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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Helen Brooks

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Rendida ao milionário, n.º 1263 - abril 2018

Título original: Sweet Surrender with the Millionaire

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-280-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

Tinha conseguido. Finalmente pertencia-lhe. Um lugar onde, depois de todos os factos traumáticos e tristes dos últimos anos, Willow Landon poderia, por fim, isolar-se de tudo e refugiar-se no seu próprio mundo. Não teria de responder perante ninguém. Não lhe importava que demorasse anos a pôr a sua nova casa em ordem. Podia fazê-lo ao seu ritmo, tratar disso durante as tardes e os fins-de-semana. Além disso, se a casa estivesse pronta a habitar, ela jamais teria podido comprá-la.

Lançou um suspiro de satisfação e soltou uma gargalhada de felicidade. Voltava a controlar a sua própria vida e não ia voltar renunciar à sua independência, nunca mais.

Contemplou a sala pequena e vazia como se com as tábuas do chão e o papel de parede a cair fosse um palácio. Dirigiu-se às portas que davam para o jardim, cujos vidros estavam partidos e a pintura rachada, viu a erva espessa que era o seu jardim. As ervas daninhas e a hera cobriam tudo, por isso era impossível ver a relva ou caminhos, mas pareceu-lhe ver um pequeno abrigo ao fundo do jardim que o agente imobiliário lhe dissera que tinha quase mil metros quadrados.

Fechou os olhos e imaginou como seria quando tivesse acabado de o arranjar. As rosas e as madressilvas cobririam as paredes de pedra. Havia bancos e um baloiço. Uma pequena fonte verteria as suas águas cristalinas num lago. Haveria flores de todos os tipos e cores por toda a parte. Além disso, criaria a sua própria horta. No entanto, estes planos teriam de esperar. De momento, limitar-se-ia a limpar um pouco o terreno dado que o mais urgente era ocupar-se da casa. Isso levaria a maior parte da sua força, da sua paciência e dos seus recursos económicos. Com as duas primeiras coisas já contava. Em relação à terceira teria de esperar para ver o que conseguia poupar mês a mês depois de pagar a hipoteca e as contas.

O seu telemóvel começou a tocar. Tirou-o do bolso das calças de ganga e suspirou ao ver o nome da pessoa que lhe ligava.

– Olá, Beth – disse, com um tom de voz deliberadamente alegre.

– Willow, acabo de ligar para casa e uma das raparigas disse-me que te mudaste hoje. Não posso acreditar que não nos disseste que era este fim-de-semana. Sabes que Peter e eu queríamos ajudar-te.

– Eu já vos disse que nem pensar estando tu grávida de sete meses. Além disso, vocês ainda não acabaram de se instalar – replicou Willow.

Beth e o marido tinham-se mudado para a sua nova casa há pouco mais de duas semanas.

– Tive muita gente a oferecer-se para me ajudar, mas não é necessário. Diverti-me a limpar e a ordenar as coisas ao meu ritmo. Tenho uma cama e alguns móveis que me vêm trazer esta tarde. Como há tanto que fazer por aqui, não quero comprar muitas coisas para não ter mais trabalho a mudar tudo à medida que vou limpando e arrumando a casa.

– Mas fazeres a mudança sozinha… Bom, tens comida para o fim-de-semana?

Antes que Willow pudesse responder, ouviu que alguém falava com Beth.

– Peter está a dizer que me comporto como se tivesses oito anos em vez de vinte e oito. Mas não é verdade, pois não?

Willow sorriu com tristeza. Adorava a sua irmã e, desde que os seus pais tinham morrido num acidente de automóvel há cinco anos, uniram-se ainda mais. No entanto, tinha de admitir que sentia um profundo alívio pelo facto de Beth ir ter um bebé para se ocupar. Com trinta anos, Beth tinha idade mais do que suficiente para ser mãe.

– É claro que não – mentiu. – Olha, tirei uns dias de férias. Vou visitar-te mais cedo.

– Incrível. Vem na segunda-feira e fica para jantar.

Uma vez mais, Willow suspirou. O escritório de planeamento em que trabalhava desde que deixara a universidade ficava muito perto da nova casa de Beth e não muito longe da que Willow tinha partilhado até àquele dia com as suas três amigas. Esta casa, pelo contrário, estava a mais de uma hora de distância de carro. A última parte do trajecto era feita por uma estrada municipal cheia de curvas. Enquanto não conhecesse bem o caminho, preferia conduzir até casa enquanto ainda era de dia. Como já estavam no fim de Setembro, as tardes tinham-se ido tornando mais curtas. No entanto, se sugerisse a Beth um almoço em vez de um jantar, perderia um dia completo de trabalho em casa.

– Boa ideia – disse. – Levo a sobremesa, mas não será caseira. Lamento.

