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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2008 Maggie Cox

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Paixão na toscana, n.º 1163 - novembro 2017

Título original: Secretary Mistress, Convenient Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-385-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Meu Deus!

Irritado e cansado da viagem, Fabian Moritzzoni massajou a cabeça com os dedos e suspirou de frustração. Por fim, completamente exasperado, levantou-se do seu assento. Na rua, o som de umas vozes apaixonadas e elevadas invadia o ambiente… Um barulho para o qual Fabian não estava preparado e do qual teria preferido ver-se livre. A voz mais forte de todas pertencia a Maria, a sua governanta.

Quando chegou às portas da sua mansão palaciana, um Fiat afastava-se apressadamente pelo caminho, enquanto Maria o contemplava com as mãos na cintura e com uma expressão de poucos amigos.

– Fomos invadidos? – perguntou Fabian em italiano. – É o que parece!

– Grande coragem tem essa gente! Quem pensam que são? – Maria virou-se para o seu chefe com uma expressão apaixonada. – Eram da imprensa, senhor Moritzzoni. Apanhei-os a farejar pelos arredores e a tirar fotografias da villa. Quando os enfrentei, pediram-me uma entrevista consigo para lhe perguntar sobre o concerto de aniversário e as celebridades que vão assistir. Mandei-os dar uma curva, é claro! Se quiserem uma entrevista, têm de falar com Carmela. Certamente já organizou alguma coisa a esse respeito.

Fabian suspirou, ao mesmo tempo que abanava a cabeça. Depois, apesar de tudo, conseguiu esboçar um sorriso.

– Felizmente, conto contigo para proteger a minha intimidade, Maria. É melhor do que ter um guarda-costas! Mas faz-me um favor. Mantém o volume da tua voz baixo quando é de manhã… A minha pobre cabeça não aguente, está bem?

– É claro, senhor Moritzzoni. Quer que prepare o café?

– Acho que seria uma boa ideia, obrigado.

Uns minutos mais tarde, com a sua chávena de café na mão, Fabian encaminhou-se para a estufa do seu jardim privado luxuoso e sentou-se no terraço exterior, junto de uma mesa de ferro forjado. Então contemplou a sua mansão elegante, iluminada pelo sol da manhã toscana, e a abundância de tendas brancas que tinham sido levantados diante dela. No fim da semana seguinte, aquelas tendas estariam cheias de italianos famosos, assim como de todos os familiares e amigos que assistiriam ao já conhecido concerto que Fabian organizava todos os anos em memória de Roberto Moritzzoni, o seu pai.

Consequentemente, a casa bulia de actividade devido aos preparativos para o grande acontecimento. Somando aquilo à confusão da imprensa, não era de estranhar que desejasse estar um pouco sozinho para beber o seu café e pensar um momento com calma. Embora não pudesse dizer-se que a noção de calma encaixasse precisamente com o seu pai…

Já andava a pensar nisso há uns dias e a perspectiva do concerto e os seus preparativos começavam a produzir-lhe uma tensão e uma irritação que já conhecia muito bem. Juntando isso à sua agenda lotada e viagens constantes, não era de estranhar que não estivesse a obter a mesma satisfação e prazer que costumava obter do seu trabalho. Como homem de negócios de sucesso, especializado em arte e que apoiava diversas organizações de caridade, a sua presença era constantemente requerida e, ultimamente, começava a pensar que devia tirar algum tempo para meditar sobre o rumo que a sua vida estava a tomar.

Passou uma mão pelo seu cabelo loiro-escuro e fez uma careta. Com o excesso de trabalho que tinha entre mãos, a possibilidade de umas férias estava a anos-luz… Já para não mencionar a possibilidade de outra questão que não deixava de rondar o seu pensamento nos últimos tempos. O casamento e filhos.

– Então escondeste-te aqui. Maria disse-me que te viu a vir para aqui.

