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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Teresa Carpenter

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Faíscas de amor, n.º 1303 - Julho 2016

Título original: Sparks Fly with Mr. Mayor

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2011

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8539-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Quando crescer vou casar-me com Cole – anunciou uma vozinha do banco traseiro do carro.

– Ah, sim? – Dani Wilder olhou para a sua filha de três anos pelo espelho retrovisor. Os seus caracóis cor de mogno eram uma mistura perfeita do cabelo cor de chocolate do seu pai e do tom acobreado dela. E o destino abençoara-a com os olhos azuis de Kevin, já que os dela eram de um tom cinzento enfadonho.

– Sim – confirmou Faith, com um sorriso. Sempre inquieta, a menina começou a dar pontapés no banco com as suas botinhas. – Cole disse que sou a sua rapariga favorita.

Dani cerrou os dentes, decidida a falar com Cole Sullivan assim que tivesse oportunidade.

Uma imagem do homem apareceu na sua mente: atraente, de cabelo escuro e olhos azuis brilhantes. Era alto, de ombros largos e com aspecto de atleta.

Tinham-se mudado para Paradise Pines há dez meses e estava lá há menos de uma semana quando lhe falaram da reputação do presidente da câmara com as mulheres. Pelos vistos, era um sedutor, o tipo de homem que as amava e depois as deixava. E isso dizia tudo para ela. Não importava que, misteriosamente, se desse bem com todas as suas ex-namoradas. Em qualquer caso, não tencionava deixar que deslumbrasse a sua filha.

Dani virou à esquerda para entrar no parque de estacionamento do restaurante e procurou um espaço livre. Iam jantar com Samantha Sullivan, a sua melhor amiga do liceu, e a sua família.

Samantha era a razão pela qual escolhera viver em Paradise Pines, um lugar tranquilo e seguro para criar Faith.

– Não achas que devias consultar-me antes de te casares?

– Casar-me-ei quando for muito crescida. Mas perguntar-te-ei na mesma, mamã.

Dani sorriu enquanto estacionava o carro. Era uma sorte ter uma menina tão boa, pensou, enquanto se virava no banco para lhe alisar o vestido cor-de-rosa com o casaco a condizer.

– Estás muito bonita esta noite, querida.

Contente, Faith passou as mãos pela saia do vestido.

– Tu também estás bonita, mamã.

– Obrigada. E lembra-te, tens de ser boa e tens de te portar bem no restaurante.

Faith assentiu com a cabeça enquanto Dani saía do carro para a tirar da sua cadeirinha.

– Cole podia ser o meu papá em vez de me casar com ele – disse a menina. – Então, poderia viver connosco e não teria de esperar até crescer.

Dani sentiu um nó no estômago. Estava claro que a sua filha precisava de um pai. Falara-lhe muito de Kevin e costumava mostrar-lhe fotografias, mas sabia que nunca seria real para a sua filha.

Faith queria alguém com quem pudesse brincar, alguém que a aconchegasse e lhe contasse histórias à noite.

– Não é fácil, querida.

Especialmente com Cole Sullivan que, a julgar pelo que diziam, era alérgico a qualquer forma de compromisso.

– Porquê? – Faith segurou na sua mão enquanto entravam no restaurante.

– Porque um papá faz parte da família. Nós já somos uma família.

– Mas podíamos perguntar a Cole se quer ser da família.

Ou não.

– Não funciona assim, querida. As mamãs e os papás têm de se amar e eu não conheço o senhor Sullivan.

O que era verdade. Embora o tivesse visto várias vezes, como presidente da câmara, socialmente só o vira três vezes e sempre em grupo. E mantinha sempre a distância.

Era o cunhado de Samantha e conhecia-o porque a sua amiga cuidava de Faith de tarde três vezes por semana. Embora soubesse que Cole gostava de brincar com as crianças e visitava frequentemente a casa.

– Ah, claro – entristecida, Faith deixou escapar um suspiro.

Bela actriz, pensou Dani, disfarçando um sorriso.

– Ah, aqui está a minha rapariga favorita – disse um homem atrás dela.

– Cole! – exclamou Faith, soltando a sua mão para se agarrar às pernas do homem. – O que fazes aqui?

