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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Pamela Brooks

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Paixão pelo chefe, n.º 1011 - agosto 2017

Título original: Playboy Boss, Pregnancy of Passion

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-295-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

– Então, como se chama, Luke? – perguntou-lhe Karim, enquanto ambos abandonavam as pistas de squash.

– Quem?

– A mulher que te anda a distrair – replicou Karim, com um olhar cúmplice. – Como não havia eu de te derrotar com um marcador tão amplo?

Luke sorriu a custo. Ele também tinha feito aquela pergunta ao seu amigo numa outra ocasião. A diferença era que, quando ele o tinha questionado daquele modo, havia mesmo uma mulher a distraí-lo, mulher essa que agora era a sua esposa. O caso de Luke era muito diferente. Ele não tinha intenção alguma de deixar que alguém se aproximasse tanto.

– Não tem nada a ver com a minha vida social, só com o trabalho.

– Pois parece que precisas que alguém te dê uns miminhos, tipo a Lily. Vem jantar lá em casa connosco.

– Como? Esta noite? Não me parece justo dizer à Lily assim, à última da hora.

– Tu és da família.

Antes de Luke ter oportunidade de protestar, Karim marcou o número de telefone de sua casa. Dois minutos mais tarde, desligou e disse:

– Pronto.

Luke não teve outro remédio senão aceitar. Sabia que o seu amigo o fazia com a melhor das intenções. Além do mais, não achava que pudesse encontrar uma substituta para a Di nessa mesma noite. A empresa de trabalho temporário ia enviar-lhe alguém logo de manhã e esperava que essa pessoa ficasse o tempo suficiente até que pudesse encontrar uma substituta adequada, enquanto a sua assistente estava de licença de maternidade. Simplesmente, teria de ser paciente.

Pois. Paciente. Essa palavra mal constava no vocabulário de Luke. Quando ele queria algo, conseguia-o. Não perdia tempo. Por isso, o facto de ter de estar dependente dos planos de outras pessoas era o modo mais rápido de o conduzir à loucura.

Não demoraram a chegar a casa de Karim. Entraram e ele dirigiu-se directamente à cozinha onde beijou demorada e muito carinhosamente a sua esposa.

– Larga-a já, pelo amor de Deus. Já estão casados há três meses. Já devias ter superado esta etapa – disse Luke da porta.

Lily simplesmente desatou a rir.

– Estou a ver que andas deprimido, Luke. Toma, consola-te com isto até à hora de jantar – disse-lhe, assinalando um prato de petiscos que havia sobre a bancada que ocupava o centro da cozinha.

– Obrigado, Lily – disse Luke sentando-se num banco.

– De nada. Bom, vais contar-nos o que é que te preocupa?

– Oxalá compreendesse por que diabos as mulheres querem ter filhos – suspirou Luke. – Ainda não parou de vomitar desde o dia em que fez o teste de gravidez e…

Deteve-se em seco ao notar o olhar que Karim e Lily estavam a trocar. O tipo de olhar que só podia significar uma coisa.

– Ai, desculpem… Sou um insensível. Desculpem… e claro que o que acabo de dizer não se aplica a vocês. Estou muito feliz pelos dois.

– É o que espero – disse Karim, – já que te vais converter no tio honorário da criatura.

Pelo que Luke sabia, havia a possibilidade de já ser tio. Decidiu não pensar nisso. A decisão que tomara fora difícil, mas também era a única possível. Se tivesse ficado, terminaria como o resto dos homens da sua família.

– Obrigado – disse com cortesia. – Sinto-me muito honrado. Quando nasce?

– Dentro de seis meses – respondeu Lily, rindo. – Vejo que te estás a esforçar muito por dizer o que deves, não é verdade, meu querido? – acrescentou, enquanto lhe revolvia o cabelo a caminho do frigorífico.

Lily estava a tratar Luke como se fosse o seu irmão mais velho e isso fazia com que ele se sentisse muito estranho. Como se houvesse um espaço vazio dentro dele. Como se quisesse fazer parte de uma grande família.

Ridículo. Estava perfeitamente bem sozinho. Muito melhor do que a fazer parte de uma grande família. Já tinha feito parte de uma e não tinha intenção de voltar atrás.