Carmela, a secretária pessoal de Fabian, apareceu, de repente, perante ele, esboçando um sorriso maravilhoso. Fabian estava tão concentrado nos seus pensamentos que nem sequer a ouvira a aproximar-se. Acompanhada pelo seu caderno de notas e pela sua caneta, era óbvio que estava disposta a trabalhar.

– Regressei dos Estados Unidos há apenas um dia e é como voltar para um campo de futebol! – protestou Fabian. – À parte do meu quarto, garanto-te que não há uma única divisão da casa que não esteja cheia de gente. Ainda estranhas que queira esconder-me?

O sorriso de Carmela apenas se tornou mais luminoso.

– Pobre Fabian! Mas tenho boas notícias para ti, portanto talvez fiques mais animado depois de as ouvir.

– Que notícias são essas? Vais dizer-me que finalmente decidiste não ir de lua-de-mel antes do concerto?

Carmela deixou de sorrir.

– É claro que vou de lua-de-mel, Fabian! Já a adiei uma vez por exigências de trabalho. Vicente é um homem paciente, mas não tanto! Não… Vim dizer-te que a minha amiga Laura chegará de Inglaterra esta tarde e que vou pô-la a par de tudo para que possa substituir-me a partir de depois de amanhã, quando me for embora.

– Ficar no teu lugar e organizar um acontecimento tão importante pode ser um fardo pesado para uma novata sem experiência, Carmela. Tens a certeza de que a tua amiga está à altura do teu trabalho?

– Há uns anos que é professora de música e também organizou alguns concertos locais onde vive, de maneira que não pode dizer-se que careça de experiência. Também está muito familiarizada com o aspecto artístico do trabalho.

– Fala italiano? – perguntou Fabian, ao mesmo tempo que voltava a levar uma mão à cabeça para fazer uma massagem.

– Aprende depressa e, quando estive a estudar com ela, era sempre das melhores em línguas. Para além disso, o teu inglês é quase perfeito, portanto não terás de te preocupar com isso.

– Bem… Desde que não espere que a guie passo a passo nas actividades que deve realizar. A verdade é que vou ficar contente quando todo este assunto aborrecido acabar e a minha casa voltar a recuperar a normalidade.

Carmela olhou para o seu chefe com uma expressão ofendida.

– O concerto é um acontecimento maravilhoso com o qual se consegue muito dinheiro para a casa infantil. Não me parece que devas qualificar o privilégio que tens de o organizar como um «assunto aborrecido».

– Claro que não! Não me referia a isso! – era a vez de Fabian se mostrar ofendido. – Está bem – continuou impacientemente. – Voltemos ao assunto da tua amiga. É uma sorte que possamos contar com ela. Já esteve na Toscana antes?

– Não. Convidei-a várias vezes, mas estes últimos anos foram muito difíceis para ela e as circunstâncias não permitiram que fizesse a viagem. Mas disse-me que desta vez precisa urgentemente de apanhar sol e sei que vai gostar muito deste lugar e da Villa Rosa… Quem não gostaria? Isso recorda-me que tenho de falar com Maria para me certificar de que o quarto de Laura fica preparado. Este é outro aspecto positivo da situação que deveria ajudar-te a ver as coisas com mais calma, Fabian. Ela ficará à tua disposição sempre que precisares. Queres que te traga outro café? O teu parece estar frio.

– Sim, obrigado – Fabian empurrou a sua chávena de café para Carmela. – Traz-me também um copo de água e um analgésico para a dor de cabeça, por favor.

– Talvez não devesses beber café se te dói a cabeça.

– Agora vais fazer de mãe para além de secretária?

– Só estava a tentar…

– Já devias saber que fico impossível sem o meu café da manhã! Mas não te preocupes comigo, Carmela. Dentro de um ou dois dias, já não terás de pensar nas minhas necessidades. Será o teu sortudo marido que obterá toda a tua atenção!

