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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Annette Broadrick

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Nova paixão, n.º 849 - Setembro 2016

Título original: Married or Not?

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8596-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Se Sherri Masterson tivesse uma bola de cristal, quando acordou naquela sexta-feira de Maio, teria desligado o despertador e ficado na cama.

Mas em vez disso, levantou-se, tomou banho no apartamento que partilhava com Joan Price, amiga e professora no liceu. Depois, antes de ir trabalhar, fez um café e leu o jornal enquanto comia uma torrada.

Trabalhava em Austin, Texas, com um monte de «apanhadinhos» da informática que se dedicavam a inventar novos produtos a cada dia. O seu trabalho como escritora técnica consistia em traduzir a linguagem informática numa linguagem compreensível para todos os utilizadores de computador. Estava na New Ideas Inc. há três anos e estava muito contente.

Quando chegou ao escritório, estava toda a gente a falar do que iam fazer no fim-de-semana, mas os planos de Sherri eram os mesmos de sempre: ir às compras, levar a roupa suja à lavandaria e tratar da casa.

No sábado à noite aninhar-se-ia no sofá com o seu gato para ver um bom filme na televisão.

Para ela, os fins-de-semana significavam descanso. Não estava interessada em ir beber copos nem em conhecer ninguém, coisa que era difícil de explicar a Joan, que estava sempre a tentar convencê-la a sair com alguém: um colega, o amigo de um amigo, até mesmo um dos professores de ginástica do seu liceu.

Sherri não queria saber de nada. Sair com um homem, a possibilidade de se apaixonar… outra vez. E de lhe partirem o coração… outra vez. Já tinha passado por isso uma vez e custara-lhe muito sobreviver ao desastre.

Mas tinha sobrevivido. Embora o seu destino parecesse ser perder as pessoas que amava. Sherri descobrira que, apesar do que os poetas diziam, era melhor não amar do que amar e perder o ser querido.

Descobrira que a vida podia ser incrivelmente cruel três semanas antes de fazer catorze anos, quando lhe disseram que o avião no que os seus pais regressavam da Grécia se tinha despenhado.

Estava em casa da sua tia Melanie, desejosa de que os seus pais voltassem para ver as fotos da Grécia e, obviamente, de receber os presentes que lhe tinham comprado… mas isso nunca chegou a acontecer.

Era a primeira vez que os seus pais iam de férias sozinhos e a sua tia Melanie brincava sobre uma lua-de-mel, visto que não a tinham feito quando casaram.

Quando lhe contou que o avião tinha tido um acidente, Sherri recusou-se a acreditar que os seus pais tinham morrido. Tinha falado com eles ao telefone no dia anterior…

Só podia ser um erro. A sua tia Melanie devia estar enganada.

Mas o acidente apareceu em todos os meios de comunicação porque a maior parte dos passageiros eram norte-americanos. E não havia sobreviventes.

Sherri quase nem se lembrava do funeral. Só de cenas soltas daquele terrível momento. A melhor amiga da sua mãe a abraçá-la e a chorar enquanto Sherri olhava para ela sem derramar uma única lágrima. O chefe do seu pai a dizer à sua tia que Paul Masterson tinha um bom seguro de vida e um plano poupança-reforma, de modo que não tinham de se preocupar com dinheiro…

Como se o dinheiro pudesse compensar o que Sherri tinha perdido.

Estava tão furiosa… com toda a gente. Com a escola por a terem impedido de ir com eles para a Grécia; com a companhia aérea por ter deixado que o avião tivesse um acidente. E especialmente com os pais por terem morrido e terem-na deixado sozinha.

Oxalá tivesse ido com eles. Ao menos assim teriam morrido juntos.

Com o passar dos anos, Sherri tinha conseguido superar a dor, mas por um preço muito alto.

Desde então, mantinha toda a gente a certa distância e recusava ofertas de ajuda porque depender de alguém que pudesse vir a abandoná-la era demasiado angustiante. Não queria voltar a passar pelo mesmo de novo.

Aprendera a sobreviver a tudo o que a vida pudesse pôr-lhe no caminho sem se queixar, e a tomar decisões difíceis, mesmo que tivesse de pagar um preço muito alto por elas.

E a sua única relação amorosa tinha sido um completo desastre.

