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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Carol Marinelli

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Vingança e traição, n.º 1168 - novembro 2017

Título original: Italian Boss, Ruthless Revenge

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-389-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

– Ranaldi chegou!

Um calafrio percorreu a recepção elegante do hotel, começando pelo gesto do porteiro para avisar o gerente que, por sua vez, fez um gesto para o balcão. Caitlin teve a sensação de que toda a gente ficava tensa quando uma limusina parou à porta.

– A questão é… – Glynn, o gerente, afastou a franja da cara num gesto nervoso. – Qual deles?

A resposta era muito mais importante para Caitlin do que ele podia imaginar.

Lazzaro e Luca eram os proprietários da cadeia de hotéis Ranaldi e, juntamente com a sua irmã, herdeiros do vasto império do seu pai, que morrera um ano antes.

Imponente? Sim.

Notícia? Não.

A menos, claro, que essa fortuna tivesse caído nas mãos de dois gémeos identicamente impressionantes. Não um, mas dois protótipos masculinos que apareciam regularmente nas revistas, graças à sua existência mimada e superficial. Desde a morte do seu pai e o casamento da sua irmã em Melbourne, estavam na cidade dois Don Juan que viviam muito bem. Na semana anterior, Luca aparecera nas revistas por uma discussão no casino e Caitlin recordava também uma detenção por conduzir bêbado…

Um homem de fato escuro saiu da limusina e Caitlin conteve a respiração…

– Qual deles é?

– Ainda não tenho a certeza – murmurou Glynn. – São idênticos.

Caitlin esperava que fosse Lazzaro.

Não porque fosse o mais poderoso, o líder, mas por uma razão que Glynn não imaginava.

Ao ver umas sandálias de salto alto a sair do carro Caitlin mordeu o lábio, perguntando-se o que faria se Roxanne aparecesse, perguntando-se o que os outros diriam se soubessem a verdade…

Luca Ranaldi namorava com a sua prima.

– É Lazzaro – confirmou Glynn enquanto, sem esperar pela rapariga, o homem entrava.

– Como sabes? Não disseste que são idênticos?

– Lazzaro não espera por ninguém – disse o gerente em voz baixa. – Nem sequer por uma mulher bonita.

Caitlin já o vira antes, nos jornais ou na capa de uma revista económica que estava a ler para as suas aulas, contudo, nada a preparara para o impacto de o ver pessoalmente.

Moreno, alto, com mais de um metro e oitenta e cinco, estava claro que era o dono daquele sítio. Emanava arrogância e, quando se aproximou do balcão, pensou que não só era bonito, mas absolutamente impressionante. O seu cabelo preto ondulado era mais comprido do que nas fotografias e os seus olhos…

Caitlin teve de suspirar. Tinha uns olhos pretos como a noite e igualmente perigosos. Quando o seu olhar parou nela, parecia aborrecido, desinteressado, contudo, foi como se a imagem ficasse gravada na sua mente, para que pudesse examiná-la com prazer: o seu nariz, a pele escura, os lábios incríveis…

Apercebendo-se de que estava a olhar para ele como uma parva, Caitlin reparou na mulher que ia atrás dele, que estava sentada num dos sofás luxuosos e não conseguiu evitar um sorriso irónico.

Embora não fosse Roxanne, poderia ter sido.

A beleza morena que acompanhava Lazzaro não tentara parecer natural quando se maquilhara. O seu cabelo preto caía sobre uns ombros que só podiam estar tão perfeitamente morenos graças ao solário e ao bronzeador.

– Bem-vindo, senhor Ranaldi – Glynn estendeu-lhe a sua mão, contudo, Lazzaro Ranaldi não se incomodou em apertá-la.

– Como está tudo? – perguntou, olhando à sua volta. – Algum problema?

– Nenhum – respondeu o gerente.

– Luca já chegou?

– Não, ainda não – Glynn, discretamente, omitiu a chamada que recebera pouco antes, exigindo que preparassem a melhor suíte do hotel antes da sua chegada.

– Como vai o casamento?

– Muito bem. Bom, há um pequeno problema, mas estamos a resolvê-lo agora mesmo.

Lazzaro Ranaldi arqueou uma sobrancelha e, embora não dissesse nada, o gesto indicava que queria mais informação.

