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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Melisa Martinez McClone

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Quando a paixão chega, n.º 1133 - Dezembro 2014

Título original: SOS Marry Me!

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5873-2

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Volta

Capítulo 1

 

– Eu vou à exposição de vestidos de noiva – anunciou Serena James. – Sempre quis visitar Seattle.

Na verdade, o destino da sua viagem era-lhe indiferente, desde que pudesse sair da cidade durante uns dias.

Quatro das «Bellas», suas colegas de trabalho na Casamentos Bella, uma agência de organização de casamentos, com sede em Boston, olharam para ela, surpreendidas. Serena tentou não fazer nenhuma careta e perguntou-se se não teria parecido demasiado entusiasmada, tendo em conta que era suposto que tivesse um «namorado dedicado».

– Isso se mais ninguém quiser ir, claro – acrescentou, forçando um sorriso.

– Bom, querida – disse Bella, a proprietária da Casamentos Bella, que era uma mulher de meia-idade, muito bonita e simpática. – É muito amável da tua parte que te ofereças para ir. A verdade é que precisamos de um pouco de publicidade positiva depois do fracasso do cancelamento do casamento Vandiver. Os patrocinadores da exposição vão adorar ter a presença de uma das mais promissoras estilistas de vestidos de noiva

Serena sentiu-se satisfeita.

– Mas normalmente evitas as exposições de vestidos de noiva – disse Bella. – Tens a certeza de que queres ir… com tudo o que tens para fazer?

– Absoluta – respondeu Serena, que esperou parecer disposta, mas não desesperada. – Para além disso, não há mais ninguém que possa ir.

– Isso é verdade – concedeu Bella. – Parece que estamos todas muito ocupadas.

– Bom, seja quem for… – começou a dizer Callie Underwood, a responsável pelas flores – quero que leve o meu vestido de noiva para o desfile.

Todas as «Bellas» gritaram.

– Mas faltam poucas semanas para o teu casamento – disse Bella.

– Para ser mais exacta, vou casar-me no dia vinte e dois de Novembro, como Jared não pára de me recordar. Mas temos de demonstrar às noivas que a Casamentos Bella ainda é uma das melhores agências do país dedicadas à organização de casamentos – explicou Callie. – O que significa que temos de mostrar o que fazemos melhor, desde os bolos deliciosos de Natalie até aos vestidos impressionantes de Serena. A colecção de Primavera que fizeste é incrível, mas o meu vestido é o melhor de todos.

– Mas é o teu vestido de noiva – disse Serena. – Fi-lo para que te ficasse bem, não a uma modelo esquelética. De qualquer forma, eu não quero correr o risco de que se suje de maquilhagem ou de outra coisa qualquer.

– Mas isso não quer dizer que não possas mostrar o vestido num manequim.

– E se acontece alguma coisa ao vestido? – perguntou Regina O’Ryan, a fotógrafa da agência.

– Não vai acontecer nada – respondeu Callie, piscando um olho. – Não é verdade, Serena?

– Se for eu a ir a Seattle, então correrá tudo bem – disse Serena, apreciando o voto de confiança da sua amiga. – Vou certificar-me de que o vestido regressa são e salvo.

– Seattle fica do outro lado do país – disse Regina, aproximando-se de Serena. – Tu e Rupert tinham alguma coisa planeada para este fim-de-semana?

Serena sentiu um nó no estômago ao ouvir falar no seu namorado… Bom, digamos ex-namorado… Contudo, não deixou de sorrir.

– Ele também tem andado a viajar muito. Não vai importar-se.

De todo.

Serena não falava com Rupert há meses, desde que ele a deixara em Abril, depois de a assistente da Casamentos Bella, Julie Montgomery, ter anunciado o seu noivado com Matt McLachlan. Porém, Serena ainda não sabia como dizer às pessoas o que acontecera.

Aquelas coisas nunca lhe aconteciam a ela, que tinha uma vida óptima e que conseguia sempre o que queria. Sempre quisera casar-se e começar uma família. Pensara que encontrara o homem adequado, no entanto, enganara-se.