Carmela perdoou imediatamente o mau humor do seu chefe. Sabia que tinha muito entre mãos e que, provavelmente, estava a lidar com tudo muito melhor do que a maioria das pessoas teria feito na sua situação.

– Vou já buscar o que precisas e vou certificar-me de que ninguém te incomoda pelo menos durante uma hora… Parece-te bem?

– Se conseguires isso, então és uma secretária milagrosa.

– Ainda há bocado era a tua mãe! – exclamou Carmela com uma expressão exasperada antes de se afastar.

Fabian observou como se afastava e pensou novamente no assunto complicado de uma esposa e de um herdeiro. Complicado porque, naquele momento, não tinha nenhuma relação séria nem tinha intenção de o fazer. Quando um homem sofria uma vez na vida, tornava-se prudente perante o perigo e aprendia a não se aproximar mais de riscos. No entanto, ele já tinha trinta e sete anos e o tempo não parava.

Devido à sua riqueza considerável e às responsabilidades que tinha por ser dono da Villa Rosa, a casa que pertencera à sua família durante séculos, precisava de um filho ou de uma filha que herdassem tudo o que tinha. Não… Tinha de haver alguma outra forma de conseguir o que queria sem se envolver numa relação amorosa. Tinha de pensar seriamente em encontrar uma solução para o seu problema.

 

 

– É tão bom ter-te finalmente aqui! Passou tanto tempo… Demasiado tempo! Estou ansiosa por ir de lua-de-mel, é claro, mas seria maravilhoso poder passar algum tempo contigo. Promete-me que não vais voltar para casa a correr assim que eu regressar da minha viagem, dentro de duas semanas, está bem?

Contemplando a linda morena, perfeitamente arranjada, que fora a sua melhor amiga no liceu, Laura perguntou-se como podia ter passado tanto tempo desde a última vez que se tinham visto. Há pelo menos dez anos que não se viam. Tinham estado em contacto por carta e por correio electrónico, é claro, e às vezes tinham falado por telefone, contudo, não era a mesma coisa que verem-se regularmente e terem a oportunidade de aprofundar a sua amizade. Porém, agora que estava ali, na Toscana, tinha intenção de aproveitar ao máximo aquela oportunidade.

Embora fosse temporário, a verdade era que a oferta de emprego que Carmela lhe fizera fora óptima. Nem sequer se importava que não se tratasse de umas férias, porque a música era uma paixão para ela. Tinha a certeza de que o simples facto de estar por ali seria um bálsamo para o seu espírito e para o seu moral.

– Não tenho um trabalho à minha espera, Carmela – respondeu, – portanto não tenho pressa de voltar a Inglaterra.

– Fico contente por ouvir isso. Não que não tenhas trabalho, é claro, mas que possas ficar aqui durante algum tempo!

– Há muito tempo que desejava renovar a nossa amizade.

Laura sorriu e cruzou os braços sobre a bonita blusa de renda branca que vestia com uma saia azul. Depois, com um suspiro, virou os seus olhos cinzentos para os jardins que se avistavam através das janelas amplas da casa.

As tendas que brilhavam ao sol da tarde recordaram-lhe uma feira medieval. Só faltava que aparecessem as damas e os cavalheiros, elegantemente vestidos, para assistir ao acontecimento. O mar branco dos toldos contrastava com o verde da relva, perfeitamente cortada. A o longe, havia uma balaustrada de mármore branco com umas escadas que levavam a uma secção mais privada dos jardins. O cheiro a madressilva e glicínias entrava pelas janelas abertas, enchendo o ar de uma fusão de excepcional deleite. Era como entrar num sonho…

– O que achas do teu quarto? – perguntou Carmela. – Pus-te perto do fundo da casa para que tenhas um pouco mais de intimidade, pois Fabian deve ter convidados que vão ficar para dormir. A vista da tua janela é espectacular!

– É uma verdadeira maravilha, Carmela. Vou sentir-me como uma princesa aqui, sobretudo a dormir na cama com dossel!