– O pai da noiva, o senhor Danton…

– Gus Danton é um bom amigo meu – interrompeu Lazzaro. Embora falasse a sua língua perfeitamente, o leve sotaque italiano tinha um tom de advertência.

Caitlin levantou as sobrancelhas. Afinal de contas, se era tão amigo de Danton, porque não fora ao casamento? Não o disse em voz alta, claro, no entanto, ou Lazzaro Ranaldi conseguia ler os pensamentos ou a sua expressão chamara a sua atenção porque se virou para olhar para ela.

– Não há sábados à noite suficientes no ano para ir a todos os casamentos. Mas, como o senhor Danton escolheu um dos meus hotéis e é meu amigo, naturalmente vou aparecer. Claro que teria gostado de ouvir que não houve problemas…

– Sim, eu entendo – assentiu Glynn.

– Então?

– Pediu que o bar permanecesse aberto durante mais uma hora e… O seu cartão de crédito foi rejeitado. Ia falar discretamente com ele agora mesmo…

– Dá-me os detalhes – Lazzaro estalou os dedos na sua direcção.

– Caitlin só está há uns dias connosco, senhor Ranaldi – explicou Glynn, aproximando-se do computador. – Está a acabar os seus estudos e…

– Desde quando uma estudante trabalha até à meia-noite? – perguntou Lazzaro, olhando para ela de cima a baixo.

Caitlin pigarreou, passando a mão pela saia.

– Quis ficar para ver o que fazíamos num sábado à noite…

Como teria gostado que a tivessem avisado da sua chegada para ir à casa de banho e retocar um pouco o cabelo, pensou ela. Quase conseguia sentir o seu penteado a desfazer-se sob o olhar escuro de Lazzaro Ranaldi.

– Tem estado a lidar com os clientes?

– Sim – respondeu Glynn. – Bom, está a ser controlada, é claro.

O que não era bem verdade. Glynn saíra para fumar mais vezes do que Caitlin conseguia contar. Porém, não ia dizer nada.

– Desde que consiga atender os clientes sem fazer asneira é suficiente para mim – disse Lazzaro.

Podia ser divino, contudo, era um bruto arrogante e desagradável, pensou ela, enquanto procurava a conta de Danton no computador.

– A conta – insistiu Lazzaro, esperando que os dados aparecessem no ecrã por arte de magia.

No entanto, a sua impaciência deixou-a tão nervosa que teve de respirar fundo para recordar o que tinha de fazer.

Então, de repente, ele pôs-se atrás dela, quase a tirar-lhe o rato da mão. As suas esperanças de conseguir boas referências do hotel Ranaldi desapareceram quando carregou no botão, não uma vez mas duas, como se tivesse um tique no dedo, apagando a ficha do cliente perante os olhos do próprio Lazzaro Ranaldi.

Nervosa, Caitlin carregou no botão de «Desfazer». Sentia o fôlego de Ranaldi no pescoço quando apareceu uma mensagem no ecrã:

«Colocar Susan na cama.»

O quê?

Oh, não, devia ter carregado no «Cancelar». Assim que pressionou o botão «OK» recordou o significado da mensagem, algo que nunca, nunca, deveria ter feito.

Então, quando o ecrã se apagou, Caitlin soube que fizera asneira

Ela nunca dizia palavrões… Bom, nunca diante do seu chefe, contudo, fugiu-lhe um antes que conseguisse evitar. A expressão alarmada de Glynn disse-lhe que a ouvira.

– Está tudo bem? – perguntou o gerente, nervoso.

– Parece que há um problema com o sistema…

Caitlin desejou ter ido para casa mais cedo.

– Um problema com o sistema? O que fizeste?

Destruíra a sua carreira antes de começar, pensou ela. O mau feitio de Lazzaro Ranaldi era lendário entre os seus empregados e Caitlin nunca esperara ter de o suportar.

Preparando-se para ouvir que não havia lugar para ela no seu hotel, valente e talvez tolamente, levantou o olhar.

A sua expressão aterrorizada transformou-se numa expressão de surpresa ao ver que o seu olhar não era hostil. Muito pelo contrário. A menos que estivesse a ter visões, viu que havia um sorriso nos seus lábios.

– Não faz mal – disse Lazzaro Ranaldi. – Como Caitlin disse, há um pequeno problema com o sistema… Nada que não possa ser resolvido. Não tens de atender os clientes, Glynn?

– Sim, sim, claro.