Boa pergunta. Dani esperava que não fosse jantar com elas.

Cole pegou em Faith ao colo e a menina riu-se, contente.

– Olha, mamã, sou mais alta do que tu!

– Sim, estou a ver. Importar-se-ia de a pôr no chão, senhor presidente? Está a amarrotar-lhe o vestido.

Cole olhou para ela com os seus olhos azuis brincalhões, mas não disse nada.

– Não me importo, mamã. Eu gosto – disse Faith, pondo os braços à volta do pescoço de Cole.

– Não, a tua mamã tem razão, não queremos amarrotar esse vestido tão bonito – Cole pôs a menina no chão e olhou para Dani. – E não tens de ser tão formal, podes chamar-me pelo meu nome.

Estaria a rir-se dela? Ela tinha todo o direito do mundo de proteger a sua filha como quisesse.

– Quando tiveres alguns minutos, eu gostaria de falar contigo – disse-lhe.

O sorriso de Cole desapareceu.

– Sim, é claro – o presidente da câmara virou-se para o empregado. – Temos uma mesa reservada em nome de Sullivan.

Nesse momento, abriu-se a porta e os Sullivan entraram, com o conseguinte caos de cumprimentos e beijos. Apesar de terem a mesma estatura e cor de cabelo, o aspecto físico de Alex e de Cole era diferente. Enquanto Cole era musculado e magro, Alex era forte. Não lhe custava nada carregar a alcofa com o seu filho de sete meses lá dentro.

Dani sabia que eram seis irmãos Sullivan. Os quatro que conhecia eram homens muito bonitos, fortes e viris de cabelo escuro e olhos azuis. E não tinha a menor dúvida de que os gémeos, que não conhecia, seriam igualmente bonitos.

Sabia que Samantha tinha ilusões de que acabasse com algum deles, mas a única coisa que Dani queria era criar a sua filha e gerir o seu negócio. Não tinha tempo para homens.

Sami tinha o seu filho de dois anos ao colo, Seth, enquanto o de quatro anos se aproximava para abraçar Faith.

– Olá, querida – Dani beijou a sua amiga e Seth, que estendera os bracinhos para ela. – Alegro-me por termos podido encontrar-nos todos.

– Eu também – Samantha passou-lhe um braço pelos ombros. – Vamos divertir-nos muito. Já temos a nossa mesa?

– Sim, é para já – disse o empregado.

Uma vez sentados à mesa, com as crianças nas suas cadeirinhas, Cole segurou no braço de Dani.

– Perdoem-nos por um instante. Vamos conversar lá fora.

– Não tínhamos de falar agora! – protestou Dani, enquanto saíam do restaurante. – Podíamos ter falado depois.

– Não – Cole soltou-a quando chegaram à rua. – Eu penso que estas coisas têm de ser faladas o quanto antes, assim não há falsas expectativas.

– Falsas expectativas? – repetiu ela, surpreendida. De que estava a falar?

Uma vez sentados num banco à frente da porta, Dani tentou afastar-se. Mas estava tão decidida a afastar-se que quase caiu pelo outro lado e, sem querer, acabou por se agarrar à perna dele. Rindo-se, Cole segurou-a, dando-lhe uma palmadinha na mão.

Mortificada, ela levantou o olhar para pedir desculpas e encontrou os seus olhos azuis brincalhões.

– És uma mulher muito bonita – começou a dizer ele. – E tenho a certeza de que também és inteligente, engenhosa e tens muito para oferecer a um homem. Mas não és o meu tipo.

Dani pestanejou, atónita.

– Achas que ia convidar-te para sair?

– Não tens de te sentir incomodada...

– Não estou incomodada, estou zangada – interrompeu-o ela. – Sei que não sou o teu tipo. Evidentemente, sou demasiado crescida para ti. Gostas de jovens, muito mais jovens do que eu.

A postura de Cole tornou-se defensiva.

– De que estás a falar?

– Estou a falar dos planos de casamento que a minha filha fez enquanto vínhamos para o restaurante. Estás louco, fazer um comentário assim a uma menina de três anos?

