sab1720.jpg

 

HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2014 Susan Stephens

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Diamante proibido, n.º 1720 - julho 2017

Título original: His Forbidden Diamond

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-227-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

«Tyr Skavanga voltou!»

O título surpreendeu-o. A irmã Britt deixara o jornal em cima da secretária, para que o visse. E para que percebesse como as três irmãs tinham sentido a falta dele e como estavam contentes por ele ter voltado. Na fotografia, que havia por baixo do título, apareciam Britt, Eva e Leila a abraçar-se e a sorrir de felicidade.

Por ele.

Tyr virou-se e foi olhar pela janela do escritório de Britt. A neve contrastava com a escuridão do céu. No exterior, era tudo de um branco imaculado enquanto no interior, no reflexo da janela, o que havia era o rosto de um assassino, o rosto dele. Aquilo era algo de que não podia esconder-se.

Nem queria fazê-lo. Voltara a Skavanga, a pequena cidade mineira que tinha o nome da sua família, para voltar a viver com as pessoas que amava. Depois de deixar o exército, ficara longe durante demasiado tempo para proteger as irmãs e amigos de um homem que mudara muito. Britt, a irmã mais velha, nunca desistira de tentar encontrá-lo, mesmo que nunca respondesse às suas mensagens. O habitual fora não o fazer. Britt era uma das poucas pessoas que tinham conseguido entrar em contacto com ele através do marido, o xeque Sharif, que era um dos melhores amigos de Tyr e sempre lhe fora leal. Não revelara o seu paradeiro a ninguém, nem sequer à esposa, Britt.

No fim, fora uma menina que fizera com que sentisse problemas de consciência e voltasse. Tirara a pequena da zona de guerra para a levar para a família num campo de refugiados e, quando parara de chorar de alegria por os ver, perguntara-lhe, com a preocupação de uma menina de sete anos que vira demasiadas misérias, se ele tinha uma família.

A pergunta fizera-o sentir vergonha, devastara-o. Quebrara a sua couraça e obrigara-o a pensar naquelas pessoas que deixara para trás. Explicara à menina que sim, que tinha uma família que amava muito. Ninguém fizera nenhum comentário ao ver lágrimas nos seus olhos. Estavam juntos e vivos, não podiam pedir mais. Ele fora-se embora do campo para voltar para o deserto, onde trabalhara até não aguentar mais, sem conseguir esquecer a pergunta da menina acerca da sua família, que o fizera percebera como era sortudo por ter pessoas que o amavam. E, então, soubera que tinha de voltar a casa, apesar do medo de encontrar as irmãs, que se aperceberiam de como mudara.

Fora de um valor inestimável para as Forças Especiais, tinham-lho dito ao pôr-lhe uma medalha no peito, mas Tyr não quisera que gravassem aquilo na sua sepultura. Queria que o recordassem pelo que construíra, não pelo que destruíra. Na batalha, encontrara três tipos de soldados: Os que desfrutavam do seu trabalho, os que iam cumprir com a sua obrigação com valentia e lealdade para com os camaradas e o seu país, e os que nunca recuperariam do que tinham visto, quer fosse física, mentalmente, ou ambas. Ele não tinha desculpas. Era forte. Tinha o amor de uma boa família e não só conseguira manter-se vivo, mas praticamente ileso, pelo menos, por fora. E, naquele momento, dependia de ele acabar com o processo de cura e ser de utilidade para outras pessoas menos sortudas do que ele.

– Tyr!

– Olá, Britt!

Virou-se quando a irmã lhe deu um abraço. Era evidente que estava feliz por o ver, mas o seu olhar estava cheio de perguntas.

– Estás ótimo, Tyr.

– Mentirosa.

A irmã mais velha recuou para olhar para ele de cima a baixo.

– Está bem, nesse caso, vou dizer-te que tens uma roupa ótima.

– Assim está melhor – replicou, enquanto ambos se riam em uníssono. – Fiz escala em Milão, já que sabia que as minhas irmãs organizariam uma festa. Tinha de estar à altura.