– Não temos nada planeado – acrescentou.

– Encontraste um bom homem, Serena – disse Natalie Thompson, uma jovem viúva, mãe de duas gémeas de oito anos, muito travessas. – Dentro de pouco tempo, teremos de planear outro casamento… Até já consigo imaginar o bolo que tu vais querer: de chocolate e de laranja.

A pasteleira, que se chamava a si mesma «a fada dos bolos», dava sempre a provar às «Bellas» pedaços das amostras que fazia para os casamentos.

– E eu sei que flores vais querer – disse Callie, com os seus olhos verdes brilhantes. – Orquídeas brancas e verdes, rosas verdes e tulipas brancas e verdes.

Verde e branco. Serena pensou que era uma das suas combinações de cores favoritas. Não ficou surpreendida que Callie soubesse tão bem os seus gostos.

Um bolo. Flores. As suas amigas tinham o seu casamento planeado. A única coisa que faltava era… o noivo.

Sentiu um aperto no peito e recordou o vestido de noiva quase acabado que estava pendurado no seu armário. Fora uma parva por ter começado a preparar o seu vestido de noiva, mesmo antes de ter um anel de noivado, contudo, quem podia culpá-la?

A relação que tivera com Rupert Collier fora maravilhosa. Tinham saído juntos durante algum tempo, tinham conhecido as suas famílias e tinham falado sobre o futuro… Sobre criarem uma família, que era o que Serena mais queria no mundo. O noivado teria sido o passo seguinte. Começara a trabalhar no seu vestido de noiva, porque quisera ter tempo para o fazer, para que fosse perfeito e que não lhe faltasse nenhum detalhe. Escolhera os materiais e o desenho com o mesmo cuidado com que escolhera Rupert Collier. Ele não só era elegante, rico e bonito, como também era um futuro marido e pai ideal. Era tudo o que ela procurara num homem e era exactamente o que as suas amigas esperariam que o seu namorado fosse. Era o protótipo da pessoa com a qual os seus pais teriam desejado que ela se casasse.

Até que, impaciente por ter um anel de noivado, Serena mencionara a palavra que começava por «C». Casamento. Repentinamente, o seu namorado «perfeito» não estivera preparado para uma relação tão séria. Acusara-a de ser demasiado egoísta e independente para se comprometer permanentemente com ela. Amargamente, recordou que ele quisera continuar a vê-la. Faziam um belo casal. Porém, Rupert dera um importante passo atrás na sua relação. Até sugerira que talvez devessem começar a sair com outras pessoas. Serena dissera que não, pois pensara que ele só precisava de um empurrãozinho para se comprometer. Contudo, Rupert deixara-a.

Magoara-a muito o que lhe dissera quando acabara a sua relação.

«Não precisas de mim, Serena. Não precisas de ninguém.»

Com o passar dos meses apercebera-se de que ele tinha razão. Estavam melhor sozinhos. Não precisava dele. Nunca o amara da forma como uma mulher deve amar o homem com quem quer casar-se. Não o amara a ele, tanto como gostara de como ele encaixava nos seus planos.

Inspirou profundamente. Aquilo fora um contratempo, contudo, não fora um fracasso completo. Serena James nunca fracassava.

– Rupert vai ter de ajustar a sua agenda à tua vida quando se casarem – disse Regina, sorrindo.

Serena sentiu um aperto no coração. Odiava guardar segredos das mulheres de quem mais gostava no mundo, mulheres que, para ela, eram mais como a sua família do que simples colegas de trabalho… No entanto, na altura não soubera o que fazer.

Julie ficara muito feliz por ter ficado noiva e as outras «Bellas» tinham ficado muito emocionadas perante a ideia de lhe oferecerem um casamento de sonho. Nessa altura, não conseguira deixar que as suas más notícias arruinassem a alegria das outras. Quando Callie se apaixonara por Jared, também não fora capaz de estragar a felicidade do casal. Depois do casamento de Regina e de Dell se ter transformado num casamento por amor, também não conseguira encontrar o momento adequado para lhes dizer que fora abandonada.

