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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Kate Hewitt

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Regresso ao palácio, n.º 1258 - abril 2018

Título original: Royal Love-Child, Forbidden Marriage

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-276-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

– Quanto?

Phoebe Wells olhou para o homem que estava à frente dela e que a observava com os olhos semicerrados, estudando-a. Tinha o cabelo ligeiramente despenteado, os dois primeiros botões da camisa desabotoados, revelando uma pele dourada.

– Quanto? – repetiu ela.

A pergunta não fazia sentido. Quanto, o quê? Nervosa, apertou a alça da mala. Enquanto dois agentes do governo a «acompanhavam» até à sala, tinha tido de fazer um esforço para não perguntar se estava presa. Na verdade, tinha tido de fazer um esforço para não começar a gritar.

Não lhe tinham dado explicação alguma, nem sequer tinham olhado para ela enquanto a levavam até uma das salas do palácio para a fazerem esperar durante vinte minutos aterradores, antes que aquele homem, Leo Christensen, o primo de Anders, aparecesse.

E agora estava a perguntar-lhe «Quanto?» e ela não sabia a que se referia.

Oxalá Anders estivesse ali… Oxalá não a tivesse deixado sozinha para sofrer o desprezo daquele primo, o homem que acabava de dar um passo em frente para se pôr à frente dela, alto como uma torre. Oxalá, pensou, com o pulso acelerado, o conhecesse melhor.

– Quanto dinheiro, menina Wells? – esclareceu-lhe, então, Leo Christensen. – Quanto dinheiro é preciso para que deixe o meu primo em paz?

A surpresa deixou Phoebe gelada por um momento, mas recuperou a calma em seguida. Deveria ter esperado aquilo. Ela sabia que a família Christensen, a família real de Amarnes, não desejava que uma simples rapariga americana tivesse uma relação com o herdeiro do trono.

Claro que não sabia isso quando o conhecera num bar de Oslo. Tinha pensado então que era um rapaz normal, ou tão normal como poderia ser um homem como Anders. Loiro, encantador, com uma confiança em si mesmo e uma simpatia que atraía a atenção de todos. E, inclusive agora, sob o olhar irónico de Leo Christensen, agarrava-se a essa lembrança, sabendo que o amava e que ele a amava também.

Mas onde estava? Não saberia que o seu primo estava a tentar chantageá-la?

Phoebe obrigou-se a olhar para ele nos olhos.

– Receio que não tenha dinheiro suficiente.

– Tente – disse ele. – Diga-me uma quantia.

– Não tem dinheiro suficiente porque não há dinheiro suficiente no mundo, senhor Christensen – replicou ela.

– Excelência, na verdade. O meu título oficial é de duque de Larsvik.

Phoebe engoliu em seco, recordando com que tipo de gente estava a lidar. Gente rica, poderosa, membros de uma família real. Gente que não a queria ali… mas Anders queria-a. E isso era mais do que suficiente.

Quando Anders dissera que queria apresentá-la aos seus pais, Phoebe não sabia que se tratava do rei e da rainha de Amarnes, um reino numa ilha na costa da Noruega. E também daquele homem, um homem que reconhecia porque já o tinha visto inúmeras vezes nas revistas cor-de-rosa, normalmente como protagonista de algum drama sórdido que incluía mulheres, carros desportivos e casinos… ou as três coisas ao mesmo tempo.

Anders tinha-lhe falado de Leo, tinha-a advertido contra ele e, depois de alguns minutos de conversa, Phoebe acreditava em tudo o que lhe dissera.

«É uma má influência. A minha família tentou mudá-lo, mas ninguém pode ajudar Leo.»

E quem iria ajudá-la a ela?, perguntou-se Phoebe. Anders tinha falado dela aos seus pais à noite, a sós. E, evidentemente, essa conversa não tinha corrido como esperava. De modo que tinham enviado Leo, a ovelha negra da família, para lidar com ela… com o problema.

