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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2011 Michelle Celmer. Todos os direitos reservados.

MAIS QUE AMANTE, N.º 1159 - Novembro 2013

Título original: Much More Than a Mistress

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® ™. Harlequin, logotipo Harlequin e Desejo são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-3731-7

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

Capítulo Um

 

«Tu podes fazê-lo», pensou Jane Monroe para se animar enquanto ia do estacionamento à entrada principal da sede corporativa da Western Oil.

Tinha mil borboletas a esvoaçarem pelo estômago. Deteve-se em frente às portas de vidro e respirou o ar fresco de janeiro enquanto apertava um segundo os punhos.

Durante os primeiros seis meses de trabalho nos Serviços de Investigação Edwin, tinha passado centenas de horas ao computador verificando antecedentes, tratando de encontrar pais que não pagavam a pensão dos filhos ou descobrindo os bens que alguns homens ocultavam às ex-mulheres. Quando alguém precisava de assessoria legal, ela era a pessoa indicada para resolver essas dúvidas. E todo esse trabalho fora o que a levara ao momento presente.

A sua primeira missão secreta.

Entre os nervos e o vento, não parava de tremer. Usava meias de náilon e uns sapatos de salto muito alto. Entrou e foi direta aos arcos de segurança. Mostrou o cartão de identificação que lhe permitiria circular livremente por todo o edifício, inclusive nas zonas reservadas para os altos cargos da empresa.

A caminho do elevador, passou ao lado de um agitado café. Pulsou o botão que a levaria ao terceiro andar, onde ficava o departamento de Recursos Humanos.

Sabia que a sua família opinaria que com esse trabalho estava a deitar a perder o seu título de licenciada em Direito. Por isso lhes tinha mentido. Os seus pais e irmãos achavam que fazia parte do departamento legal de uma empresa local. Assim era mais fácil para todos. Mas já tinha decidido que lhes ia dizer a verdade assim que conseguisse solucionar esse caso.

Sabia que os ia impressionar saber que tinha estado a trabalhar em segredo no escritório do multimilionário Jordan Everette, diretor de operações da Western Oil, um homem suspeito de aceitar subornos e também de sabotagem.

Tinha conseguido o caso fortuitamente; a secretária que ia substituir na empresa tinha entrado em trabalho de parto e o investigador que ia tratar do caso ainda estava ocupado com outro trabalho. Era a oportunidade perfeita para demonstrar a si própria e aos outros que podia fazê-lo e estava decidida a fazê-lo bem.

A agência estava a elaborar um relatório explicando-lhe quem era o alvo a investigar, mas não lho iam mandar até essa noite.

Até lá, teria de andar às cegas. Nem sequer tinha visto uma foto do novo chefe. Não sabia nada dele. Mas tendo em conta a sua posição na empresa, imaginava que já teria uns cinquenta anos e que seria careca e anafado.

Jane baixou um pouco a travada e curta saia que envergava. Normalmente, vestia fatos bem mais conservadores. Tinha pensado que um homem como o senhor Everette, um solteirão empedernido e bastante mulherengo, seria bem mais recetivo se a nova secretária vestisse saias curtas e saltos de agulha. Ela, que sempre tinha sido tímida e não muito sociável, que só tinha tido um encontro romântico a sério no segundo ano na universidade, ia ter de se comportar como uma secretária sexy.

Ao princípio, tinha-lhe parecido impossível. Mas tinha passado o fim de semana a tentar mudar de imagem. Tinha ido a um salão de beleza, onde lhe tinham ensinado a maquilhar-se. Também tinha renovado por completo o vestuário. Tinha-se surpreendido muito com o resultado, encontrava-se realmente sexy.

Antes de ir à Western Oil, tinha passado pela agência para recolher o passe de segurança. A rececionista nem sequer a tinha reconhecido e os homens olhavam-na de outra maneira.

Tinha conduzido até à central da Western Oil com mais segurança em si própria da que tinha sentido em toda a vida. Mas os nervos tinham voltado a atacá-la assim que saiu do carro. Era um trabalho muito importante. Estava certa de que se conseguisse solucioná-lo, os seus superiores a levariam a sério. Sonhava com conseguir uma promoção.