Estiveram a conversar mais uns instantes. Quando a conversa acabou, Willow sentou-se nos degraus que davam para o jardim e respirou o ar quente da manhã com o rosto levantado para o sol. O dia estava maravilhoso, o que parecia augurar um bom começo para a sua nova vida.

Aquilo era precisamente o que significava aquela casa: o começo da sua nova vida. O passado tinha ficado para trás. Não podia mudar o facto de que tinha cometido um erro com Piers, mas, depois de se livrar dele, o presente e o futuro pertenciam-lhe a ela. Dependiam dela. Há apenas uns poucos meses, só desejava que o mundo acabasse. A vida tinha perdido o significado e cada dia era apenas um inferno que devia superar antes de poder tomar um dos comprimidos que o médico lhe receitara para desligar um pouco. Então, lentamente, deixou de tomar os comprimidos que a ajudavam a dormir, voltou a comer, podia concentrar-se num programa de televisão ou ler um livro sem se recordar de Piers nem dos terríveis acontecimentos da última vez que estiveram juntos. Levou-lhe tempo, mas por fim conseguiu retomar a sua vida, comprar aquela casa e sentia-se muito feliz por isso. De facto, provavelmente tinha-a impedido de perder a razão. Fosse o que fosse, voltava a ser ela mesma, embora menos jovem e mais sábia.

Levantou-se e voltou a entrar em casa. O seu Ford Fiesta estava estacionado em frente ao pequeno jardim da entrada que, como o das traseiras, apresentava um aspecto descuidado. O carro estava cheio a transbordar com os seus pertences e uma caixa que continha artigos de limpeza e o novo aspirador que comprara no dia anterior. Tinha mais ou menos quatro horas antes que chegassem os seus escassos móveis e devia aproveitar cada minuto.

Quatro horas mais tarde, esvaziou o saco do aspirador pela milésima vez. Pelo menos, tinha conseguido retirar o pó que havia no chão e a maioria das superfícies estavam aceitavelmente limpas. A casa não era grande. Tinha uma sala, uma cozinha e uma casa de banho no andar de baixo e dois quartos no de cima. Junto da cozinha havia uma espécie de tanque onde a senhora idosa que vivera ali antes tinha armazenado o carvão e a lenha para o antigo fogão que havia na cozinha. No entanto, a instalação eléctrica tinha sido renovada há pouco tempo, o que era de agradecer tendo em conta tudo o que havia para fazer na casa.

A carrinha chegou finalmente e Willow ajudou o condutor a levar a cama e a cómoda para um dos quartos do andar de cima. Ali havia um armário embutido e por isso escolhera-o para ela. Um sofá de dois lugares, uma poltrona e uma mesa de café completavam o mobiliário. No seu carro estava a sua televisão e o microondas.

Naquela noite, quando se deitou, adormeceu assim que deitou a cabeça na almofada com a cabeça. Pela primeira vez desde que deixou Piers, não teve pesadelos. Quando acordou na manhã seguinte, o sol entrava pela janela, pois não tinha cortinas. Permaneceu um momento na cama, ouvindo como os pássaros cantavam no exterior e desfrutando da paz e da solidão. O apartamento que partilhara com as suas amigas ficava numa rua muito barulhenta, embora isso não fosse nada comparado com o ruído que havia no interior da casa a maior parte do tempo. E antes disso…

Sentou-se na cama. Não ia voltar a pensar nos anos que passara com Piers. Ia recomeçar. Podia fazê-lo. Sempre tivera uma grande força de vontade.

Passou os dois dias seguintes a limpar e a esfregar todas as divisões da casa. Quando chegou o momento de partir para ir jantar com a sua irmã, sentiu que tinha feito progressos suficientes para poder divertir-se sem remorsos. O interior da casa estava aceitável e, como o dinheiro não lhe permitia comprar mais móveis, decidiu que trabalharia no jardim durante o resto das suas férias.

Chegou a casa sem problemas depois de uma agradável noite com Beth e Peter e, no dia seguinte, começou a trabalhar no jardim. Quando chegou o fim-de-semana, tinha arranhões por todo o lado e doíam-lhe todos os músculos, mas limpara uma boa parte do seu terreno. Como no domingo o sol continuava a brilhar no céu, decidiu fazer uma fogueira. Afinal de contas, era isso que as pessoas faziam no campo.

Preparou uma base para a fogueira com pedaços de madeira que encontrou no jardim e jornais velhos e começou a empilhar as trancas e as ervas daninhas que tinha cortado até onde conseguiu chegar. Acendeu a fogueira ao lado da parede de pedra mais afastada da casa. Do outro lado do muro estava o jardim de uma mansão que, no passado, tinha sido a residência do latifundiário local. A casa de Willow era simplesmente a residência do caseiro. Naquele momento, a luxuosa mansão era, segundo o agente imobiliário que lhe vendeu a casa, propriedade de um rico homem de negócios.

