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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Nicola Marsh

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O melhor dos amigos, n.º 1020 - agosto 2017

Título original: Hot Nights with a Playboy

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-302-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Epílogo

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Capítulo Um

 

A guru do estilo, Abby Weiss, destaca-se no mundo da moda com o seu impressionante trabalho para Finesse, a revista feminina líder na Austrália. As ilhas Whitsunday foram o fabuloso palco onde Weiss demonstrou o seu talento. A artista, graças a esta publicação emblemática, conseguiu o cargo de directora de moda na Finesse. Não percam de vista esta brilhante promessa da indústria da moda.

 

Abby conseguia imaginar as manchetes dos jornais.

Não pensava noutra coisa desde o telefonema de Mark Pyman, director da Finesse, a anunciar que tinha conseguido a lucrativa encomenda para o número de Verão da revista; também não o tinha esquecido durante a viagem até à chegada ao exclusivo hotel na Ilha Zafiro.

O que tinha visto daquele local até ao momento despertava a sua imaginação, e sabia que com alguma criatividade e muito trabalho, aquele editorial sobre moda seria a sua melhor performance para atingir o ansiado cargo de directora da revista.

Aquela era sua a oportunidade para triunfar.

Dirigiu-se ao bar junto à piscina do hotel com um orgulho renovado, ficando encantada com a abundância de plantas tropicais e orquídeas exóticas, e emocionou-se ainda mais quando encontrou vários cenários para as fotos.

A Ilha Zafiro era o local ideal para exibir o trabalho dos estilistas mais destacados da Austrália. Como seria de esperar, Mark tinha contratado várias modelos, o que lhe facilitaria muito o trabalho.

Quando trabalhava com profissionais e via os resultados, ficava sempre orgulhosa por fazer parte da impiedosa indústria da moda. Ainda não tinha visto o fotógrafo, mas sabia que Mark só contratava os melhores.

Ao pensar em fotógrafos, questionou-se sobre em que parte o mundo se andaria a esconder Judd. Não tinham falado nos últimos três meses, algo estranho devido à sua íntima amizade. Tão íntima como podia ser por telefone e Internet…

Nem tão pouco tinha recebido nenhum dos seus postais de uma só linha. Sorriu ao pensar no que diria se soubesse que andava a fazer um mural com todos eles, e que tinha enfeitado a parede do escritório: certamente algo engenhoso com a intenção de lhe diminuir o entusiasmo, ao mais puro estilo Judd Calloway.

«Algumas coisas nunca mudam», pensou. Também não as aceitaria se mudassem.

Felizmente, tinha ultrapassado o pequeno erro da noite do baile de finalistas e tinham conseguido manter uma grande amizade.

Nada como a negação para aguentar os últimos oito anos a tê-lo como melhor amigo e confidente.

– É impressionante o que o oceano pode trazer para terra hoje em dia.

Abby deu um salto e virou-se.

– Não pode ser!

Estendeu a mão e bateu no peito de Judd. Sim, era mesmo ele. Bem real, a avaliar por aqueles músculos duros como pedras.

– O que é que estás aqui a fazer?

Viu-o esboçar o habitual sorriso, emitindo reflexos dourados dos seus olhos castanhos. Abby devolveu-lhe o sorriso, instintivamente, apesar de não o ter voltado a ver desde aquela fatídica noite depois do baile de finalistas.

– Achas que isso é maneira de cumprimentar o teu novo fotógrafo estrela?

– Vais fazer este editorial? Mas trata-se de moda, não de vida selvagem.

Judd sentou-se num banco alto e disse-lhe para se sentar no outro ao seu lado.

– Não estou assim tão certo disso. Vi a forma como alguns dos teus amigos se divertem e não são assim tão diferentes.

– Não são meus amigos, só trabalho com eles.

– E sais para te divertires com eles – troçou ele, prendendo-lhe uma madeixa de cabelo atrás da orelha. – Não tens muito bom gosto, receio.

Consciente de que era uma batalha perdida, Abby corou enquanto o calor lhe subia pelo pescoço, até parar ao pé de onde ele lhe tinha tocado.

Havia muito tempo que ele não lhe tocava. Os seus tórridos sonhos nas noites de Sidney, onde ele a tinha acariciado tal como ela desejava, não contavam.

– Não tenho, porque continuo em contacto contigo…

Ouviu-o rir, e aquele familiar som reconfortou-a como os doces que tinham partilhado em crianças.

