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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Pamela Brooks

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Pessoal e profissional, n.º 1229 - Janeiro 2015

Título original: The Ex Who Hired Her

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6430-6

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Volta

Capítulo Um

 

Xandra Bennett.

Jordan tinha quase a certeza de que aquela candidata tinha modificado o seu nome para que parecesse mais sofisticado que Sandra ou Alexandra. Só esperava que por trás daquele nome houvesse substância para além da aparência. E talvez houvesse. A agência de contratação devia ter boas referências dela para enviá-la a uma entrevista de trabalho.

Embora depois de um dia inteiro a ouvir boas e não tão boas ideias de pessoas desesperadas por conseguir o cargo de diretor de marketing do centro comercial Field’s, Jordan não estivesse com humor para alguém que fosse apenas aparência.

A última, disse a si mesmo. A última e poderia continuar com o seu trabalho.

A sua ajudante abriu a porta nesse momento.

– A senhora Bennett.

E quando Xandra Bennett entrou na sala de reuniões, Jordan esqueceu-se de respirar.

Era ela.

De todos os centros comerciais do mundo, tinha que entrar precisamente no seu.

O nome era diferente, o cabelo era diferente e tinha trocado os óculos por lentes de contacto, mas era ela.

Alexandra Porter.

Da última vez que a vira ela tinha dezoito anos e um cabelo castanho que lhe chegava quase até à cintura quando tirava a trança. Nessa altura vestia-se como uma típica rapariga tímida: ténis, calças de ganga e t-shirts largas que lhe escondiam as curvas.

Naquele momento, com um elegante fato que se lhe ajustava à cintura, um cabelo com reflexos dourados que pareciam naturais e uns sapatos de salto alto que faziam com que as suas pernas parecessem intermináveis, parecia uma profissional de marketing. E uma mulher lindíssima.

E continuava a ter aquela boca que lhe fazia sentir arrepios.

Jordan tentou afastar de si tal pensamento. Não queria pensar em Alexandra Porter e na sua fabulosa boca, a boca que o tinha ensinado a beijar.

Ela disfarçou imediatamente, mas Jordan sabia que ela o tinha reconhecido e que também não esperava encontrá-lo ali a ele. Ou esperava?

Não confiava nada em Alex. Naquela altura tinha-se revelado ser uma manipuladora e esse não era um rasgo da personalidade que mudasse com o passar dos anos. Seria Bennett o homem pelo qual o tinha deixado? Ou também o teria deixado a ele quando encontrara alguém que pudesse oferecer-lhe mais?

Talvez devesse dizer-lhe que o lugar já estava ocupado e que não iam fazer mais entrevistas.

Mas então teria de explicar as suas razões aos seus colegas entrevistadores… umas explicações que preferia não dar.

 

 

Jordan Smith.

Alexandra ficou doente. Jordan era a última pessoa no mundo que ela esperava ver ali. Dez anos antes tinha jurado que não queria voltar a saber nada dele…

Nunca o tinha desculpado por não ter estado a seu lado quando ela mais necessitara dele, por lhe mentir, por dececioná-la. Tinha demorado anos para refazer a sua vida e quando estava a ponto de tornar realidade os seus sonhos, ele punha-se de novo no seu caminho.

O alto e magro estudante que ela conhecera então tinha-se transformado num homem mais corpulento, de largos ombros. A sua boca continuava a ter aquela curva que prometia prazer… embora ela não quisesse recordar o prazer que lhe era capaz de dar a boca de Jordan Smith.

As calças de ganga gastas e as t-shirts que costumava usar tinham sido substituídas por um fato que parecia feito à medida e uma gravata de seda. Tinha algumas cãs nas fontes… bom, num cabelo tão escuro como o seu notar-se-ia antes o passar do tempo. E, definitivamente, tinha um ar de autoridade. Tinha-se transformado no tipo de homem que faria suspirar qualquer mulher.

Como presidente da Field’s, seria Jordan Smith a decidir se ela conseguia ou não o cargo.

E isso deixava o seu curriculum no balde do lixo porque ela seria uma recordação permanente do seu sentimento de culpa por tê-la abandonado aos dezoito anos, grávida do seu filho. Ou dar-lhe-ia o lugar mesmo que não fosse a melhor candidata porque se sentia em dívida para com ela? E se lhe oferecesse o lugar, aceitá-lo-ia sabendo que teriam que trabalhar juntos?

Enfim, não tinha nada a perder. Faria a entrevista e depois voltaria para casa. E em vez de lamber as suas feridas, analisaria a entrevista e veria o que podia melhorar para a próxima.

– Harry Blake, chefe de Recursos Humanos – apresentou-se um homem de certa idade. – Esta é Gina Davidson, a gerente do centro comercial. E este é Jordan Smith, o presidente.

Jordan tinha trinta anos, vinte menos que os seus colegas. Como é que tinha chegado a presidente da empresa em tão pouco tempo?

Embora fosse uma pergunta tola. Para além do dinheiro e dos contactos da sua família, Jordan tinha sido sempre muito inteligente. Tinha viajado por todo o mundo, falava quatro línguas e podia recitar Shakespeare melhor que ela quando estudava drama renascentista porque queria ser professora de Literatura. Uns sonhos que tinham morrido muitos anos antes juntamente com…

Alexandra afastou de si tal pensamento.