Havia um problema com o sistema?, perguntou-se ela.

Lazzaro tentou afastá-la, contudo, Caitlin ficou imóvel.

Sem dizer nada, ele pôs a sua mão em cima da mão dela para a levar para o botão vermelho que fechava o programa. Devia afastar-se, no entanto, não o fez, não conseguia. Com o coração apertado, viu-o a entrar no programa outra vez para recuperar os dados da conta de Danton.

– Felizmente, temos uma cópia de segurança.

Todos os músculos do seu corpo estavam tensos, porém, não tinha nada que ver com o trabalho, nem com o seu chefe vê-la a cometer um erro tremendo, mas com o homem que estava praticamente encostado a ela, com o seu cheiro e a sua masculinidade a envolvê-la por completo.

– Como? – conseguiu perguntar. – Glynn disse-me que…

– Enviam-me os dados diariamente para que os comprove – explicou Lazzaro. – Nada do que acontece neste computador é apagado até eu rever tudo.

– Ah, ainda bem.

– Ainda bem, desde que ninguém tente roubar dinheiro ou alojar alguns amigos na suíte presidencial a preços de quarto normal, desde que não se dedique a fazer coisas particulares no horário de trabalho…

– Eu nunca… – Caitlin corara, porém, se tivesse tido coragem para levantar a cabeça, teria visto que ele estava a sorrir.

– Está tudo bem? – Glynn voltou nesse momento.

– Sim, claro – Lazzaro encolheu os ombros. – Vejo que Gus pagou quarenta e oito horas antes do copo-d’água…

– Sim, mas, de qualquer forma, pensei que devia avisá-lo.

– Lazzaro! – sorrindo e com a cara tão vermelha como Caitlin, Gus Danton apareceu no hall. – Vem beber um copo.

– Ia fazê-lo agora mesmo. Espero que esteja tudo como tu esperavas.

– Perfeito! Está tudo perfeito. Bom, excepto… – Danton virou-se para Glynn. – Resolveu a situação do bar?

– É claro – respondeu Lazzaro. – Para a semana que vem receberás uma conta pormenorizada.

– Detalhes, detalhes… – Gus Danton fez um gesto com a mão. – Vem beber um copo, amigo.

– Vou já.

Quando Danton se afastou, Lazzaro fez um gesto à sua amiga e esta levantou-se sem dizer uma única palavra. Como um cachorrinho bem treinado, pensou Caitlin, sentindo-se pouco caridosa.

Todos os empregados ficaram tensos enquanto o casal se dirigia para a sala do copo-d’água.

No entanto, quando todos começavam a relaxar e respiravam fundo, Lazzaro Ranaldi virou-se para se dirigir a Caitlin, que estava atónita.

– Porque fiz isso?

– O quê?

– Vamos, está aqui para aprender – disse ele, impaciente. – Sabendo que poderia não ter dinheiro para pagar a conta, porque decidi não verificar?

– Pois… – Caitlin olhou para Glynn para pedir ajuda, porém, a gerente não podia fazer nada. Porque é seu amigo? – sugeriu. Lazzaro franziu o sobrolho. – Porque é um cliente e, em vez de o envergonhar esta noite, prefere… Não, não é isso. Porque já pagou muito dinheiro e…

– Todas essas são boas razões, mas não – interrompeu Lazzaro. – O senhor Danton tem mais três filhas e todas estão solteiras. Se ficar satisfeito com os serviços, teremos mais três casamentos no futuro.

Depois disso virou-se e, dando a mão à sua amiga, dirigiu-se para a sala do copo-d’água.

Havia vários relógios na recepção, cada um com as horas de diversas cidades do mundo. Era meia-noite menos dez em Melbourne, duas menos dez em Londres, nove menos dez em Nova Iorque. Caitlin olhou para eles, congelando aquela imagem na sua mente. Porque, de repente, era relevante. Porque, pela primeira vez, entendia a expressão: «O tempo parou».

Era verdade.

À meia-noite menos dez, os olhos de Caitlin Bell cravaram-se nas costas de Lazzaro Ranaldi, porque levava com ele um bocado do seu muito jovem e terno coração.

 

 

– Devias ir para casa – disse Glynn depois. – Já não há muito para fazer.

– Mas vai haver – Caitlin corou porque o seu desejo de ficar não tinha nada que ver com o seu desejo de adquirir experiência. – Quando acabar o copo-d’água.

