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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2009 Dolce Vita Trust

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Entregues à paixão, n.º 971 - junho 2017

Título original: Secret Baby, Public Affair

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9870-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Foste sexo de consolação, mais nada.

E isso era o único que iria ser. Blair olhava para os olhos de Draco Sandrelli, rezando para que se fosse embora antes que fizesse alguma estupidez como desmaiar ou desatar a vomitar sobre os seus brilhantes sapatos feitos à mão. Mas o seu estômago, que andava instável desde o pequeno-almoço, encolheu-se por outra razão quando ele sorriu, com esse sorriso que a tinha cativado desde a primeira vez que se deitaram juntos.

Cara mia, tu sabes que sou muito mais do que isso.

A sua voz, tão rouca, tão masculina, estava carregada de sensualidade. Ainda acordava durante a noite recordando essa voz, tão poderosa como o retumbar de um trovão à distância. E pior, recordando a sensação do seu corpo sobre o dela, dentro dela. Blair teve de conter o gemido que ameaçava escapar-lhe da garganta.

Os pontinhos dourados nos olhos verdes de Draco pareciam brilhar mais do que o normal enquanto observava a sua reacção. Sendo alguém que praticamente acabava de a conhecer parecia lê-la como um livro aberto. Nem sequer se tinha desfeito da sombra de barba, tão tipicamente italiana, para o funeral. Embora tivesse desviado o luzidio cabelo preto da testa, as pontas encaracoladas na nuca. Em qualquer outro homem esse corte de cabelo seria ridículo, mas em Draco Sandrelli… Blair teve de engolir em seco.

Era demasiado bonito, o rosto demasiado perfeito, para se poder dizer que era um homem charmoso. E, apesar disso, o seu pulso acelerava-se ao olhar para ele.

– Janta comigo esta noite – disse Draco então.

– Não, desculpa. O que houve entre nós foi… uma aventura de férias, mais nada. Não vai voltar a ocorrer. Agora estou em casa, de volta ao trabalho, e tenho muitas coisas para fazer.

Não pensava perguntar-lhe o que estava a fazer ali, mas era uma coincidência incrível que o homem com quem tinha mantido uma aventura em Itália aparecesse de repente no colégio Ashurst. Especialmente no catering de um funeral que aceitara fazer como favor a um dos amigos do seu pai.

Por muito tentador que fosse retomar a aventura com o herdeiro da fortuna Sandrelli, Blair tinha coisas mais importantes em que pensar.

De modo que, enchendo-se de coragem, despediu-se com um gesto e deu meia volta.

Intuiu, mais do que ouviu propriamente, o momento em que Draco decidiu segui-la porque ficou com a penugem da nuca eriçada. Mas prosseguiu o seu caminho sem olhar para trás e virou por um corredor que conduzia à cozinha. Angustiada, apoiou-se na parede e fechou os olhos, esperando poder esconder-se ali.

Até lhe tremiam as mãos, notou então. Não estava tão nervosa desde que encontrou o seu namorado, Rhys, aos beijos à sua melhor amiga, Alicia, na adega do Carson’s, o seu restaurante.

A dor de perder o homem pelo qual estava apaixonada a favor da jovem que deveria ter sido sua dama de honor uns dias depois fora insuportável. A traição a dobrar fora tão inesperada…

Fora isso que a empurrara a apanhar um avião para fazer um roteiro gastronómico pela região da Toscânia, onde conheceu Draco Sandrelli.

Sim, tinha sido sexo de consolação, era verdade. Totalmente viciante, incrível sexo de consolação. E precisamente o que necessitava para reconstruir a sua destroçada auto-estima. Mais nada.

Suspirando, Blair afastou-se da parede para ver se estava tudo como devia. E foi um alívio comprovar que as suas ferramentas de trabalho tinham sido cuidadosamente colocadas na mala que levava. Não tinha mais nada para fazer ali. A equipa que tinha contratado para o catering limparia tudo quando terminasse o almoço e devolveria a loiça e talheres ao restaurante dentro de umas horas.

Blair passou as mãos pela blusa branca e a saia preta que costumava usar quando organizava um catering, tentando acalmar-se. Mala em riste, saiu da cozinha pela porta de trás e dirigiu-se à carrinha. Se não tivesse feito aquela viagem à Toscânia, poderia ter substituído a velha Gertie por uma carrinha nova. Mas se tivesse feito isso, continuaria a ser uma vítima da maldade de Rhys e Alicia, em vez de aprender mais alguma coisa sobre a mulher que ela podia ser.

E tinha sido uma descoberta que lhe mostrou muitas coisas; para começar, que não podia ter tudo. Ela não era o tipo de pessoa que podia montar um negócio e ser a mulher de um homem. Não, o seu trabalho era demasiado importante. Mas estava contente com a decisão. O trabalho seria a sua vida de momento. Quanto a Draco… enfim, todos tinham direito a conhecer um Draco na vida, pensou.