Britt olhou para ele com preocupação.

– Não tens de fazer nada que não queiras fazer, Tyr.

– Mas quero estar aqui. Queria vir para casa e ver-vos.

– Então, estás preparado? – perguntou Britt, olhando para o outro lado da rua, onde era o hotel mais luxuoso da cidade, onde tinham organizado uma festa para lhe dar as boas-vindas.

– Quando quiseres…

– Oxalá tivéssemos mais tempo para falar, mas sei que nunca gostaste de fazer as coisas devagar, pois não, Tyr?

– Imersão total – confirmou ele, decidido a manter o tom de voz alegre. – Não sei fazê-lo de outra maneira.

– Se tu o dizes…

– É claro – confirmou Tyr, apontando para o hotel, onde estavam a chegar carros. – E muito obrigado por organizares tudo.

Britt desatou a rir-se.

– Alegro-me por ter tido a oportunidade. Temos de dar as boas-vindas ao herói da cidade…

– Só tens de dar as boas-vindas ao teu irmão. Não quero mais.

– Iria até ao fim do mundo por ti, Tyr… E quase tive de o fazer – recordou-lhe a irmã.

– Não paraste de me enviar mensagens de correio eletrónico.

– E tu não me respondeste.

– Mas, no fim, poupei-te a viagem.

– Nunca vais mudar – troçou ela, mas o seu olhar era triste porque ambos sabiam que mudara.

Mudara muito.

– Este momento no meu escritório, sossegado, deve ter sido bom para ti, não é?

– Foi perfeito, obrigado, Britt.

Exceto nos momentos em que fora às compras para poder livrar-se das botas e das camisas de safari e vestir roupa de cidade, Tyr não tivera nenhum contacto com outras pessoas desde que saíra do deserto. Depois de tanto silêncio, até os barulhos da rua eram ensurdecedores, mas a sua irmã merecia aquilo e muito mais. Tyr tê-la-ia posto num pedestal.

– Bom, já desfrutaste de bastante paz e tranquilidade. Preciso de falar contigo e, depois, vamo-nos embora.

– Parece sério.

– Tenho muitas coisas para te contar, Tyr. Estiveste fora muito tempo. A Leila teve gémeos…

– Eu sei, já me tinhas contado.

– Avisei-te quando nasceram, mas já têm quase idade para ir para a escola e ainda não os conheces.

Ele assentiu.

– E, agora, está grávida outra vez.

– Vejo que o Rafa não perde tempo.

– Falas como um dinossauro. A Leila e o Rafa adoram-se e, segundo a tua irmã, querem uma equipa de futebol. E quero que saibas que o mundo continuou a girar, mesmo que te tenhas desligado por completo.

Onde Tyr estivera, não houvera comunicação com o mundo exterior, até ele ter chegado e a ter para que os outros pudessem comunicar-se com os seus entes queridos. Durante muito tempo, ele sentira-se demasiado mal para poder falar com as irmãs.

– Não vais contar-me onde estiveste, pois não, Tyr?

– Não precisas de saber – brincou ele, encolhendo os ombros.

Não queria falar com ninguém sobre o seu trabalho, nem sequer com Britt. Não queria que o elogiassem pelas coisas más que fizera. Só queria seguir em frente.

A irmã abanou a cabeça.

– Muito bem, desisto. Já verás quando vires a Leila, está…

– Enorme? – sugeriu ele.

A irmã tentou bater-lhe.

E, assim, voltaram atrás, aos dias felizes.

– E o que mais aconteceu?

– A Jazz está aqui.

Tyr sentiu um calafrio.

– A Jazz. Há muitos anos que não a vejo.

Só de ouvir o nome da irmã mais nova de Sharif, recordou as férias escolares, quando a única coisa que importara fora divertir-se com os dois amigos de Kareshi, mas, a julgar pelo tom tenso da irmã, havia mais alguma coisa.

– E? – perguntou. – O que se passa com a Jazz?