O elevador deteve-se e Jane foi pelo corredor até ao gabinete de Recursos Humanos. Deu o nome à rececionista e esta pediu-lhe que esperasse uns minutos.

Tirou o casaco e sentou-se numa das duras cadeiras de plástico. Poucos minutos depois, saiu uma senhora de meia-idade para a receber. Vestia de maneira muito elegante.

– Senhora Monroe? – perguntou-lhe enquanto a olhava de alto a baixo.

Jane pôs-se depressa em pé. Ainda que os detetives costumassem dar um nome falso, ela tinha decidido que ia tentar mentir o menos possível. Ser-lhe-ia bem mais fácil recordar o que tinha de dizer se não mentisse em demasiadas coisas.

– Bem-vinda, sou a senhora Brown – disse-lhe a mulher. – Vou mostrar-lhe os escritórios.

Jane pegou no casaco e seguiu a senhora Brown pelo corredor de volta ao elevador. Os sapatos magoavam-na e estava desejosa de poder chegar a casa e tirá-los.

– Suponho que a empresa de trabalho temporário lhe deu uma cópia da nossa política de empresa.

– Naturalmente – afirmou Jane.

De facto, tinha memorizado todas as normas de conduta da Western Oil.

A única experiência profissional que tinha, à parte dos meses que passara nos Serviços de Investigação Edwin, eram uns quantos verões no escritório de advogados da família desde os catorze anos. Também tinha lá trabalhado após licenciar-se, durante cinco anos até que reuniu a coragem para abandonar e tentar perseguir o seu sonho de ser detetive.

No elevador, a senhora Brown premiu o botão do último andar, onde estavam os altos cargos. Estava tão nervosa que mal podia respirar.

– Esta é a senhora Monroe – anunciou a senhora Brown ao guarda de segurança quando se abriram as portas do elevador. – Trabalhará durante uns meses para o senhor Everette.

– Bem-vinda, senhora Monroe – disse-lhe o jovem enquanto lhe olhava subtilmente para as pernas. – Posso ver o seu cartão de identificação, por favor?

Tirou-o da lapela do fato e entregou-lho. Ele anotou os dados num bloco.

– Ponha-o num lugar visível. Não a deixarão entrar sem ele – recordou-lhe o guarda.

Não lhe estranhou que tivessem um controlo tão severo. Ali trabalhavam pessoas muito importantes.

– Por aqui – indicou-lhe então a senhora Brown enquanto se dirigia a umas portas duplas de vidro.

Deu-lhe a impressão de que o guarda a continuava a observar. Não estava acostumada a que os homens a admirassem dessa maneira. Sempre tinha sido invisível para eles.

Estava a desfrutar com a mudança de imagem e a atenção que estava a obter. Mesmo sabendo que, sem essa roupa, continuava a ser a mesma Jane Monroe de sempre.

Entraram noutra zona e detiveram-se em frente ao balcão da rececionista.

– Apresento-te a senhorita Monroe, trabalhará de maneira temporária para o senhor Everette – disse a senhora Brown à mulher que estava ali sentada.

– Jen Walters. Bem-vinda ao piso superior, senhora Monroe – cumprimentou-a a rececionista com um sorriso caloroso.

– Muito prazer, Jen – afirmou Jane dando-lhe a mão. – Chama-me Jane, por favor.

A senhora Brown despediu-se delas e Jane sentiu-se ligeiramente melhor. Continuava nervosa, mas deu-lhe a impressão de que se ia dar bem com Jen Walters e o seu sorriso tinha conseguido serená-la um pouco.

– Que achas de te mostrar os escritórios e depois deixar que te instales calmamente? O senhor Everette está numa reunião, mas sairá em breve – sugeriu-lhe Jen.

A rececionista mostrou-lhe a sala de descanso e as casas de banho e apresentou-a às demais secretárias. Todas lhe pareceram muito agradáveis. Depois, mostrou-lhe a sua mesa.

– A Tiffany deixou-te instruções sobre as tuas funções e como o senhor Everette gosta das coisas – disse-lhe Jen enquanto lhe mostrava umas folhas impressas. – Queria estar aqui para te orientar, mas entrou em trabalho de parto antes de tempo.