– Sim, mas só porque tu vais preparar o jantar e quero que me dês de comer – replicou.

– E queres que acredite isso? Sei que na realidade és como um cordeirinho.

Karim desatou a rir. Sentou-se e agarrou a sua esposa para que ela se sentasse no seu colo, enquanto lhe colocava as mãos com um gesto protector à volta do ventre.

– Asseguro-te que por ti, Lily, poderia sê-lo – brincou Luke, – mas desgraçadamente, tens um marido que certamente não acharia muita graça. Conformo-me com que me dês de jantar.

– Os teus desejos são ordens para mim – replicou ela. – Bom, o que é que se passou? Só porque a tua secretária tem enjoos de manhã?

– E à hora de almoço. E à tarde. O meu escritório é uma desordem e ela nem sequer pôde instruir a substituta, se é que amanhã vou ter uma, e eu também não e… Já tive bastante confusão até ao momento. Mandei a Di ficar de baixa o resto da gravidez. Preciso de alguém que me possa organizar o escritório antes que perca mais alguma oportunidade.

– Alguém que seja uma boa organizadora – disse Lily, a pensar. – Acho que posso ajudar-te. Louisa, a minha fornecedora favorita, tem uma irmã que soluciona problemas nas empresas e escritórios.

– A sério?

– É uma pessoa organizada e eficaz a solucionar as coisas. Alguma vez viste esses programas de televisão onde as pessoas vêm a tua casa ajudar-te a limpar ou a organizar os armários? Bom, pois isso é o que a Sara faz na vida real, embora se centre em escritórios e em empresas. Ela podia encarregar-se de tudo…

– Tens o número dela?

– Não, mas tenho o da irmã – disse Lily. Desapareceu uns minutos e regressou com um cartão. – Aqui tens.

– «Produtos orgânicos Fleet» – disse Luke lendo o cartão.

– Fazem sumo de maçã, vinagre balsâmico e… bom, tudo o que se espera de uma loja de produtos orgânicos – explicou Lily. – Pergunta pela Louisa. Diz-lhe que eu te dei o número dela e que precisas de falar com a Sara.

– Obrigado – replicou Luke, enquanto guardava o cartão. – Espero que seja boa…

– Pode estar ocupada…

– Hum, isso foi o que alguém disse ao Karim sobre ti, mas de qualquer modo conseguiu que cozinhasses para ele – recordou-lhe Luke com um sorriso. – Ligar-lhe-ei a ver se pode. Obrigado pela tua ajuda.

– Bom, já está pronto – anunciou Lily, após abrir a porta do forno. – Vão os dois para a mesa.

Karim e Luke obedeceram de seguida.

Luke foi o primeiro a provar a comida.

– Lily, isto é maravilhoso. Se alguma vez te aborreceres de ser uma princesa, podes vir para minha casa e tornar-te na minha governanta.

– Asseguro-te de que não se aborrecerá – informou-o Karim. – Encontra a tua própria princesa.

– Eu não sou um príncipe – sentenciou Luke. – Nem preciso de uma princesa.

A única coisa que ele queria era uma boa secretária para o seu trabalho, uma governanta a tempo parcial e um monte de namoradas que quisessem divertir-se e que aceitassem o facto de ele não estar à procura de nada permanente.

Para além do problema da sua secretária, que esperava solucionar com a pessoa que Lily lhe tinha recomendado, era assim a sua vida naquele momento. E gostava.

Capítulo Um

 

Sara comprovou a morada na sua agenda. Sim, era ali. Tratava-se de um antigo armazém transformado num bloco de uso residencial, com escritórios e lojas. O rés-do-chão estava ocupado com cafés e lojas de bijutaria. Supunha que o primeiro e o segundo andar fossem escritórios e que o resto do bloco seria do habitação. Os andares de um dos lados do edifício deviam ter uma vista maravilhosa para o Tâmega.

«Certamente é preciso uma pequena fortuna para poder ter um destes andares». Ela não se queixava do quarto que o irmão mais velho lhe tinha cedido no seu apartamento. O facto de não ter uma casa própria não significava que fosse uma fracassada. Tinha uma família que a apreciava tanto como ela a eles, uma grande vida social e um trabalho de que gostava. Não precisava de mais nada.