Teria de apertar-lhe a mão e assim o fez, afastando-a quando lhe foi possível e ignorando o arrepio que lhe provocou o toque da sua pele.

Mas depois cometeu o erro de olhá-lo nos olhos.

Azuis-escuros, tão bonitos. Aqueles olhos tinham chamado a sua atenção no dia em que o conhecera, aos dezassete anos, quando ainda ninguém a tinha beijado. Até àquela noite, quando Jordan tinha visto nela algo mais do que a rapariga tímida que não sabia com quem falar na festa. Tinha dançado com ela, tinha-a beijado…

Alexandra engoliu em seco, desejando esquecer aquela noite.

Não podia olhá-lo nos olhos e Jordan apercebeu-se disso. Sentia-se culpado?, perguntou a si mesma. Embora isso não tivesse qualquer relevância, porque ele não lhe ia dar o lugar. Terminaria a entrevista e não teria de voltar a vê-la.

Oficialmente era Harry que conduziria a entrevista, de modo que Jordan se recostou na cadeira e, enquanto lhe fazia as mesmas perguntas que aos demais candidatos, voltou a olhar para o curriculum… a data de entrada na universidade era três anos posterior à que deveria ser.

Por que motivo tinha demorado três anos para começar o curso se na escola tirava umas notas fabulosas? Além disso, não era licenciada em Literatura como ele esperara. Alexandra sempre tinha querido ser professora…. Por que é que teria decidido estudar marketing?

Enfim, não era assunto seu.

– Alguma pergunta? – perguntou Harry.

Gina sorriu.

– Não, de momento não.

– Pedimos aos demais candidatos que preparassem uma apresentação sobre como aumentar as vendas da Field’s – disse-lhe.

– Mas a agência acrescentou a senhora Bennett à lista à última da hora – interveio Harry. – Não seria justo esperar que fizesse uma apresentação com tão pouco tempo para prepará-la.

– Não uma apresentação formal, obviamente – assentiu Jordan. – Mas eu espero que os meus empregados sejam capazes de pensar a toda a velocidade. Que faria você para aumentar as vendas da Field’s, senhora Bennett?

Alexandra pigarreou.

– O primeiro que faria seria perguntar qual é a verba destinada a publicidade.

Era a primeira pessoa que mencionava uma verba para publicidade. Os outros candidatos tinham-no dado como garantido e um deles tinha até falado em anúncios na televisão em franjas horárias de máxima audiência.

– E depois perguntaria o que é que significa para vocês melhorar as vendas. Estão à procura de outra base de clientes ou querem oferecer aos que já têm produtos que não existem na Field’s, talvez à procura de novos fornecedores?

Harry e Gina endireitaram-se na cadeira, claramente interessados. Tinha ido diretamente à raiz do problema.

– O que é que você acha? – perguntou Jordan.

– Eu começaria por fazer um inquérito entre os clientes. Quem são, o que é que procuram e o que é que a Field’s não lhes oferece neste momento. E depois falaria com os empregados. Existe um correio de sugestões para os empregados?

– Costumávamos tê-lo – respondeu Gina.

– Os empregados são quem melhor conhece os clientes e sabem o que se vende melhor, por isso devem ser eles a fazerem sugestões. Eu diria que o trabalho do diretor de marketing é avaliar essas sugestões e decidir quais são as que vão ter maior impacto nas vendas.

– Você é cliente da Field’s, senhora Bennett? – perguntou Jordan.

– Não, não sou.

Aquela resposta surpreendeu-o. Tinha esperado que dissesse que sim para ganhar a simpatia dos entrevistadores.

– Porque não?

– Porque a roupa que vendem não é para pessoas da minha idade, os produtos de drogaria e perfumaria posso encontrá-los mais baratos noutras lojas e não compro objetos de cristal ou faqueiros caríssimos.

Era a primeira candidata que criticava os preços do centro comercial e Jordan entendia que Harry e Gina estivessem agradavelmente surpreendidos.

– Então a Field’s é demasiado tradicional para si?

– A Field’s tem cem anos de tradição às costas – respondeu ela – E isso deveria contar a seu favor, mas também é uma fraqueza porque os clientes mais jovens veem-no como um sítio antiquado, o centro comercial onde os seus pais e os seus avós vão às compras.

– E como despertaríamos o interesse dos jovens?

Na verdade, estava a despertar o interesse de Jordan. Os seus comentários eram os melhores que tinha ouvido durante todo o dia, as suas críticas eram construtivas e estava a dar razões para defender o seu ponto de vista. Razões nas quais ele mesmo tinha pensado.

– A mim poderia interessar-me este centro comercial se, por exemplo, houvesse anúncios visíveis sobre uma nova marca, mais moderna. Então sentiria a tentação de entrar. Se venderem o que quero a um preço sensato e a oferta for suficientemente atrativa para que eu não compre na minha loja habitual.

Era uma explicação sem lacunas, devia reconhecer Jordan.