Depois de acender a fogueira, Willow começou a olhar. Era tremendamente satisfatório queimar o lixo todo. No entanto, ao ver a altura que a fogueira alcançava, começou a ficar alarmada. Os pedaços chamuscados dos jornais flutuavam na brisa, alguns dos quais ainda estavam a arder, e voavam para o outro lado do muro. Tentou esmagar um monte de jornais para que deixassem de arder, mas só conseguiu avivar o fogo. Alarmada, dirigiu-se rapidamente para o interior da casa à procura de um balde de água para apagar as chamas que, naquele momento, se dirigiam para o céu com grande força e ferocidade.

Ainda estava a encher o balde na cozinha quando ouviu gritos. Fechou a torneira e agarrou no balde meio cheio para voltar a correr para o jardim. Chegou a tempo de ver como um homem saltava por cima do muro.

– Que diabos estás a fazer? – perguntou-lhe ao vê-la. – Perdeste o juízo?

Que mal-educado. Willow esteve prestes a pedir desculpa, mas, perante a atitude do recém-chegado, mudou de opinião. Viu uns olhos tão azuis que eram quase deslumbrantes e parou de repente, o que fez com que grande parte do conteúdo do balde se vertesse sobre as suas sapatilhas sujas.

– Esta é a minha casa – disse, friamente. – E não se trata de uma zona livre de fumos.

– Não tenho nada contra o fumo – replicou ele, – mas contra a tua determinação de iniciar um incêndio que destrua toda a vizinhança. De facto, um dos meus cães ficou com o pêlo queimado.

– Lamento – respondeu ela não muito sinceramente.

– Bem vejo – respondeu ele, agachando a cabeça mesmo a tempo de se desviar de um pedaço de papel a arder que passava perto do cabelo dele. – Há pedaços de papel a arder a flutuar na minha piscina e por todo o jardim. E os meus pobres cães parecem estar a brincar a uma espécie de roleta russa. Apaga-o, por favor.

– Estava prestes a fazê-lo quando apareceste.

– Com isso? – perguntou-lhe no gozo. – É como se utilizasses um dedal. Não tens uma mangueira de jardim?

– Não…

– Meu Deus…

Ele desapareceu de novo no seu próprio jardim. Willow contemplou o lugar por onde ele desapareceu com as faces a arder. Tinha um vizinho horrível. Como se atrevera a falar-lhe daquele modo? Não percebia que aquilo fora apenas um acidente? Não tinha intenção alguma de permitir que o papel a arder voasse para o jardim dele.

Ao ver que o vento avivava as chamas, teve de dar razão ao seu vizinho. E tê-lo-ia feito se ele não tivesse entrado daquele modo no seu jardim. Atirou a pouca água que restava no balde e, ao ver que não produzia efeito algum, compreendeu que estava a travar uma batalha perdida.

Estava prestes a voltar para casa a correr para trazer mais água quando o vizinho voltou a aparecer.

– Chega-te para trás – ordenou-lhe ele.

– Como? – perguntou ela, surpreendida.

Willow viu a mangueira um segundo antes de um jorro de água cair sobre as chamas. Um minuto depois as chamas pararam o fumo tornou-se branco. Então, a fogueira apagou-se por completo.

– Já está – disse enquanto entregava a mangueira a outra pessoa que Willow não conseguia ver. – Não devias fazer uma fogueira sem teres os meios necessários para a apagar caso alguma coisa corra mal, como aconteceu hoje – acrescentou, com um sorriso.

Willow olhou-o fixamente. Os penetrantes olhos azuis faziam conjunto com um rosto bronzeado, mais cuidado do que bonito, coroado por um bonito cabelo preto. O sorriso deixava a descoberto uns reluzentes dentes brancos.

– O meu nome é Morgan Wright – disse, sem deixar de olhar para ela. – Como já percebeste, sou o teu vizinho do lado.

– Willow Landon – conseguiu dizer, ela finalmente. – Eu… mudei-me a semana passada. Estive a fazer um pouco de jardinagem.

Ele assentiu. Vestia uma camisa azul com as mangas arregaçadas e umas calças de ganga pretas. O seu aspecto era forte e viril. Willow sabia que estava muito suja, com o cabelo apanhado numa trança e sem um pingo de maquilhagem. Nunca antes se sentira tanto em desvantagem em relação a alguém.

– Lamento muito pela fogueira – sussurrou, – mas, como disse, estava a tentar controlá-la. No entanto, obrigada pela ajuda. Lamento muito tê-lo incomodado – acrescentou.

– Trata-se simplesmente de instinto de conservação – replicou ele depois um momento de silêncio. – Tenho um alpendre de madeira do outro lado do muro e eu não gostaria de vê-lo a arder.