– Ah, sim – murmurou ele. – Pensei que um noivado fictício a distrairia do que realmente quer, um pai a sério.

– Disse-te isso?

Cole encolheu os ombros.

– Mais ou menos.

– Eu falo-lhe muitas vezes do pai dela.

– Sim, eu sei. Chamava-se Kevin, foi para o Céu e tem saudades dele.

Dani sentiu um aperto de tristeza no coração pelo marido que perdera e pela filha que queria substitui-lo na sua vida.

– Não é real para ela – reflectiu. Mas depressa se apercebeu de que o dissera em voz alta.

– Não, eu sei – disse Cole. – Algum dia, Faith agradecer-te-á por o ter conhecido através das coisas que lhe contas, mas esse dia ainda está longe.

– Dizes isso como se soubesses por experiência.

– Perdi os meus pais quando tinha dez anos. E lembro-me deles, mas só me lembro do meu avô pelas coisas que a minha avó me contava. Dizem que me pareço muito com ele.

– Olha, lamento muito e reconheço os teus esforços para ajudar Faith, mas, como sei que não estás interessado em compromissos, agradeceria muito se te afastasses dela – esperando que isso concluísse a conversa, Dani levantou-se, disposta a voltar para o restaurante.

– Não posso prometer-te isso.

– Desculpa?

– Farei o que puder para me afastar de Faith, mas só a vejo quando vou visitar os meus sobrinhos. Não vou deixar de ver os meus sobrinhos, portanto não posso prometer que me afastarei de Faith.

– Sou a mãe dela, tens de fazer o que eu te pedir.

– E achas que afastar-me da tua filha mudará alguma coisa?

– Faith deixará de... estar fascinada por ti.

– Se eu desaparecer da sua vida, simplesmente procurará outro possível papá.

– Não há mais ninguém.

– Não há ninguém na tua vida, eu sei. Faith sai mais do que tu.

Um facto triste, mas verdadeiro. E não era muito cavalheiresco indicá-lo.

– Olha, eu nunca faria mal à tua filha – continuou Cole. – É uma menina encantadora, inteligente e feliz. Eu gosto de estar com ela e sou seu amigo. Mas se insistires, tentarei visitar os meus sobrinhos quando ela não estiver lá em casa. E não a encorajarei, mas também não vou ignorá-la, não quero ferir os seus sentimentos.

Dani gostaria de protestar, mas sabia que tinha razão. Além disso, mesmo que quisesse culpá-lo, a raiz do problema estava em Faith, não nele.

– Devíamos voltar antes de alguém sair para nos procurar. Não sei se pensas o mesmo, mas tenho fome.

 

 

Dani estava de mau humor, mas devia disfarçar por Samantha e pelos outros. De modo que se obrigou a sorrir durante o jantar.

Não demorou muito a perceber que Cole era muito divertido e espantosamente bom com as crianças e isso fê-la sentir-se como uma tola.

Além disso, estar triste com o que acontecera magoava-a mais a ela do que a ele e não tencionava deixar que lhe arruinasse a noite.

De modo que respirou fundo e virou-se para Samantha para lhe contar uma história da senhora Day, que pedira um champô e uma permanente para o seu caniche, Pebbles.

Samantha deu uma gargalhada.

– E convenceste-a de que não podia fazê-lo?

– Não, Lydia passou-lhe uma multa por violar as regras de higiene ao levar um cão ao cabeleireiro. A senhora Day escapou a toda a velocidade, garanto-te.

– Gostaria de ter visto isso. Na verdade, Lydia não pode passar multas, faz parte do pessoal administrativo.

Dani pestanejou.

– Não sabia. E, felizmente, a senhora Day também não.

– A minha avó está contente com o teu cabeleireiro, Dani – disse Alex, então. – Segundo ela, fá-la parecer mais jovem e moderna.

– A avó é jovem e moderna – indicou Cole.

– É jovem de coração, que é o que importa – assentiu Dani. Matilda Sullivan, a matriarca da família, era uma mulher inteligente e com a energia e a agilidade de uma pessoa trinta anos mais nova. – Eu admiro-a imenso.

– Tem cuidado – avisou Alex. – Eu adoro-a, mas gosta de se meter na vida de todos.