Agora Sherri dedicava-se exclusivamente ao seu trabalho, sem ter de sofrer a angústia de uma relação.

Estava concentrada em acabar um manual de informática que tinha de ir para a gráfica na próxima semana quando ouviu que o seu chefe, Brad Horton, tinha convocado uma reunião para as dez da manhã.

Ninguém parecia saber porquê. Normalmente reuniam-se às segundas-feiras. Sherri olhou para o manuscrito com uma careta. Faltava-lhe pouco para acabar… Mas, com alguma sorte, a reunião seria rápida.

Quando chegou à sala de reuniões estavam lá umas quinze pessoas. Porque é que Brad tinha convocado uma reunião só para uns quantos empregados? Estaria a pensar anunciar algum tipo de recompensa económica?

Sherri olhou à sua volta. Havia pessoas do seu departamento e de outros sectores da empresa. Talvez o trabalho deles fosse ser reconhecido. Talvez Brad estivesse a pensar dar-lhes uma bonificação.

«Pois, de certeza».

Ninguém sabia o que estavam ali a fazer e toda a gente especulava em voz baixa.

– Obrigado por terem vindo – disse Brad, finalmente. – Como toda a gente sabe, tivemos algumas dificuldades com as previsões de vendas deste trimestre. A direcção investiu um tempo e um esforço consideráveis para encontrar uma solução e, lamentando-o muito, chegamos à conclusão que o melhor para a empresa é fazer uns cortes nos quadros.

A seguir a estas palavras ouviu-se uma exclamação colectiva. O coração de Sherri parou por um momento antes de começar a bater como louco. Iam despedi-la?

– Quero que saibam que isto não tem nada a ver com a vossa dedicação ao trabalho – continuou Brad. – Não temos queixa de ninguém, mas vemo-nos mesmo obrigados a cortar despesas e, infelizmente, esta é a única forma de o fazer.

Sherri estava horrorizada. Era indiferente o que Brad dissesse, o importante era que estavam todos despedidos.

Angustiada, tentou cair na realidade. Nunca antes a tinham despedido de lado nenhum; pelo contrário, sempre lhe tinham elogiado o seu trabalho. Mas porque é que iam despedi-la a ela? Compreendia que a empresa tinha problemas económicos, mas porque é que ela era uma das escolhidas?

O que é que ia fazer? Como é que ia dizer à Joan que tinha ficado sem trabalho? Joan sugerira-lhe que fossem viver juntas porque não conseguia pagar o aluguer do apartamento sozinha.

– Para a transição não ser tão difícil para vocês… – continuou Brad – cada um vai receber, como compensação, o salário de um mês. E lembrem-se que isto é apenas uma decisão económica, não tem nada a ver com o vosso trabalho. Alguma pergunta?

Ninguém disse nada. Finalmente, Sherri levantou a mão.

– Sim, Sherri?

– Eu estou a trabalhar num manual… e está quase pronto para o mandar para a gráfica. Quer que o acabe antes de ir?

Ele negou com a cabeça.

– Agradeço a tua oferta, mas não. Vamos ter de o acabar de outra forma. Mais alguma pergunta?

Ninguém disse nada.

– Nesse caso – Brad enfiou a mão no bolso do casaco e tirou um monte de envelopes. – Tenho aqui os vossos cheques. Alguém da equipa vai ajudar-vos a arrumar as vossas coisas.

Iam despedi-los assim, de repente, da noite para o dia. Ia ter de limpar o seu gabinete enquanto outra pessoa olhava por cima do ombro para garantir que não levava nada que não fosse seu.

Sherri pegou no seu envelope e voltou para a sua mesa. Ninguém dizia nada. Os que não tinham sido despedidos estavam cabisbaixos, a trabalhar. Se ela estivesse no lugar deles, provavelmente teria feito o mesmo. Agora eram pessoas diferentes; eles continuavam a ter trabalho e ela não.

Com o coração oprimido, Sherri pegou numa caixa e começou a guardar manuais e coisas que tinha ido acumulando ao longo daqueles três anos.

Uma vez no parque de estacionamento, entrou no seu carro, aquecido pelo sol, e ligou o ar condicionado. Depois apoiou as mãos no volante e ficou a olhar para a frente, sem saber o que fazer.