– E também faria mudanças na página web. Têm de modernizá-la.

– Sim, isso é verdade – assentiu Gina.

– Têm uma base de clientes online?

– Não, de momento não. O que é que acha que deveríamos mudar?

Esse foi o momento em que os olhos de Alexandra se iluminaram. De repente, parecia cheia de entusiasmo.

– Criando fóruns de opinião, por exemplo. Poderiam convidar os clientes para darem a sua opinião. E deviam contratar publicidade de outras empresas se quiserem clientes mais jovens.

Alexandra começou a dar exemplos práticos de outras empresas com uma base de clientes pela Internet e Jordan olhou para o seu curriculum de novo. No seu último trabalho tinha sido responsável pelo marketing online, de modo que sabia muito bem de que é que estava a falar.

– Obrigado, senhora Bennett. Eu não quero fazer mais perguntas – disse Harry. – Há alguma pergunta que você queira fazer-nos?

– Não, de momento não – respondeu Alexandra, com um sorriso amável. Não era um sorriso de triunfo. Estava claro que não assumia como um dado adquirido que fosse conseguir o lugar.

– Obrigada, senhora Bennett – disse Gina. – Se não se importa de esperar lá fora uns minutos…

– Não, claro que não.

Jordan olhou para ela enquanto saía da sala de reuniões. Dez anos antes era uma rapariga doce e tímida de beleza escondida, mas naquele momento era uma mulher elegante e segura de si mesma que chamaria a atenção de muitos homens. A sua, por exemplo. Mas incomodava-o que pudesse provocar essa reação depois de tanto tempo e trabalhar com ela daria com ele em louco.

– É a melhor de todos os que entrevistámos – começou por dizer Harry.

– Também acho – disse Gina. – Entende o negócio melhor que os demais e tem boas ideias.

Jordan não tinha espaço para manobrar. Se não a tivesse conhecido antes opinaria o mesmo que eles, mas conhecia-a. E esse era o problema.

– Devo dizer-vos que há um conflito de interesses, um que eu desconhecia antes da entrevista.

Gina franziu a testa.

– O que é que queres dizer?

– Que conheci a senhora Bennett quando estava na escola… com outro nome.

Harry franziu as sobrancelhas.

– Nenhum dos dois disse nada.

Era certo, nenhum dos dois tinha reconhecido conhecer o outro… pelas mesmas razões, mas isso não pensava contá-lo.

– Uma entrevista de trabalho não é o melhor momento para cumprimentar um conhecido.

– Mas aqui não diz que vocês estudaram na mesma escola – comentou Harry, olhando para o curriculum.

– Na verdade, conhecemo-nos numa festa. Eu estava na universidade nessa altura.

– Mas vocês não tinham uma grande amizade, pois não?

Tinham algo mais que isso, pensou Jordan. Tinham estado apaixonados e ele tinha-a deixado grávida, mas quando a sua mãe se negara a pagar o dinheiro que Sandra lhe pedia, ela tinha interrompido a gravidez sem lhe dizer nada. Nem sequer lhe tinha dito que estava grávida.

Estivera à procura dela durante semanas e quando por fim a encontrara ficara desolado ao saber que se casara com outro homem. Estava claro quão pouco ela se tinha importado com ele, mas também não ia contar isso a Harry e Gina. Era algo do que nunca falava, com ninguém. Tinha enterrado a dor que sentira então e ficaria enterrada para sempre.

– Ela é o que necessitamos – disse Gina. – Conhece bem o negócio e foi a única que perguntou pela verba destinada a publicidade.

Jordan não podia negá-lo, mas como iria lidar com Alexandra todos os dias?

– Tiveste algum enfrentamento com ela ou algo assim? – perguntou-lhe Harry.

Alexandra fora o seu primeiro amor e acreditara que passaria o resto da vida com ela.

Grande estúpido. Claro que casar-se com uma amiga de sempre, alguém do seu círculo, também fora um fracasso. As relações sentimentais não eram para ele, era evidente.

– Jordan? – ouviu a voz de Harry.

Ele emitiu um murmúrio, sem saber como explicar a situação.

– O que quer que tenha acontecido, vocês eram os dois muito novos e as pessoas mudam – disse Gina.

Jordan não tinha assim tanta certeza. Alex, que então era incrivelmente ambiciosa, tinha esperado que um filho lhe desse entrada no seu mundo e tinha a certeza de que isso não teria mudado.

– Vamos rever todos os candidatos, para ver quem é que chamamos para a segunda entrevista.

Quando estavam a terminar de escolher, a sua ajudante bateu à porta.

– Lamento interromper, senhor Blake, mas temo bem que isto não possa esperar.

– Podes ir, Harry – disse Jordan. – Tu também, Gina. Eu trato disto.

– Tens a certeza? – perguntou-lhe Harry.

– Claro que sim.

Desse modo poderia falar com Alexandra a sós e descobrir quais eram as suas intenções.

Quando os seus colegas saíram da sala de reuniões, Jordan falou com os candidatos pela ordem em que tinham sido recebidos. Pediu a três deles que voltassem para uma segunda entrevista e desculpou-se com os demais. E depois chegou o momento de falar com Alex.