o director, por favor. Diga-lhe que quero falar com ele agora mesmo.

Se Jessica O’Connor Smith ficasse no hospital essa noite, ele ficaria também. Não pensava separar-se daquela mulher até que conseguisse respostas.

Depois de falar com o director, Jessica foi transportada para um quarto individual nos serviços de traumatologia e, esperando que ela despertasse para a questionar sobre as fotografias, Smith sentou-se numa poltrona.

À meia-noite, já sabia de cor cada detalhe do seu rosto, até um pequenino sinal que tinha debaixo da sobrancelha esquerda. Era uma mulher atractiva, de traços fortes: maçãs do rosto elevadas, lábios generosos e uma covinha no queixo, ainda que não tão pronunciada como a sua.

De repente, ela começou a agitar-se e Smith pegou-lhe na mão, murmurando palavras tranquilizadoras. Naquele momento, pareceu-lhe a atitude mais natural do mundo. E a jovem agarrava-se à sua mão como se fosse um salva-vidas.

Voltou a comprovar que não tinha aliança… de facto, não usava jóia alguma, nem sequer tinha brincos nos lóbulos das orelhas.

A enfermeira tinha-lhe entregue o relógio dela para que o guardasse. Era um relógio barato com bracelete de plástico. Nenhum sinal que identificasse a sua proprietária.

Uns minutos antes, Smith tinha dado volta aos bolsos das calças para ver se continham qualquer objecto que lhe pudesse servir de identificação. Mas apenas encontrou um rebuçado e cinquenta cêntimos. Descobriu também que o número das calças era 38, o soutien, 34 e os ténis, 37.

A camisa era de tamanho extremamente grande e Smith perguntou-se se seria de algum homem. Do marido, talvez. Às duas e meia da manhã, Jessica moveu-se, inquieta. Parecia que estava a ter um pesadelo e os gemidos dela comoveram-no.

– Não aconteceu nada. Esteja tranquila, está tudo bem.

Então ela abriu os olhos e, ao vê-lo, sorriu.

– Tom, estás aqui – disse-lhe em voz baixa. – Deves ser um anjo.

Apertou-lhe a mão e voltou a adormecer.