E aquele momento também não era adequado para lhes contar.

Natalie e Audra Green, a contabilista da agência, estavam solteiras. Contar-lhes o que lhe acontecera apenas reafirmaria a crença que estas tinham de que o homem perfeito simplesmente não existia e não podia fazer isso às suas amigas, pois estas já estavam suficientemente magoadas e decepcionadas

Para além disso, as suas amigas esperavam mais dela. Toda a gente o fazia. Ela trabalhava muito para dar uma boa imagem de si, mantinha uma atitude agradável e estava sempre disposta a ajudar os outros. As pessoas contavam com ela e todos esperavam que encontrasse o homem perfeito.

Era precisamente isso que ela esperava encontrar… alguém que lhe oferecesse o amor, a família e a vida perfeita com que sempre sonhara. Apenas se enganara no homem, o que não significava que o seu verdadeiro amor não estivesse por aí à sua espera. Talvez até estivesse em Seattle.

– Portanto, sobre a exposição de vestidos de noiva… – disse Serena, recostando-se na sua cadeira, – o que mais tenho de levar para além dos vestidos em si?

 

 

Kane Wiley andava à volta do avião para tentar guardar as suas malas no compartimento exterior. Estava muito frio.

– É tudo o que tens? – perguntou o seu pai, Charlie.

– Sim – respondeu Kane. Tudo o que possuía, para além do avião, podia ser guardado em apenas duas malas.

– Agradeço-te que faças esta viagem, filho – disse Charlie.

– Simplesmente, mantém a tua parte do acordo, papá.

– Está descansado – respondeu Charlie, agarrando numa caixa que continha soda, água, gelo, caixas de comida e bolachas. – Vou deixar-te em paz. Não vou fazer-te mais perguntas nem vou dizer-te para voltares para casa.

«Casa». Kane quase se riu. Ele não tinha uma casa para onde regressar desde que, três anos antes, a sua mãe morrera repentinamente com um ataque de coração e o seu pai voltara a casar-se… e a divorciar-se. Naquele momento, parecia que o seu pai estava disposto a cometer o mesmo erro novamente.

– Mas… – começou a dizer Charlie, colocando a caixa de comida na cabina – vou esperar que me mandes um postal, um e-mail ou que me telefones no Natal.

– Está bem – disse Kane. Faria qualquer coisa para sair de Boston e nunca mais regressar. Não queria ver como o seu pai cortejava e se casava com outra mulher, que nunca conseguiria ocupar o lugar da sua mãe.

– Não te esqueças que te amo, filho. Estarei sempre aqui se precisares de mim. Para o que for… dinheiro ou qualquer outra coisa.

Kane assentiu. Então olhou para o seu relógio e praguejou.

– Onde está?

– Bella? – perguntou Charlie.

Kane tentou não fazer nenhuma careta ao ouvir o nome da nova amiga do seu pai.

– A pessoa com quem vou viajar para Seattle.

– Serena deve estar a chegar – disse Charlie. – Há sempre muito trânsito a esta hora.

O aeroporto de Norwood era muito longe de Boston, o que significava que ela poderia atrasar-se.

– Tenta sorrir, filho – disse Charlie. – Talvez te divirtas. Serena James é uma jovenzinha muito bonita.

– Há muitas jovens bonitas aí fora. Não tenho de me concentrar apenas numa.

Contudo, então Kane pensou que um romance breve talvez não fosse má ideia… desde que acabasse quando regressassem da viagem.

– O teu problema é que ainda não encontraste a mulher certa – disse Charlie.

– Conheço muitas mulheres – respondeu Kane, sorrindo. – E amo-as todas.

– Estou a falar do amor que dura para toda a vida, do amor que eu tinha com a tua mãe.

E com a sua segunda esposa.

E com… como se chamava? Bella.