– Está tudo controlado. Não te preocupes.

– O que vais fazer com Luca? As melhores suítes estão reservadas para os convidados do casamento.

– Está tão bêbado que nem vai aperceber-se se o puser num armário – suspirou o gerente. – Já pensaste no que te disse, sobre trabalhares aqui enquanto estudas? Muitas das empregadas do hotel são estudantes.

Caitlin assentiu.

– Trago o meu currículo na segunda-feira.

– Podes pôr-me como referência. Estiveste muito bem na recepção – Glynn sorriu, dando-lhe dinheiro para ir de táxi.

– Não precisas de…

– Não te preocupes. Não é que me tenha tornado brando. Lazzaro insiste que o hotel pague um táxi a todos os empregados que trabalham à noite.

– Então consegue ser amável, não é? Apesar do que toda a gente diz

– Infelizmente, sim – suspirou Glynn. – Isso significa que todos lhe perdoam quando fica insuportável. Boa noite, Caitlin.

Estava a tremer de frio enquanto esperava por um táxi à porta, no entanto, o frio desapareceu quando a morena que fora com Lazzaro Ranaldi saiu do hotel, sozinha e furiosa, para depois entrar na limusina.

– Uma discussão de apaixonados – disse o porteiro. – Mas podia ter esperado até amanhã para se livrar dela.

– Namoram há muito tempo?

– Nunca a tinha visto – respondeu Geoff. – Porque não esperas lá dentro? Eu chamo-te quando o táxi chegar.

Estava prestes a entrar novamente no hotel quando Lazzaro Ranaldi apareceu ao seu lado.

– Ou estás a chegar muito cedo ou estás a sair incrivelmente tarde – disse, tratando-a por tu.

– Estou à espera de um táxi – disse ela.

– Queres que te leve a algum lado?

Era um gesto que poderia ser atencioso. Contudo, Lazzaro não era uma pessoa normal e Caitlin ficou atónita quando o porteiro lhe deu as chaves de um carro desportivo prateado, que devia valer centenas de milhares de dólares.

– Eu esperava uma limusina – disse num tom brincalhão. Depois assustou-se, pensando que talvez ele não entendesse a brincadeira.

– Ah, lamento muito. Vais ter de te conformar com este chaço – Lazzaro sorriu. – Mas posso procurar um jornal ou alguma coisa para que não sujes a saia no assento.

– Não é preciso. Acho que conseguirei suportá-lo – Caitlin deixou escapar um suspiro dramático e depois esperou, enquanto ele inseria a sua morada no GPS.

Então, de repente, esqueceu-se totalmente dos nervos.

– Quantos anos tens?

– Vinte anos – respondeu ela. – Bom, vou fazer anos na quinta-feira.

Lazzaro decidiu pedir à sua assistente que lhe enviasse um ramo de flores na quinta-feira. Talvez até reservar mesa em algum restaurante.

– Vire à esquerda na próxima rua, o seu destino está à direita – disse o GPS.

– O problema com estas coisas – disse Lazzaro, sorrindo enquanto desligava o motor – é que não podes fingir que te perdeste para prolongar a viagem.

– Sei onde vivo – respondeu ela. No entanto, o seu coração acelerou perante uma sedução tão descarada.

– É um sítio bonito.

Estavam muito perto da praia, diante de uma casa de dois andares. Ou partilhava a casa com mais estudantes ou continuava a viver com os seus pais, pensou.

– Há alguém acordado – disse depois, apontando para uma das janelas.

– A minha mãe – Caitlin franziu o sobrolho, sentindo-se como uma adolescente. – Ou o meu avô.

Contudo, Lazzaro não ficou incomodado. De facto, era uma novidade. Estava habituado, demasiado habituado, a que as mulheres o convidassem a entrar.

– Então é melhor despedirmo-nos.

– Sim, claro. Bom… Obrigada.

– De nada. Foi um prazer.

Era linda, pensou, enquanto a observava a subir os degraus do alpendre. A porta abriu-se antes que chegasse lá acima e Lazzaro teve de sorrir, enquanto arrancava. Ia telefonar-lhe na segunda-feira, decidiu.

Depois de falar com Luca.

Luca.

A sua expressão endureceu ao pensar no seu irmão gémeo… Não gostava nada da tarefa que tinha pela frente.

De repente, segunda-feira estava demasiado perto.