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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2001 Skdennison, Inc.

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma nova vida, n.º 386 - junho 2018

Título original: Stormbound With a Tycoon

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-453-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

 

 

 

 

Jessica McGuire não sabia há quanto tempo estava a dormir, quando foi acordada. Abriu os olhos apenas o suficiente para ver a luz fraca de uma madrugada tempestuosa. Então, um braço forte enlaçou a sua cintura, causando-lhe um grande susto. Em seguida, um corpo encostou-se ao seu. Era forte, sem dúvida, masculino e, para piorar tudo, estava nu.

Imobilizou-se por completo. O medo tomou conta dela, por isso levantou-se da cama e vestiu a sua maior camisa. Em seguida, saiu a correr em direcção à porta do quarto.

Virou-se ligeiramente para olhar para trás e sentiu-se aliviada, interrompendo a sua fuga. Mesmo tendo ele a maior parte do rosto escondido na almofada, era óbvio que o estranho se encontrava profundamente adormecido.

Jessica mordeu o lábio, sem saber o que fazer. Depois, com cautela, aproximou-se novamente da cama, tentando ver melhor quem estava deitado nela. Parecia-lhe que alguma coisa lhe era familiar naquele rapaz. Fosse como fosse, não lhe parecia ser uma ameaça imediata.

Tentou acender a luz da mesa-de-cabeceira, mas a electricidade ainda não tinha sido reinstalada e a casa continuava às escuras. Sempre que uma tempestade vinha do oceano Pacífico, as interrupções no fornecimento de electricidade eram comuns naquela parte da Península Olímpica, por isso não tinha ficado preocupada.

Além do mais, estava tão cansada que apenas passara pela sala e subira para os seus aposentos, sem se importar com mais nada. Tirara as roupas e deitara-se, adormecendo logo em seguida.

Contudo, naquele momento, tudo era diferente. Lançou mais um olhar ao desconhecido, que dormia, e, com cuidado, baixou-se e apanhou as peças de roupa que deixara espalhadas aqui e ali.

Pretendia acordá-lo e mandá-lo sair dali o mais depressa possível, porém, para fazer isso, primeiro precisava de se vestir.

Pegou na última peça de roupa e preparava-se para sair, quando percebeu que ele acordara e estava a olhar para ela.

Susteve a respiração, com um ar assustado, enquanto o rapaz a examinava, com um muito leve sorriso de malícia no seu semblante. Jessica percebeu de imediato que ele era bastante atraente, no entanto o seu temor era maior do que qualquer outra coisa.

Dylan Russell fora acordado do seu sonho, no qual uma bela rapariga repousava a seu lado, nua. E, agora, acordado, era como se estivesse diante dessa mesma mulher e dava-lhe um prazer imenso observá-la por inteiro, apreciando as pernas bem torneadas, os cabelos revoltos, o rosto suave, os olhos inquietantes…

O reconhecimento repentino causou-lhe um arrepio na espinha. Aquela era Jessica McGuire, a irmã do seu melhor amigo! Naquele momento, apercebeu-se de como ela mudara nos anos em que não a vira, pois deixara de ser a adolescente magricela de antes. Procurou disfarçar que gostava do que via e comentou, um pouco rouco, devido ao sono:

– Bom, bom, pequena Jessica McGuire… Parece que cresceste bastante desde que te vi pela última vez!

– Dylan?! – exclamou ela, surpreendida. – Dylan Russell?! És mesmo tu?!

– Em carne e osso! – tapou-se melhor, para esconder a sua nudez, e isso embaraçou-a.

Jessica orgulhava-se de ser uma mulher independente, trabalhadora e muito recta. Portanto, acordar naquela situação, ao lado de um homem nu, nada tinha a ver com o seu estilo normal de vida. Não tinha a certeza, porém achava que Dylan estava a divertir-se com o que se estava a passar e isso irritou-a. Era como se estivesse a apreciar o seu desconforto.

– Pareces achar tudo isto muito engraçado.

Dylan riu-se.

– E não é, Jessica?

– Não, não é. Como é que entraste aqui? Não havia nenhum carro lá fora, quando cheguei. Como é que entraste, se a porta estava trancada?

– Uma resposta de cada vez, está bem? – acomodou-se melhor. – Tu, com certeza, não colocaste o teu carro na garagem. Se o tivesses feito, terias visto o meu.

– Não. Parei o mais perto possível da porta, para não ter de correr, para fugir à chuva.

– Estou a ver. Quanto ao facto de eu ter entrado… é porque possuo a chave.

– Ai sim?

– Sim. O Justin deu-me as chaves e disse-me que eu podia usar a casa durante algumas semanas.

Jessica estava confusa.