Tinha a certeza de que Sharif lhe teria contado se tivesse acontecido alguma coisa a Jazz que, na verdade, era a princesa Jasmina de Kareshi.

– A Jazz está bem, não está?

– É claro.

– Mas?

Fingiu indiferença, mas o coração parara ao pensar que podia ter acontecido alguma coisa a Jazz. Conheciam-se desde que Sharif o convidara para passar as suas primeiras férias em Kareshi e, depois, sempre se alegrara por a ver. Por isso, a ideia de estar doente ou ferida… Sentiu um nó no estômago. Estava cansado de calamidades.

– Mas nada, Tyr – insistiu a irmã. – Se lhe tivesse acontecido alguma coisa, contava-te.

Ele olhou para ela fixamente nos olhos, sabendo que havia mais alguma coisa.

– Vem esta noite.

– Ótimo.

Tyr alegrava-se por poder voltar a ver Jazz, apesar de ser uma pessoa capaz de ver sempre no interior das pessoas e ele não saber o que achava disso.

– Mudou, Tyr – declarou Britt, em voz baixa. – Ou tal como todos os outros, cresceu.

O que é que a irmã estava a tentar dizer-lhe? Encolheu os ombros e imaginou Jazz com tranças e um aparelho nos dentes. Quanto podia mudar uma pessoa? Olhou para o seu reflexo na janela e obteve a resposta.

– O que se passa, Tyr?

Ele esboçou um sorriso.

– Nada. Absolutamente nada.

– Todos mudamos – declarou Britt, lendo-lhe o pensamento –, mas, pelo menos, estás a sorrir. Foi por pensar na Jazz?

Ele encolheu os ombros, embora a verdade fosse que estava a pensar em Jazz, que sempre se referira a ele como o rapaz do norte frio que tinha um nome engraçado. Sharif, Jazz e ele tinham formado um trio estranho. Ao princípio não tinham querido incluir Jazz, mas ela esforçara-se e conseguira montar melhor a cavalo do que Sharif e ele. Além disso, conhecia o deserto como a palma da mão. Portanto, como não tinham podido livrar-se dela, tinham desistido.

– Não te preocupes, Britt. Eu tomo conta da Jazz – garantiu.

– Mas não te excedas.

– Não me exceda? – repetiu Tyr, franzindo o sobrolho.

– A Jazz acedeu a vir esta noite porque é uma celebração familiar muito importante e eu vou estar sempre com ela, o Sharif e eu, quero dizer.

Ele franziu mais o sobrolho.

– Tudo parece demasiado formal, a Jazz não era assim.

– Já te disse que a Jazz cresceu e as irmãs solteiras do xeque de Kareshi não têm tantas liberdades como nós.

– O Sharif tem-na presa?

– Não sejas tolo! Sabes que o Sharif é um grande defensor do progresso. Foi uma decisão da Jazz e temos de respeitar as suas crenças. Apoiou o Sharif enquanto ele fazia Kareshi avançar até ao século XXI e, neste momento, não quer fazer nada que ponha a estabilidade em perigo, muito menos dar aos cidadãos mais conservadores do país a oportunidade de criticar o Sharif por implementar o progresso com demasiada rapidez.

– Portanto, prefere sacrificar-se? – inquiriu Tyr, indignado. – Isolando-se?

– Não exatamente, mas a verdade é que a Jazz se tornou bastante conservadora. Portanto, por favor, Tyr, pelo bem dela, tenta ser prudente quando a vires.

– O que pensas que vou fazer? Fomos amigos durante quase toda a vida, Britt. Não vou tentar seduzi-la.

– Arrefece essa amizade e mantém-te afastado da Jazz. Limita-te a cumprimentá-la com indiferença. Está bem?

Ele passou uma mão pelo cabelo.

– Não podes estar a falar a sério. Ninguém pode aproximar-se de Sua Majestade?

– Não gozes com ela, Tyr – avisou Britt, fulminando-o com o olhar. – A Jazz tem uma vida completamente normal em Kareshi. De facto, o Sharif quebrou todas as regras ao dar-lhe um emprego no picadeiro, onde faz um trabalho de gestão excelente, mas o importante é que abriu as portas do mercado profissional para todas as mulheres de Kareshi.