Subiu ao primeiro andar, onde uma recepcionista estava sentada atrás de um balcão de madeira.

– Posso ajudá-la?

– Tenho um encontro com Luke Holloway. O meu nome é Sara Fleet.

– No final do corredor, a última porta à direita – respondeu a recepcionista com um sorriso.

A última porta à direita estava fechada. Bateu e esperou.

– Entre – disse uma voz, que soava algo pressionada.

Sara tinha imaginado Luke Holloway como um homem de fato impecável e sapatos feitos à medida. No entanto, o que viu estava a falar ao telefone com os pés em cima da secretária e tinha mais o aspecto de ser uma estrela de rock. Trazia uma camisola e umas calças pretas e tinha o cabelo curto e escuro, penteado com um desses estilos que davam a impressão de ter acabado de levantar-se da cama. Isso, acrescido a uns olhos azuis e à boca mais sensual que ela alguma vez tinha visto, era suficiente para pôr a libido de Sara em estado de alerta.

Apesar de tudo, sabia muito bem que não devia misturar negócios com prazer. Acima de tudo, aquele homem era seu cliente. Bom, um hipotético cliente.

Ele colocou a mão sobre o auscultador e disse:

– É a Sara?

Ela assentiu.

– Estupendo. Eu sou o Luke. Desculpe. Falo consigo dentro de dois minutos. Sente-se.

Sara sentou-se e olhou à sua volta. Havia duas secretárias na sala, que tinham computadores de última geração, e um monte de arquivadores. Da janela, adivinhava-se uma vista incrível de rio.

– Pronto, sou todo seu – disse ele, uns instantes depois.

Estas últimas três palavras puseram na cabeça de Sara uns pensamentos muito pouco profissionais. Imaginou Luke Holloway nu sobre uns lençóis de algodão… afastou a ideia do seu pensamento e esperou que não tivesse corado. Que raio se estava a passar com ela? Nunca antes tinha fantasiado sobre os seus clientes. Nem sequer sobre os bonitos.

Não obstante, Luke Holloway era mais do que bonito. Era o homem mais atraente que ela alguma vez tinha visto. O tipo de homem cujo sorriso podia pôr o coração de uma mulher aos saltos.

– Apetece-lhe um café? – perguntou-lhe ele.

– Sim, obrigada.

– Toma-o com leite, açúcar…? – quis saber ele depois de abrir uma porta, que deixava a descoberto uma pequena cozinha.

– Só leite, por favor.

Luke Holloway deitou leite numa chávena e açúcar na outra e depois tirou uma lata de um armário.

– Sirva-se você mesma. São o meu único vício. Bom, quase.

Bolachas de chocolate. Sara notou o brilho que se reflectiu nos olhos dele e imaginou sem poder evitá-lo o outro vício. De repente, ficou com a boca seca e teve de fazer um verdadeiro esforço para se centrar de novo no seu trabalho. Luke Holloway precisava de alguém que o tirasse desta situação, não uma amante. Além do mais, ela também não estava à procura de casamento. Gostava da sua vida tal como era. Feliz e solteira. Sem complicações.

– Bem, o que o faz pensar que eu poderia ajudá-lo? – perguntou-lhe.

– É muito recomendada. A Lily advertiu-me que poderia estar ocupada.

– Costumo estar. Pensava em tirar o Verão livre para poder viajar um pouco. Passar um mês em Itália ou na Grécia.

– Boa comida, bom tempo e praias de areia fina?

– É mais ruínas – corrigiu ela. Associava as praias com o aborrecimento. Gostava de explorar. – É uma das vantagens de trabalhar por conta própria. Posso escolher quando quero tirar umas férias.

Luke entregou-lhe o seu café e voltou a sentar-se à secretária.

– Ena! A maioria dos que têm negócios próprios, tem de ser convencida para tirar tempo livre.

– É importante fazê-lo. Se não se enche o depósito, acaba-se queimado e já não se serve de nada a ninguém. O aproveitamento correcto do tempo ajuda muito.

Luke não pareceu convencido mas, pelo menos, não discutiu com ela. Ainda bem. Depois de Hugh, Sara acabara farta dos homens dependentes do trabalho. Na realidade, terminara farta de homens. Mantinha relacionamentos superficiais sem deixar opção para o compromisso.