– Ena... Bom, suponho que os bebés são imprevisíveis – afirmou.

– Desviei os telefonemas do senhor Everette para o meu telefone. Dou-te um par de horas para que te habitues ao lugar e depois passo-tos diretamente.

– De acordo, obrigada por me mostrares os escritórios – disse a Jen.

– Não tens de quê. Chama-me se tiveres alguma pergunta – afirmou a rececionista.

Quando ficou sozinha, assomou-se para ver o gabinete do seu chefe. Tinha grandes vidraças em duas das paredes de onde se via todo El Paso. Era o gabinete de um homem poderoso.

Pendurou a mala e o casaco no armário e sentou-se à sua mesa. Deixou o telemóvel na gaveta superior. Ligou o computador e pôs-se a olhar para a lista que Tiffany lhe tinha preparado. Viu que eram coisas bastante básicas. Dizia-lhe como atender o telefone, como o chefe tomava o café, que chamadas lhe devia passar diretamente e quais não. Chamou-lhe a atenção que a sua mãe fosse uma das pessoas com as quais preferia não falar se o pudesse evitar.

Pensou em examinar os ficheiros do computador para o caso de encontrar algo que o incriminasse, mas decidiu ir à casa de banho e retocar a maquilhagem. Queria estar apresentável para o novo chefe.

Pegou na mala e foi ao lavabo. Voltou a pintar os lábios e retocou a maquilhagem.

Só lhe faltava um dia para fazer vinte e nove anos, mas essa maquilhagem tapava-lhe as sardas que tanto a tinham feito sofrer desde os anos do liceu.

Nunca teria imaginado que a maquilhagem lhe pudesse mudar tanto a vida. Terminou de retocar-se e olhou-se ao espelho. Gostou do seu aspeto.

Saiu da casa de banho e deteve-se na sala de descanso para preparar um café. Depois, regressou à sua mesa. Quando entrou pela porta, ficou imóvel ao ver que havia alguém sentado na sua cadeira.

Não sabia quem poderia ser o homem que estava sentado à sua mesa.

Estava recostado comodamente na sua cadeira. Viu que estava a ler a lista que Tiffany lhe tinha deixado.

Tinha as mangas da camisa arregaçadas à altura dos cotovelos. Tinha o cabelo loiro escuro e usava-o bastante curto. Era muito atraente.

– Posso ajudá-lo em algo? – perguntou-lhe então.

O homem olhou-a com uns ardentes olhos castanhos e um sorriso que poderia derreter muitos corações.

– É o que espero – afirmou o homem enquanto se levantava da cadeira.

Era uma mulher alta, sobretudo com saltos, mas ele era bem mais. Tinha de levantar a vista para olhá-lo nos olhos. Era esbelto, mas forte e musculoso.

– Suponho que é a substituta da Tiffany – disse-lhe ele enquanto lhe oferecia a mão.

A mão era grande e calorosa. Não ignorou que ele aproveitara para a olhar de alto a baixo.

– Jane Monroe – apresentou-se ela.

– É um prazer conhecê-la, Jane Monroe.

Também o era para ela, ainda que não soubesse quem era esse homem tão charmoso.

– Por sinal, a Mary ligou-lhe.

Ficou sem fôlego. Supôs que se referia à sua irmã e não entendia como podia ter descoberto que estava a trabalhar ali.

– Ligou para aqui?

– Não, para o telemóvel – afirmou o homem enquanto abria a gaveta e tirava o seu telefone.

– Atendeu o meu telefone? – perguntou-lhe atónita.

– Não, a verdade é que deixou de tocar antes que o encontrasse na gaveta. Mas no ecrã apareceu o nome de uma tal Mary.

– Costuma rebuscar nas gavetas dos outros e tocar-lhes as suas coisas? – perguntou-lhe furiosa.

– Só se julgar que posso encontrar algo interessante – afirmou encolhendo os ombros.

Não era a resposta que esperava.

– Quem é você?

– Não sabe?

– Não – replicou contrariada. – Deveria saber?

Surpreendeu-lhe que lhe dedicasse um sorriso nesse preciso momento.

– Sou Jordan Everette, senhora Monroe, o seu chefe.