– E?

– Isso fez com que a Jazz esteja mais decidida do que nunca a defender a tradição noutros aspetos da sua vida, para que ninguém possa criticar a decisão do Sharif de a permitir trabalhar.

– Defender a tradição, o que queres dizer?

– Que a Jazz pensa que Kareshi tem de evoluir a pouco e pouco e se, para que o resto das mulheres possa trabalhar, for necessário permanecer na sombra, está disposta a fazê-lo. Deveríamos admirá-la por fazer esse sacrifício.

– Não entendo.

– A liberdade da mulher para trabalhar é um grande passo para Kareshi e a Jazz sabe. O próximo será que as mulheres solteiras possam relacionar-se livremente com os homens sem que a sociedade as condene. E conseguirão. A Jazz entregou-se ao seu povo e podemos confiar que fará o que é melhor nestas circunstâncias.

– O que é melhor para ela ou para Kareshi?

– Não te zangues, Tyr. Para ambos, é claro. E não olhes para mim assim.

– Tens razão, lamento muito. Não imagino a Jazz, que era tão guerreira, transformada numa ermitã.

– Não te fechaste em copas e te afastaste de todas as pessoas que te amavam?

A irmã também tinha razão naquilo. Tyr obrigou-se a sorrir apesar de estar preocupado com Jazz.

– É verdade.

– Alegra-te por ela, Tyr. A Jazz é uma jovem maravilhosa, com um sentido de dever enorme, uma qualidade que tenho a certeza de que compreendes. É normal que não queira dar que falar.

– Talvez tenha sentido para ti – concedeu Tyr –, mas a Jazz é minha amiga e, esta noite, vou encontrar muitos amigos e vou tratá-los todos por igual.

– Nesse caso, suponho que não tenha de me preocupar – redarguiu Britt, segurando o rosto dele e beijando-o nas faces. – Agora, do outro lado da porta, há várias pessoas que desejam dar-te as boas-vindas em privado.

Aquilo emocionou-o.

– A Eva e Leila estão aqui?

– Com os maridos, pensei que não te importarias de ver também o Roman e o Rafa, tendo em conta que são os teus melhores amigos.

– É claro que não.

De facto, desejava vê-los e garantiu-se que conseguiria fazer com que não vissem nada nos seus olhos senão a felicidade do reencontro.

A irmã do meio, Eva, foi a primeira a entrar na sala, mudando por completo o ambiente que se respirava. Eva era ruiva e linguaruda e não mudara nada no tempo que tinham passado sem se ver. Olhou para ele de cima a baixo e disse:

– Continuas a ser tão impressionante como recordava, meu rapaz guerreiro.

– Podia esmagar-te com um só dedo, mequetrefe.

Ambos levantaram os punhos e lutaram a brincar, depois Eva começou a chorar e precipitou-se para os seus braços, onde continuou a bater-lhe no peito.

– Não voltes a fazer-me uma coisa destas, estás a ouvir-me, Tyr? Não voltes a desaparecer da minha vida sem sequer me deixares as chaves do teu ótimo carro.

Ele desatou a rir-se e abraçou-a.

– Prometo-te que não voltarei a fazê-lo – prometeu, dando-lhe um beijo na cabeça.

Mais tranquila, Eva chegou-se para trás para voltar a observá-lo.

– Não fazes ideia de como senti a tua falta, Tyr.

– Eu também senti a tua falta. Não sei como pude sobreviver durante tanto tempo sem as três a aborrecer-me.

Eva fingiu voltar a zangar-se e Britt aproximou-se da porta para a abrir.

– Leila! – gritou Tyr, disposto a pegar na irmã mais nova ao colo, mas parou a tempo. – Ena! Estás grávida.

– Muito grávida – confirmou ela, rindo-se e chorando ao mesmo tempo enquanto o abraçava.

– Mas estás tão bonita como a Britt me tinha dito.