«Para sempre» não existia. O amor de que o seu pai falava não era mais do que uma palavra bonita que se utilizava para praticar sexo conveniente e para ter companhia de vez em quando.

Nesse momento, chegou uma carrinha branca que buzinou.

– Já chegaram – anunciou Charlie.

– Óptimo – disse Kane.

A mulher que conduzia cumprimentou-os com a mão. A sua acompanhante ia a falar ao telemóvel e levava uns óculos de sol escuros que ocultavam a maior parte da sua cara.

A carrinha parou e a mulher que conduzia abriu a porta e saiu.

– Bom dia! – exclamou para Charlie. Então dirigiu-se a Kane. – Tu deves ser Kane.

Kane estendeu-lhe a mão e apercebeu-se da firmeza com que ela lhe apertou a mão. Aquela mulher grisalha era muito diferente da sua mãe e da sua madrasta. Era mais velha. Talvez fosse ainda mais velha do que o seu pai. Ficou surpreendido.

– E tu deves ser Bella.

– Efectivamente – disse com uma voz doce. – Agradeço-te imenso que leves Serena a Seattle.

Certamente! Sobretudo tendo em conta que o seu pai pagara todas as despesas da viagem.

– É um prazer para Kane – respondeu Charlie. – Não é verdade, filho?

Kane assentiu. Pensou que o que ia deixá-lo muito feliz seria acabar aquela viagem o mais depressa possível e poder finalmente afastar-se de tudo.

– Bom, então é melhor irmos andando – disse Bella, abrindo as portas da carrinha e tirando uma caixa. – Temos várias caixas para levar com folhetos, vestidos, arranjos florais e bolos.

O entusiasmo de Bella surpreendeu Kane.

– É… Está bem.

– Ainda tens de conhecer Serena James, a nossa estilista de vestidos de noiva – disse Bella. – Está a falar ao telefone. Deve estar a falar com Rupert.

– Rupert? – perguntou Kane.

– O seu namorado – respondeu Bella, sorrindo ainda mais. – Estão quase noivos.

Kane pensou que a ideia de ter um romance em Seattle com ela já não era possível, pois não gostava de seduzir as namoradas dos outros homens.

A porta do acompanhante abriu-se e olhou para a mulher que saiu da carrinha. Era uma mulher impressionante. Era loira e tinha um corte de cabelo com muito estilo.

Não era alta mas levava umas botas de salto alto que tinham muita classe. Mesmo ao vê-la com um casaco de lã grosso, conseguia intuir que o seu corpo tinha umas curvas perfeitas.

Kane gostou do que viu. Serena encarnava a sua ideia de mulher ideal. Respirou fundo e corrigiu-se: a sua antiga ideia de mulher ideal.

A cor de cabelo dela e a sua forma de vestir recordavam-lhe uma ex-namorada, Amber Wallersby, que fora muito sexy, mas, ao mesmo tempo, uma princesinha mimada. Amber quisera que ele deixasse de pilotar aviões para aceitar um trabalho aborrecido, numa das empresas do seu pai. Ele quase aceitara a sua proposta… Contudo, então apercebera-se de que, apesar de ela ser muito bonita por fora, o seu interior deixava muito a desejar.

Perguntou-se se Serena James seria igual.

Porém, ele não estava em posição de o descobrir e também não se importava.

– Olá! – cumprimentou. – Sou o teu piloto, Kane.

Serena não lhe estendeu a mão. Tirou os óculos de sol e olhou para ele. Kane não esperara que ela fosse tão directa nem que tivesse uns olhos azuis tão impressionantes.

– O senhor é Kane Wiley? – perguntou, surpreendida… quase decepcionada. – É o filho de Charlie?

– O próprio.

– Achas que somos parecidos? – perguntou Charlie.

– Na verdade… não – respondeu Serena, olhando para os dois homens.

– Oh, eu penso que sim – disse Bella. – Tal pai, tal filho. Ambos são muito bonitos.

Charlie sorriu.

lo.