– O Justin ofereceu-te a chave da nossa cabana? Mas o meu irmão não me disse nada acerca disso…

Ela sentia-se cada vez menos à vontade. Apercebia-se do olhar malicioso de Dylan sobre si e isso provocava-lhe arrepios.

– Se calhar ele pensava que ias estar em Nova Iorque durante três semanas.

– É verdade… Nova Iorque – ela parecia entender agora. Afinal, devia estar lá e não numa casa nas montanhas, do outro lado do país.

Fora em Nova Iorque que estivera até à véspera, quando apanhara um voo de regresso a Seattle depois do seu projecto ser adiado.

– Bom, acho melhor acabar de me vestir, enquanto tu sais da minha cama, já que me parece evidente que não podes continuar aí.

Dylan encarou-a, durante alguns segundos. Ajeitando-se melhor entre os cobertores, indagou:

– E porque não?

– Porque não?! Parece-me muito claro: eu não estou em Nova Iorque e tu estás na minha cama!

– Eu entrei no primeiro quarto que encontrei.

– Bom, pois este quarto é o meu. O outro é do Justin.

– Está bem. Acho que preciso de um café – Dylan esticou-se para pegar nas calças que deixara sobre uma cadeira. Porém, interrompeu os seus movimentos, olhou para ela e perguntou: – Podias, por favor, virar-te de costas? Ou pretendes ficar aí, a segurar nas tuas roupas?

– Este é o meu quarto! Tu é que devias…

No entanto, Jessica não disse mais nada, percebendo que Dylan concordava com ela.

– Muito bem – concordou, então, apressada, saindo dali e dirigindo-se à casa de banho. Pôde ainda ouvir a gargalhada dele, quando fechou a porta.

Jessica sentou-se na beira da banheira, a pensar. Não sabia se continuava irritada ou se começava a achar tudo aquilo muito engraçado. Contudo, a irritação prevalecia.

Não era a primeira vez que Dylan a aborrecia, que usava o seu ar traquina para a fazer sentir-se embaraçada. A sua memória escolheu aquele instante para a levar de regresso ao passado, quando tinha dezasseis anos.

Justin trouxera Dylan para casa, nas férias do Verão, e, ao contrário do que acontecera no ano anterior, quando ela era uma adolescente que se apaixonara por ele, perseguindo-o, tentando ganhar a sua atenção, nesse Verão a situação invertera-se e Dylan fizera o papel de namorado apaixonado.

Jogava às cartas com ela, perguntava-lhe se queria almoçar fora. Chegara, mesmo, a comprar-lhe um ursinho de pelúcia para aumentar a sua colecção. Animada com todas aquelas provas de amor, Jessica vestira-se e maquilhara-se com esmero, para sair com um rapaz de vinte anos que frequentava a faculdade e pelo qual sentia uma atracção forte.

No entanto, o almoço não fora o encontro romântico com que sonhara. Havia um grupo de doze pessoas e ela era a única que se tinha vestido de uma forma formal. Para piorar a situação, Dylan tinha levado outra rapariga… Jessica sentira-se ridícula, humilhada. Jamais se esquecera daquele incidente, embora reconhecesse que Dylan nada fizera para a magoar, sendo apenas educado ao querer que ela participasse no jantar do grupo. Ouvira o que quisera ouvir e não o que ele, de facto, dissera.

Todavia, fora um acontecimento tão traumático que nunca mais o esquecera.

Agora, tudo fazia parte do passado. Tornara-se uma mulher madura, inteligente e tinha trinta e um anos. Não se deixaria encantar por um homem, por mais sensual que fosse, mesmo que tivesse doces olhos verdes e um sorriso maravilhoso como o de Dylan.

Pelo que o seu irmão lhe contara, o estilo de vida de Dylan não o deixaria espantado por acordar com uma rapariga ao seu lado. O que estaria ele a fazer ali? Dylan não era homem para se isolar numa casa nas montanhas, ainda mais sem uma companhia feminina. Tudo o que Jessica sempre ouvira a seu respeito era que ele era um homem charmoso, um Dom Juan que tinha casos sucessivos com diferentes mulheres, sem, no entanto, manter uma relação fixa.

Levava uma vida tranquila, sem raízes, sem compromissos nem responsabilidades. Assim sendo, devia apreciar o requinte e o conforto de hotéis luxuosos. Mais uma vez, perguntava-se o que é que ele estaria a fazer ali.

Então, uma ideia ocorreu-lhe, deixando-a ainda mais perplexa: e se Dylan estivesse ali à espera de alguma namorada? Sentiu-se zangada, porém procurou controlar-se. Afinal, a intimidade dele não lhe interessava.