– O meu escritório não costuma estar tão desorganizado – disse.

– Desorganizado? – repetiu ela. Estava tudo impoluto.

– Como lhe disse por telefone, a minha secretária está grávida e está de baixa. Tive algumas empregadas temporárias, mas a Di, a minha assistente, não pôde prepará-las adequadamente nem eu tenho estado aqui tempo suficiente para o fazer. A empregada temporária que esperava hoje nem sequer se incomodou em aparecer. Estava a falar com a agência quando você chegou.

– Está-me a dizer que mete tanto medo que as empregadas temporárias têm o seu nome numa lista negra e se negam a vir trabalhar para si? – brincou ela.

– Não meto medo nenhum. Simplesmente espero um volume de trabalho justo por um pagamento diário também justo. Além do mais, se não podem fazer coisas básicas como atender o telefone educadamente ou anotar uma mensagem, não deveriam aceitar um emprego como assistente pessoal. Preciso de alguém que reveja todos os arquivos e ponha o meu escritório em ordem como estou acostumado e que o mantenha a funcionar até que a Di decida se quer regressar depois de ter tido o seu filho.

– A primeira parte posso-a fazer sem problemas, mas eu só realizo trabalhos durante um curto espaço de tempo. Acho que uma baixa por maternidade é um período demasiado longo para mim.

– Compreendo.

– O volume de documentos por arquivar adequadamente é muito grande? Porque, a não ser que esteja a ficar louca, eu não vejo nenhum papel fora do sítio.

Luke levantou-se e dirigiu-se à outra secretária. Então, tirou uma caixa de cartão enorme debaixo. Estava cheia de papéis colocados de qualquer maneira

– Além do mais, a Di vê os documentos do arquivo de vez em quando e acho que também não o faz há algum tempo.

– Eu teria carta-branca para reorganizar o arquivo?

– Se servir para poupar tempo, sim. Se é só para justificar os seus honorários, não.

Sara gostava que Luke Holloway fosse tão directo. Isso significava que sabia exactamente que terreno calcava com ele.

– Óptimo. A que se dedica você exactamente?

– Está a dizer-me que não procurou na Internet?

Ela corou. Com certeza que o tinha feito.

– Não encontrei muito. Sei que tem vinte e oito anos e que é um milionário que enriqueceu à sua custa.

As suas namoradas eram todas do mesmo tipo. Altas, com longas pernas, feições exóticas e cabelo escuro de um brilho impossível. Saía muito e estava na lista de convidados das melhores festas. Além do mais, mudava de namorada frequentemente. Demasiado frequentemente.

– No entanto, os artigos dos jornais e as colunas sociais na Internet nem sempre são verdadeiros.

– Eu também não encontrei muito sobre si, para além do facto de não ter site.

Tinha-a pesquisado? Com certeza. Luke era o tipo de homem que prestava muita atenção aos detalhes.

– Não preciso de página na Internet. Consigo os meus clientes através do boca a boca.

– E essa é precisamente a melhor forma de se anunciar. É exacta e não pode comprar-se.

– Ainda não respondeu à minha pergunta – disse ela, reconduzindo a conversa.

– Compro e vendo empresas.

– É um desses empresários que compra empresas para as destruir?

– Não. O que acontece é que me canso facilmente e gosto de desafios. Compro negócios que estão com problemas e, quando consigo recuperá-los, vendo-os de novo aos directores que trabalham neles. Gosto de resolver os problemas. Normalmente – disse, assinalando à sua volta. – Esta é a excepção que confirma a regra.

– Que tipo de negócios?

– Desporto e lazer. Ginásios, clubes desportivos, spas… Estou a pensar em alargar um pouco o negócio.

– E faz tudo sozinho?

– Com uma boa assistente pessoal e directores de qualidade em cada negócio. E você? Por que trabalha por conta própria?

– Suponho que pela mesma razão. Gosto de resolver os problemas e aborreço-me com facilidade. Além do mais, gosto de organizar as coisas. Suponho que sou obcecada pela limpeza – comentou ela, enquanto contemplava o escritório minimalista. – Parece que você também.

– Faz outras coisas para além de organizar?

– A que se refere?