Phoebe abanou a cabeça, tentando controlar os nervos.

– Muito bem, Excelência. Mas já lhe disse que não há dinheiro suficiente no mundo para que deixe Anders.

– Ah, que admirável! Então, é amor verdadeiro?

Phoebe engoliu em seco. Pela sua expressão irónica, parecia achar que o que havia entre ela e Anders era uma coisa sórdida, barata.

– Sim, é.

Leo enfiou as mãos nos bolsos das calças enquanto se aproximava da janela, para olhar para a praça do palácio de Amarnes. Era uma manhã clara, ensolarada, com algumas nuvens dispersas sobre a capital de Amarnes, Njardvik. E as estátuas de bronze de duas águias, o símbolo do país, brilhavam sob o sol.

– Há quanto tempo conhece o meu primo?

– Há dez dias.

– Dez dias…

Leo virou-se, arqueando um sobrolho, e Phoebe sentiu que lhe ardiam as faces. Dez dias era muito pouco tempo. Inclusive, soava ridículo, mas Anders e ela estavam apaixonados. Tinha-o sabido quando ele olhara para ela naquele bar… e, no entanto, agora, sob o olhar cor de âmbar daquele homem, dava-se conta de que dez dias não eram nada.

Mas o que lhe importava o que pensava Leo Christensen? Ele era um homem que procurava prazeres, vícios. E, estando tão perto, notava qualquer coisa mais obscura nele, qualquer coisa perigosa.

– E acha que dez dias são suficientes para se conhecer alguém, para se saber que se está apaixonado?

Phoebe encolheu os ombros. Não ia defender o que sentia por Anders ou o que ele sentia por ela.

– Imagino que se dê conta – continuou Leo – de que, se se casasse com ele, seria a rainha de Amarnes. E isso é algo que este país não está disposto a aceitar.

– Não terão de o fazer – disse Phoebe. A ideia de se tornar rainha era aterradora. – Anders disse-me que pensava abdicar.

– Abdicar? – repetiu Leo. – Ele disse-lhe isso?

– Sim.

– Então, nunca será rei.

Phoebe não pensava deixar que aquele homem a fizesse sentir-se culpada.

– Anders não quer ser rei…

Leo soltou uma gargalhada.

– Não quer ser rei, quando é a única coisa que sabe, a única coisa que conhece? Prepararam-no para isso desde que nasceu, menina.

– Ele disse-me…

– Anders não sabe o que quer – interrompeu-a Leo.

– Agora, sim, sabe – defendeu-o Phoebe, com mais determinação da que sentia na verdade. – Anders ama-me.

Tinha parecido tão infantil, tão pouco credível…

Leo olhou para ela um momento, a sua expressão era perigosamente neutra.

– E você ama-o?

– Claro que sim! – respondeu Phoebe, apertando a alça da mala para se agarrar a alguma coisa.

Onde estaria Anders?

Aquela sala, com as cortinas de veludo e as antiguidades, era opressiva, asfixiante. Poderia ir-se embora dali?, perguntou-se. Tinha consciência de ser uma estrangeira e estava à frente de um homem com autoridade, que, sem dúvida, a usaria para levar a sua avante.

Saberia Anders que Leo estava a falar com ela? Porque é que não a tinha procurado? Porque é que não estava ao seu lado como deveria? Desde que anunciara a sua relação à família, tinha desaparecido e Phoebe começava a duvidar.

– Ama-o o suficiente para viver no exílio durante o resto da sua vida?

– Exilado de uma família que não o aceita, nem o ama – replicou ela. – Anders nunca quis ser rei, nunca quis nada disto… – Phoebe assinalou à sua volta.

– Sim, claro – murmurou Leo, virando-se novamente para a janela. – Dez mil dólares serão suficientes? Ou cinquenta mil?

Phoebe levantou-se, uma onda de raiva substituiu o medo.