Sim, era verdade. E o seu objectivo do momento era encontrar uma mulher que se candidatasse para as eleições da câmara contra Cole, o actual presidente da câmara. Aparentemente, não estavam de acordo sobre o que fazer com uma parcela doada pela família Anderson à comunidade. A maioria dos homens queria um complexo desportivo e a maioria das mulheres queria um jardim botânico que fosse, ao mesmo tempo, um museu de Ciências Naturais.

– Arriscar-me-ei. A tua avó ajudou-me muito com o cabeleireiro.

– Porque se transformou no lugar de encontro do grupo que se opõe ao complexo desportivo. Está a usar o teu cabeleireiro para procurar apoio.

– Falámos desse assunto, é verdade, mas também falámos de muitas outras coisas – replicou Dani. – Eu não censuro as conversas dos meus clientes, desde que paguem.

– Ah, claro, tu és uma boa empresária.

– O que é uma empresária? – perguntou Faith.

– Significa que a tua mamã é uma mulher de negócios muito inteligente – respondeu Samantha. – E vamos parar com esta conversa – acrescentou, olhando para Cole com um ar de aviso.

– Vamos comer sobremesa? – perguntou Gabe, de quatro anos.

– Sim, claro – Alex fez um gesto ao empregado e, depois de pedir sobremesas para todos, apertou a mão da sua mulher. – E chegou o momento de vos contar o propósito deste jantar.

Samantha olhou para Cole e Dani com um sorriso nos lábios.

– Vocês são as nossas pessoas favoritas e nós gostaríamos muito que fossem os padrinhos de Jake.

Emocionada e assustada ao mesmo tempo, Dani olhou para Cole e descobriu que tinha uma expressão estranhamente vulnerável.

– De certeza que não querem que seja Brock ou Ford? – perguntou Cole.

– Não, queremos que sejas tu – respondeu o seu irmão.

– Jake ama-te muito – acrescentou Samantha. – Ninguém o faz rir-se mais do que tu.

– Então, será uma honra – assentiu ele, finalmente.

Dani percebeu que o dizia de coração. Surpreendera-se com o pedido e estava entusiasmado. Talvez não fosse assim tão horrível que fossem os padrinhos de Jake. E, felizmente, os padrinhos não costumavam ter grandes responsabilidades.

Aquela era uma decisão que não tinha de se pensar duas vezes. Além disso, Samantha era a sua melhor amiga. Estivera ao seu lado no pior momento da sua vida e ela adorava os seus filhos.

– Dani?

– É claro que sim – respondeu ela. – É uma honra que me peças isso.

– Sabes que, de coração, és a minha irmã. És a pessoa em que mais confio – disse Samantha.

– Eu penso o mesmo. Podes contar comigo.

– Sempre o fiz. Alegro-me muito por viveres em Paradise Pines. Os Sullivan são maravilhosos e receberam-me com os braços abertos, mas Faith e tu também são a minha família.

Dani teve de pigarrear, emocionada. Ela crescera em casas de acolhimento. Casas decentes, em geral, mas sempre impessoais. À excepção do tempo que vivera com Kevin, não recordava o que era fazer parte de uma família. E não sabia o que significava ter uma irmã, mas Samantha era o mais parecido.

– Eu também me alegro por ter vindo. E Faith adora os teus filhos. Na verdade, enquanto vínhamos para aqui, a minha filha disse-me que ia casar-se com Cole quando crescesse – contou-lhe Dani, em voz baixa.

Samantha riu-se, contente.

– Cole é um sedutor e Faith é uma fã – disse-lhe, dando-lhe uma palmadinha no ombro. – A sua mãe deveria tomar nota, na verdade. Ah, aqui está a sobremesa. Pedi dois gelados de chocolate com nozes para nós. Temos de celebrar.

– Claro que sim – assentiu Alex, beijando a sua mulher.

Dani virou a cabeça e descobriu que Cole estava a olhar para ela.

– Parece que não vamos poder manter a distância como querias.

Incrível, simplesmente fantástico. Sem dizer nada, Dani pegou na sua colher para provar o gelado. Podia dizer o que quisesse, aquela era uma noite de celebração.