Mesmo tendo sempre achado fascinantes as histórias que o seu irmão contava sobre Dylan, sabia muito bem que de nada adiantaria interessar-se por alguém como ele, mesmo sendo tão sedutor. Sabia muito bem que os homens como ele costumavam ser belos por fora, contudo nada tinham de interessante por dentro. Fora casada com um homem lindo, que tinha o péssimo hábito de frequentar camas alheias. Não queria passar pelo mesmo tormento outra vez.

Bom, naquele momento, o que havia de melhor para fazer era vestir-se.

 

 

Jessica não era a única que recordava o passado. Dylan olhava para a porta aberta do quarto, pensando em Jessica e em como sempre achara divertido deixá-la furiosa.

Ainda mais porque, agora, ela era muito mais intrigante do que no passado. Justin dissera-lhe que a sua irmã era uma rapariga organizada, racional, que sabia o que queria e que tinha os pés muito bem assentes na terra. Sem dúvida, bem diferente das raparigas com quem Dylan saía.

O que Justin jamais mencionara era no que a sua irmã adolescente se transformara, vindo a tornar-se uma mulher belíssima.

Era estranho pensar nisso, porém onde estivera Jessica McGuire, quando a sua vida se tornara amarga, o seu mundo começara a ruir e precisara tanto de uma mulher assim?

Meneou a cabeça, lembrando-se, mais uma vez, de que ela era irmã do seu melhor amigo e que devia ser cuidadoso ao referir-se a Jessica. Não podia ver aquela jovem bela e inteligente, madura, segura de si e com um futuro muito bem traçado como uma provável companheira de cama. Porém, a imagem de Jessica, aos pés da cama, atónita e quase despida, era sedutora demais e agitava todos os seus sentidos. Decidiu levantar-se, então, afastou os cobertores e vestiu as calças.

Parou, entretanto, no primeiro degrau da escada, de onde podia ver Jessica na cozinha. Ela parecia estar aborrecida. Estava parada, a olhar para alguma coisa.

Dylan aproximou-se por trás, tentando ver o que a perturbava, e indagou:

– Passa-se alguma coisa?

O som da sua voz, tão próximo, causou nela um sobressalto. Jessica voltou-se, assustada, e viu que estavam muito perto um do outro. E assim permaneceram, por segundos que pareceram durar mais do que o normal, encarando-se, até que Jessica, prudente, se afastou.

– Aconteceu alguma coisa?

– Sim, Jessica. Estás a olhar tão séria para o fogão… O que é que se passou?

Ela continuou a afastar-se, mas teve de parar, quando as suas ancas tocaram no balcão do lava-loiça.

– O que é que se passou… – tornou a repetir, sentindo-se uma idiota por ficar a falar como um papagaio. Depois, juntando toda a sua força, disse: – Não há gás, não temos água quente e a lareira da sala não quer acender.

– Bom, ontem, eu não usei água quente, nem tentei acender a lareira nem o fogão, quando cheguei. Fui directamente para a cama. Ia ler um bocadinho, mas não havia luz por causa da tempestade…

– É estranho… a botija foi mudada na semana passada… – olhou para o tecto, ouvindo os pingos de chuva a tornarem-se mais intensos. – Bolas! Parece que não temos alternativa, a não ser apanharmos chuva para vermos o que é que aconteceu.

– E onde é que está a botija?

– Atrás da garagem.

Dylan observou a vidraça sobre o lava-loiça.

– Está a chover muito, Jessica. Deixa que eu vou. Tu ficas aqui dentro.

– Não. Posso tomar conta de mim mesma sozinha, obrigada.

– Eu não disse que não eras capaz. Só me ofereci para fazer o trabalho.

Jessica foi até ao cabide que estava ao lado da porta e pegou num casaco que estava pendurado.

– Não, tu não te ofereceste. Comunicaste-me o que ias fazer, isso sim – enfiou os braços nas mangas, ergueu a gola e girou a maçaneta. Parou por instantes, lançando um olhar frio em direcção a Dylan. – Não preciso da tua ajuda – e saiu.

Ao andar, sentindo as gotas frias, Jessica imaginava se não teria sido demasiadamente dura. Contudo, já não podia voltar atrás.

Dylan fitava-a da entrada da cozinha e estava zangado com a atitude dela. Não estava habituado a ser tratado daquela maneira, em especial por uma bela mulher. Também não costumava contactar com raparigas independentes, que sabiam, inclusive, o que fazer quando a botija de gás…

Foi atrás dela, alcançando-a na garagem, e viu Jessica a baixar-se para verificar se a ligação da mangueira estava correcta.

Jessica apercebeu-se da sua presença e, colocando as mãos sobre os olhos, para os proteger da chuva, disse:

– Não há problemas com a válvula, mas está fechada.

Abriu a alavanca da válvula para libertar o fluxo de gás e virou-se em direcção à casa, porém Dylan não se afastou da sua frente.