– Não penso que isso pudesse ter chegado a acontecer.

– A tua mãe deveria ter-te advertido que não fosses tão simpática – comentou ele, franzindo as sobrancelhas. – As pessoas podem tirar conclusões precipitadas.

Willow engoliu em seco e concentrou-se para que a voz não lhe falhasse quando respondesse.

– Muito obrigada de novo. Vou continuar o meu trabalho – disse. Virou-se e desejou que ele partisse tão rapidamente como chegara.

– Queres ajuda?

– Não. Trato disto sozinha.

– Não tenho a menor dúvida, mas uma ajuda torna o trabalho mais rápido e mais fácil.

– Não, a sério. Obrigada.

Voltou a encontrar-se com aqueles olhos azuis e o impacto que sentiu foi como uma pequena descarga eléctrica. Sentiu que os músculos da barriga ficavam tensos. No entanto, a sua voz soou serena.

– Penso que vou tomar um banho. Terminarei isto amanhã. Assim o fogo terá oportunidade de se apagar por completo.

– Boa ideia. Penso que não te apetece queimar-te.

De novo, havia um brilho nos seus olhos. Willow controlou-se para não responder à sua provocação e fingiu tomar aquelas palavras pelo que pareciam significar.

– Exactamente. Adeus, senhor Wright.

– Trata-me por Morgan. Afinal de contas, somos vizinhos.

Willow assentiu, mas não disse nada. Regressou a sua casa, consciente de que ele não parava de olhar para ela. Não se virou ao chegar à porta, mas sabia que ele continuava sentado sobre o muro, a observá-la. Quando estava no interior da casa, apoiou-se contra a porta e fechou os olhos durante um longo instante. Incrível. Bela apresentação. Certamente, ele julgava que ela não tinha nem uma ponta de sensatez no corpo. E essa não era exactamente a impressão que gostaria de causar.

Morgan Wright rira-se dela o tempo todo, excepto ao princípio, quando estava demasiado zangado com ela. Bolas. Quantos anos pensava que tinha?

Afastou-se da porta. Tinha frio e estava suja e encharcada. Além disso, ia demorar muito tempo a limpar todo o jardim. Só esperava que o senhor Sabichão se mantivesse bem afastado dela. De facto, esperava não voltar a vê-lo nunca mais.

Capítulo 2

 

 

 

 

 

Morgan não desceu do muro enquanto Willow não entrou em casa. Aterrou com um salto no seu jardim, ao lado do seu jardineiro. Este olhou para ele muito sério.

– Talvez me engane, mas deu-me a impressão de que essa mulher não agradeceu muito a tua ajuda.

– Nem pensar. Ficou aniquilada com o meu encanto.

– Ah, sim, claro. Como pude pensar que poderia resistir-te… É bonita, não é?

Morgan sorriu. Jim e a sua esposa, Kitty, estavam ali há mais de dez anos, desde que se mudara para a mansão depois de ganhar o seu primeiro milhão de libras com vinte e cinco anos. Eles viviam num amplo apartamento por cima da garagem e ocupavam-se de que tudo naquela casa funcionasse como um relógio. Kitty era uma cozinheira magnífica e governanta. O casal, que passava dos sessenta anos, não pudera ter filhos e Morgan sabia que cuidavam dele como o filho que nunca tiveram. Ele, por seu lado, tinha um enorme carinho por ambos.

– Na verdade, é difícil saber o aspecto dela por baixo de tanta sujidade – comentou ele. – Eu ajudo-te a limpar a nossa parte.

Enquanto apanhava os papéis meios queimados da piscina, pensou no que Jim lhe dissera. Olhos verdes e cabelo avermelhado. Bonita combinação. Além disso, tinha uma figura bonita, mas, decididamente, teria de ter cuidado com ela. O modo como olhara para ele… Morgan sorriu. Há muito tempo que uma mulher não olhava para ele daquela maneira. Desde que descobrira que, no que se referia ao negócio imobiliário, tinha o toque de Midas; normalmente as mulheres caíam rendidas aos seus pés. Não era vaidade da sua parte, mas simplesmente um pensamento cínico provocado pelo poder do dinheiro.

Retomou o seu trabalho e voltou a recordar a imagem da sua vizinha. Tinha um rabo bonito moldado por umas calças de ganga. Uma trança sedosa de cabelo avermelhado.

Para surpresa de Morgan, uma certa parte da sua anatomia reagiu àquelas lembranças.

– É demasiado jovem – disse em voz alta, como se quisesse proteger-se.

Aquela mulher não parecia ter mais de vinte anos. Além disso, ele preferia as mulheres sofisticadas, mundanas, a quem basta fazer-lhes passar bons momentos sem ter de fazer promessas de futuro. Trabalhava muito e era suficientemente rico para que tudo funcionasse segundo os seus termos.