– Conta-me as novidades. O teu último postal dizia que estavas na selva da África do Sul, a fotografar zebras, e agora estás aqui. O que é que pode levar o melhor fotógrafo de Natureza a fazer um editorial de moda com pássaros daqueles que não têm penas?

Judd criticava «o superficial mundo da moda», como lhe chamava, desde que ela tinha começado a trabalhar no ramo, portanto sabia que devia haver algo ou alguém importante atrás daquilo.

– Tudo se vai revelar a seu tempo – respondeu Judd, chamando pelo empregado. – Queres tomar alguma coisa?

– O do costume, por favor.

Ele sorriu, e formaram-se-lhe as habituais rugas nas sobrancelhas.

– Isto é um teste?

– Podes crer.

Ele riu enquanto abanava a cabeça.

– Continuas a beber o mesmo veneno na universidade? Que pena…

– Como se te lembrasses – troçou ela.

– Água com gás e lima para a senhora e uma cerveja para mim, obrigado – pediu ele ao empregado, virando-se para ela. – Passei?

– Sempre tiveste muito boa memória – murmurou Abby, emocionada por ele se lembrar de uma coisa tão pouco importante como a sua bebida favorita. – Agora, diz lá como é que chegaste até cá.

– Uma amiga implorou-me para aceitar, como um favor para um tipo que lhe encomenda muitos trabalhos, um tal Mark Pyman, portanto aqui estou.

Pagou a conta enquanto ela só conseguia pensar numa coisa: ele dissera «uma amiga».

Quem seria aquela misteriosa mulher por quem ele tinha tanta consideração para deixar a amada Natureza e regressar a casa? Algo que andava a tentar evitar a todo o custo desde que finalmente tinha conseguido sair de Pier Point.

Bebeu um gole do copo e tentou disfarçar o mal-estar.

– Conheço essa tua amiga?

– Provavelmente. A Paula faz muitos trabalhos para a Finesse.

– Estás a falar da Paula, a melhor modelo australiana? Sim, trabalhámos juntas algumas vezes. É simpática. Não sabia que a conhecias.

Ele continuou a beber a cerveja, sem saber da inveja dela ao pensar que Paula tinha tanta influência sobre o seu melhor amigo.

– Conhecemo-nos na América do Sul. Ao terminar uma reportagem sobre cobras, fiz uma pausa no Rio, onde a Paula estava a posar para uma sessão em biquíni.

– Não me contaste – disse Abby, tentando parecer despreocupada, sabendo que não ia conseguir.

Desde quando é que ele tinha de lhe contar que tinha conhecido alguém novo?

Viu-o encolher os ombros e concentrou-se na sua largura. Outra coisa que não mudara. De facto, transportar o equipamento fotográfico fortalecera-os até dimensões espectaculares. Iam continuar a ser tão firmes e sólidos como na noite em que se agarrara fortemente a eles, enquanto os lábios dele a deixavam louca?

– A Paula é uma rapariga espectacular. Temos muito em comum.

– Ah, sim? – perguntou, dominada pelos ciúmes.

Invejava as poucas e sortudas namoradas que ele tinha, e sentia um grande alívio quando não duravam mais de uma ou duas semanas.

Algo lamentável, dado que ela saía com muitos homens, na vã esperança de demonstrar a si própria e a Judd que tinha ultrapassado a sua atracção por ele. Contava-lhe sempre as desastrosas relações, e tinham passado horas a rir dos defeitos dos seus ex namorados.

Então, porque é que a ideia de Judd namorar com a espectacular Paula a desiludia? Tinha de dever-se a um excesso de lima na sua bebida.

Na verdade, sabia muito bem porquê: as outras mulheres não tinham significado nada para ele; no entanto, por Paula renunciara às lindas viagens para regressar a casa pela primeira vez em oito anos. Aquilo não era nada bom sinal.

– Sim, ambos percorremos o mundo e adoramos fazê-lo, ambos detestamos prender-nos a um só local, e temos em comum a paixão pelos gelados sundae.

– Estás a gozar? Paula «a Pretzel» come gelados?

Ele olhou-a semicerrando os olhos.

– Tu não costumas ser assim tão irónica, o que é que se passa?

Abby abanou a cabeça, questionando-se sobre se o calor da ilha não lhe teria derretido o cérebro. Judd era o seu melhor amigo, não o tinha visto nos últimos oito anos, e estava a atirar-lhe à cara que tinha feito um favor a uma amiga.

– Nada. Deve ser do cansaço.

Ele fê-la elevar o queixo.

– A mim, parece-me é que estás com ciúmes.