«O que é que fiz mal?». «Nunca cheguei atrasada e nunca fiquei doente, como outros colegas. Talvez não devesse ter faltado àquela reunião na semana passada para poder acabar o catálogo».

De repente, levou a mão ao coração. Como é que ia pagar o aluguer? E o telefone, a luz e todas as facturas do mês? Tinha poupado algum dinheiro para emergências, mas não era suficiente.

Usara o dinheiro que os pais lhe tinha deixado para pagar o curso e comprar o carro. Felizmente, não tivera de pedir nenhum empréstimo, de modo que não devia nada a ninguém.

O que é que ia fazer? Tinha de encontrar outro trabalho, mas onde?

Ia ter de passar por entrevistas, coisa que detestava. Ia ter de lhes dizer que tinha sido despedida…

Finalmente, viu dois dos seus colegas no parque de estacionamento a conversar sobre o que tinha acontecido. Ela não queria falar com ninguém. O que queria era ir para casa e esconder-se debaixo da cama ou, pelo menos, esconder a cabeça na almofada.

A sua vida era tão organizada, tão cuidadosamente construída. Sherri pensava que trabalhar muito e esforçar-se por fazê-lo o melhor possível a protegia de tudo. Grande erro.

De repente, os seus olhos encheram-se de lágrimas. Mas não podia ficar no parque de estacionamento o dia todo. Não tinha mais nenhum lugar para onde ir além da sua casa. Felizmente, Joan estava a trabalhar e não ia ter de a ver até à noite.

Joan tinha planeado passar o Verão a viajar pela Europa com uns colegas do liceu. Iam no fim de Junho…

Sabia que era uma cobardia, mas Sherri teria preferido que aquilo acontecesse enquanto Joan não estivesse. Assim poderia acalmar-se e fazer planos tranquilamente.

Sentia-se doente, mas tinha de pensar em qualquer coisa…

A suspirar, olhou-se no retrovisor.

– O que é que vais fazer?

A imagem que o espelho de devolvia, com o seu cabelo castanho-escuro, os olhos verdes e o rosto pálido, não parecia ter resposta.

– Não te assustes, há coisas piores.

Sherri voltou a colocar o espelho e arrancou, a suspirar. Ao menos o carro estava pago. Menos uma preocupação. Só rezava para que não tivesse nenhuma avaria antes de encontrar outro trabalho.

Quando olhou para o relógio ficou surpreendida ao ver que ainda nem era meio-dia. Só tinham passado umas horas desde que estivera a tomar o pequeno-almoço calmamente em sua casa. Sherri abanou a cabeça. Não podia ser. Era como se, de repente, estivesse no limiar do tempo. Nada daquilo parecia real.

Embora não houvesse trânsito nenhum, fez um esforço por concentrar-se na estrada, tentando não chorar. Mas depois de uns quantos quilómetros descobriu que naquele dia, a sorte estava contra ela. À frente estava um engarrafamento. Devia ter sido um acidente.

Por hábito, olhou pelo retrovisor enquanto pisava no travão… e ficou de pedra.

Um camião aparecera de repente e aproximava-se a toda a velocidade. Não estava a ver as luzes dos travões? Não via os carros que tinha à sua frente?

O tempo pareceu parar enquanto ouvia o ranger dos travões do camião, que se aproximava dela inexoravelmente…

Uma estranha calma apoderou-se dela enquanto esperava que o camião lhe batesse. Talvez fosse assim como ia morrer. E naquele momento, não se importava.

A última coisa que ouviu foi o som do choque do metal quando o camião bateu violentamente contra o seu carro.

Sherri acordou em algum momento, a perguntar-se onde estava. Era como se estivesse a flutuar. Ouvia vozes à sua volta, mas não pareciam ter nada a ver com ela.

– Está presa no carro! Temos de a tirar!

– Está viva?

– Não sei. Estou a vê-la, mas não consigo chegar a ela.

Sherri perguntou-se de quem estariam a falar. Que falta de educação. Não estavam a ver que ela estava a tentar descansar?

Então, sentiu que alguém a tocava.

– Ainda tem pulso. Vamos tirá-la daqui!

O banco mexeu-se. Porque é que estava ela por baixo do tablier?

Então, sentiu que a puxavam e deu um grito… antes de voltar a perder os sentidos.