– Já falaste com a imprensa, Carmela? Esta manhã… Oh, peço desculpa. Não sabia que tinhas companhia.

Laura virou-se ao ouvir aquela voz italiana profunda e viu que estava um homem a olhar para ela de cima a baixo com uma surpresa evidente. Sentiu que uma tensão estranha a paralisava e que a sua mente ficava em branco. Seria aquele o chefe de Carmela? Se assim fosse, era totalmente o oposto do que esperava.

Loiro, de olhos azuis, alto e com um queixo forte, poderia ter sido facilmente confundido com um dinamarquês, um suíço ou um alemão. No entanto, a confiança e ligeira arrogância que projectava, assim como a forma como usava a roupa, como se esta e ele formassem um todo, convenceram-na de que era um verdadeiro filho da Itália.

Repentinamente acalorada, afastou o olhar.

– Fabian! Chegaste mesmo a tempo para conhecer a minha amiga Laura. Chegou há cerca de uma hora e estava prestes a ir procurar-te para ta apresentar. – Carmela apoiou uma mão nas costas de Laura e empurrou-a com delicadeza para o seu chefe. – Laura, apresento-te o senhor Fabian Moritzzoni, dono da Villa Rosa e o meu chefe. Fabian, esta é a minha querida amiga Laura Greenwood.

Laura estendeu automaticamente a sua mão e Fabian apertou-a, sem força excessiva mas com uma autoridade evidente.

– É um prazer, menina Greenwood. Aparentemente, estou em dívida para consigo por ter aceitado ocupar o lugar de Carmela durante a sua ausência. Espero que tenha tido uma boa viagem de Inglaterra.

– A viagem foi muito agradável, obrigada.

– Ouvi dizer que é a primeira vez que vem à Toscana, não é?

– É verdade, mas não porque não tenha querido vir antes. Há anos que Carmela me pede para vir cá, mas nunca tinha sido o momento adequado. Mas, finalmente estou aqui e espero ser-lhe útil, senhor Moritzzoni.

– Eu espero o mesmo – Fabian franziu ligeiramente o sobrolho antes de acrescentar com um sorriso: – Pode tirar o dia livre para se instalar e começar a trabalhar amanhã. Carmela vai pô-la a par de tudo o que é preciso fazer. Parece-lhe uma boa ideia? – perguntou, sem afastar o olhar dela por um instante.

Laura pensou que tinha o olhar mais intenso e perspicaz que alguma vez vira na sua vida. Não teria gostado de se encontrar na pele de alguém que tentasse enganá-lo. Contudo, então pensou noutra coisa. Teria visto a sua cicatriz? Seria por isso que estava a olhar para ela com tanta intensidade? Levantou instintivamente uma mão para tocar nas madeixas douradas da sua franja, repentinamente consciente da sua cicatriz. Naquele país de gente tão bonita, Fabian Moritzzoni não devia gostar de olhar para uma mulher com uma cicatriz na testa. Laura desejou que acabasse de falar com Carmela e que se fosse embora. A sua confiança e empenho em fazer bem aquele trabalho não tinham desaparecido, mas tinham-se visto ligeiramente diminuídos.

– Não preciso de esperar por amanhã para começar a trabalhar – disse. – Se Carmela precisar de ajuda imediatamente, por mim não há problema. Quero que possa ir-se embora descansada para desfrutar da sua lua-de-mel, sabendo que deixa a situação em boas mãos. Quanto mais cedo souber o que é preciso fazer, melhor.

– Vês, Fabian? – perguntou Carmela, sorridente. – Eu disse-te que não precisavas de te preocupar com nada com Laura aqui!

– Tenho a certeza de que tens razão.

Laura detectou algo inquietante no olhar do homem que pareceu dizer: «Vou sentir-me muito decepcionado se falhar». Tremeu por dentro e, quando os seus olhos se encontraram, precisou de toda a sua coragem para não afastar o olhar.