– Já lhe disse que não há dinheiro suficiente…

– Phoebe – Leo virou-se para olhar para ela, tratando-a por tu pela primeira vez. – Achas realmente que um homem como Anders poderia fazer-te feliz?

– E como é que homem como o senhor poderia saber isso? – replicou ela.

– Um homem como eu? O que queres dizer com isso?

– Anders falou-me de si… e sei que não sabe nada sobre o amor. Só lhe importa divertir-se e que ninguém o incomode, portanto, imagino que eu seja um estorvo.

– Poderia dizer-se que sim – assentiu ele. Por um segundo, Phoebe perguntou-se se o teria ferido com as suas palavras… Não, impossível. Leo estava a sorrir; um sorriso muito desagradável, aterrador. – É um inconveniente, certamente. Mas o que teria acontecido se tu e eu nos tivéssemos conhecido antes de teres conhecido Anders?

Phoebe olhou para ele, perplexa.

– Nada – respondeu, nervosa. O que tinha querido dizer com aquilo?

Era indiferente, não pensava deixar-se intimidar. Decidida, levantou o olhar para os botões da sua camisa e para o seu pescoço, onde se via a sua pulsação, e sentiu um formigueiro interior… um formigueiro de desejo.

E sentiu que lhe ardiam as faces de vergonha.

Leo levantou uma mão para afastar o cabelo da sua cara e Phoebe deu um salto.

– Tens a certeza?

– Sim.

Mas, naquele momento, não a tinha e ambos sabiam disso. Não deveria afectá-la daquela forma se amava Anders, pensou.

Amá-lo-ia?

– Estás muito segura de ti mesma – disse Leo, então, tocando no seu pescoço com um dedo.

Phoebe deixou escapar uma exclamação de… Surpresa? Indignação?

De prazer?

Afastou-se, mas ainda conseguia sentir o calor daquele dedo.

– Phoebe!

Lançando novamente uma exclamação, desta vez, de alívio, Phoebe virou-se para a porta para ver Anders, que tinha aparecido como o deus Baldur do mito norueguês.

– Ando há uma hora à tua procura por toda a parte. Ninguém me dizia onde estavas…

– Estava aqui – disse ela, apertando as suas mãos, – com o teu primo.

Anders olhou para Leo e o rosto obscureceu-lhe, não sabia se de raiva ou talvez de ciúmes. Mas Leo olhava para o primo com total frieza, quase com ódio. E Phoebe recordou então o final do mito norueguês que tinha lido durante a sua viagem até à Escandinávia: Baldur fora assassinado pelo seu próprio irmão gémeo, Hod, o deus da escuridão e do Inverno.

– Para que querias ver Phoebe, Leo? – perguntou-lhe, com tom frio, quase petulante.

– Para nada – o seu primo sorriu, abrindo os braços num gesto universal de inocência. – Está claro que te ama a sério – acrescentou, com um sorriso que negava as suas palavras.

– É claro que sim – afirmou Anders, passando-lhe um braço pelos ombros. – Não sei porque é que quiseste falar com ela, mas deves saber que estamos decididos a casar-nos…

– E tal determinação é admirável – interrompeu-o Leo. – Di-lo-ei ao rei.

A expressão de Anders endureceu, mas parecia mais a expressão de um menino zangado do que a de um adulto.

– Faz o que quiseres. Se o meu pai quer que me convenças a não me casar…

– Evidentemente, não posso fazer nada.

– Nada – repetiu Anders, virou-se para Phoebe. – Está na hora de nos irmos embora, querida. Não há nada para nós aqui. Podemos apanhar o ferry para Oslo e depois, o comboio até Paris.

Phoebe assentiu, aliviada. Sabia que deveria sentir-se feliz, entusiasmada…

E, no entanto, enquanto saíam da sala, com o braço de Anders sobre os seus ombros, sentia o olhar penetrante de Leo cravado nas suas costas e aquela emoção estranha que ele emanava e que parecia estranha… quase um olhar de pesar.