– Nesse caso, deverias ir ao otorrino.

Quando ele a tocava ficava confusa, e não deveria ser assim. Ela já tinha passado por aquilo.

Tentou não reagir quando ele se chegou a ela, com os olhos cheios de ternura, e a beijou levemente no nariz.

– Tive saudades tuas, Weiss.

O perfume dele envolveu-a, um aroma a almíscar que lhe assentava na perfeição. Na universidade não o usava, mas cheirava maravilhosamente bem na mesma.

E ela sabia bem. Tinha guardado sem lavar durante um mês a t-shirt que ele lhe tinha oferecido no dia depois do baile de finalistas, e tinha-a usado todas as noites para dormir e sonhar com ele.

O triste era que ainda a guardava cuidadosamente dobrada na gaveta da sua roupa interior, recordação da única vez que tinha pensado que poderiam ter algo mais do que amizade.

Afastou-se rapidamente, incomodada pelas recordações de um tempo longínquo.

– Falamos com frequência. Como é que tiveste saudades minhas?

– Falar ao telefone não é o mesmo que isto, não achas? – disse ele, sorrindo e agarrando-lhe na mão. Abby reviu-se no calor dos dedos dele rodeando-a, apesar da desmesurada reacção do seu corpo ao vê-lo depois de tanto tempo. Tinha saudades do contacto físico com ele: os beliscões brincalhões, andar de mão dada, os abraços de urso. Na universidade, eram inseparáveis.

Judd tinha razão: falar ao telefone não tinha nada a ver com aquele afecto partilhado de dois amigos íntimos, a conversar como se nunca se tivessem separado.

– Passou algum tempo.

– O que é que são oito anos para uns amigos?

– É verdade – reconheceu, questionando-se sobre o porquê de ter ficado tão tensa ao lado dele.

Aquele era Judd, o seu melhor amigo. A que é que se devia aquele estranho sentimento de que algo tinha mudado entre ambos? Afinal, ela contivera a paixão, deixando-a em suspenso, e usufruíra da amizade à distância bem mais do que julgaria possível, durante aqueles oito anos. Tinha amadurecido. Então, o que é que tinha mudado nos últimos minutos, para estar tensa, nervosa, e de repente demasiado consciente de quão sexy era Judd?

Ansiosa por mudar de assunto e romper a repentina intimidade que os rodeava, falou:

– Está a correr tudo bem com o trabalho? O mundo dos primatas e dos grandes felinos é tão maravilhoso como imaginavas?

– Melhor ainda. Deverias experimentá-lo um dia destes – respondeu ele, largando a mão dela e agarrando na cerveja.

Porque é que o sorriso dele tinha desaparecido? Teria metido a pata na poça?, perguntou-se Abby.

– Não tenho assim tanta certeza. Além disso, se estas fotos ficarem perfeitas, o Mark comentou que me faria uma proposta muito interessante.

– Então, este trabalho é importante para ti?

– Claro – respondeu ela.

Absteve-se de acrescentar: «É o que me tem motivado ultimamente».

Embora adorasse ser estilista de moda, às vezes não era suficiente. O seu melhor amigo tinha passado a vida a percorrer o mundo, e ela nunca o via, enquanto o resto do seu círculo social consistia em colegas de trabalho e conhecidos viciados em festas dia e noite. E ela já se tinha afastado daquela vida havia algum tempo.

Não compreendeu a emoção que atravessou o rosto dele perante a sua resposta, quase parecia decepção. Era evidente que, para ele, o trabalho também era tudo. Caso contrário, como poderia ter suportado a existência nómada dos últimos oito anos?

– À nossa, que façamos um bom trabalho durante a semana – disse ele, elevando o copo, bem como as esperanças de Abby.

Uma semana inteira na companhia do seu melhor amigo, o único homem capaz de fazê-la sorrir, e a quem adorava terrivelmente, a julgar pelo nervosismo desmedido que sentia.

– Brindo a isso.

Ao chocarem os copos, o de Abby rachou-se ligeiramente, e ela rezou para que não acontecesse o mesmo à amizade.

Talvez tivesse exigido demasiado de si própria ultimamente.

Talvez tivesse passado demasiado tempo entre relações.

Talvez precisasse apenas de um par de dias na companhia de Judd para voltar a sorrir.

Fosse o que fosse que estivesse a causar aquela tensão entre ambos, precisava de ultrapassá-la. Judd era o mais importante para ela; de forma nenhuma colocaria em perigo a amizade. Por nada no mundo.