A intensidade da sua aventura com o italiano fora tremenda e tê-la-ia consumido totalmente se tivesse ficado mais tempo com ele. Essa verdade tinha posto tudo em perspectiva.

Blair tinha visto o resultado dos amores do seu pai; tinha visto como acabava sempre com o coração esfrangalhado e tinha jurado não sucumbir a essa obsessão.

O aviso chegou uma manhã, quando acordou nos braços de Draco, os lençóis enrodilhados sobre os corpos nus. Foi então que percebeu que nesses três dias não tinha pensado no seu restaurante nem uma só vez. Tinha embarcado na aventura com Draco Sandrelli com a paixão que usualmente dedicava ao trabalho.

Não, não havia sítio na sua vida para o amor e o trabalho. O seu restaurante era tudo para ela. O seu êxito definia-a como pessoa, não algo tão efémero como a atracção física por um homem.

De modo que se tinha levantado da cama para fazer as malas, sem prestar atenção quando Draco lhe pediu que voltasse para o seu lado.

Esses dias na Toscânia tinham sido pecaminosamente deliciosos, mas era um tipo de tentação com que não se podia construir um futuro. Não tinha segurança nessa atracção incendiária… sabia-o pelo doloroso passado do seu pai e pelo seu.

Só havia uma coisa que queria nesse momento e era conseguir para o seu restaurante Carson’s as cinco estrelas atribuídas pelo crítico da revista Fine Dining.

Esse fora o sonho do seu pai até que um enfarte o obrigara a passar-lhe a gestão do restaurante. Agora era o seu sonho; um sonho que pensara alcançar com Rhys e Alicia ao seu lado. Mas podia fazê-lo sozinha. O Carson’s converter-se-ia no melhor restaurante de Auckland e ela esqueceria Draco Sandrelli por completo.

 

 

Draco vacilou à porta da cozinha. Blair tinha de estar ali e necessitava de falar com ela. Tinha de a ver outra vez.

Quando partira naquela manhã do palazzo da Toscânia, estava disposto a mover montanhas para a convencer a ficar. Só a chamada urgente dos seus pais da casa onde viviam, a uns quilómetros do palazzo Sandrelli, o tinha impedido. Porque, naturalmente, quando voltou depois de visitar o seu pai doente, Blair tinha partido sem deixar uma morada.

Ao vê-la ali nesse dia, ficara perplexo, mas não pensara duas vezes. Era uma segunda oportunidade e não pensava desaproveitá-la. O magnetismo entre eles fora instantâneo e sabia bem que essas coisas não se passavam todos os dias. Demasiada gente conformava-se com o que os demais esperavam deles. Ele próprio o fizera uma vez, por respeito à sua família e ao seu irmão falecido, mas o resultado tinha sido catastrófico. E não voltaria a suceder nunca mais.

A atracção que sentia por Blair era demasiado poderosa.

De modo que pôs a mão na porta batente e entrou na cozinha… a tempo de ver Blair a sair dela. Draco acelerou o passo e chegou ao seu lado quando estava a guardar a mala numa velha carrinha.

– Blair.

Ela voltou-se, embora não parecesse surpreendida.

– Já te disse tudo o que tinha a dizer, Draco – suspirou, enquanto entrava na carrinha.

– Mas não quiseste ouvir-me…

– Se queres que seja sincera, não estou interessada no que tens para me dizer.

Blair tentou fechar a porta, mas ele impediu-a.

– Pode-se saber o que é que tens?

– E tu, o que é que tens? Não toleras que uma mulher te diga que não? Entendo que não estejas acostumado, mas vais ter de aceitá-lo.

Draco sorriu. Parecia uma gatinha assanhada.

– Só quero falar contigo. Desapareceste tão de repente… não pudemos despedir-nos como deve ser. Ou como eu teria gostado de o fazer.

Draco notou que a frase despertava uma resposta imediata e, quando olhou para baixo, comprovou que os seus mamilos estavam salientes sob a camisa. Blair usava sutiã, mas como uma concessão à profissionalidade, mais do que por lhe fazer mesmo falta. Adorava os seus seios, pequenos e altos. Adorava como sabia despertar nela um gemido de prazer só ao roçar as pontas. Nunca tinha conhecido uma mulher tão sensível às suas carícias, mas ele gozava tanto como Blair. E queria fazê-lo outra vez. Muitas mais vezes.

Blair reparou que estava a olhar-lhe para o peito e rodou a chave na ignição, zangada.

– Já dissemos tudo o que havia a dizer. A nossa história foi só uma aventura de férias. Boa na cama e boa para o meu ego ferido, mais nada. E agora, por favor, afasta-te do meu carro ou tenho de chamar os seguranças.

– É aí que não concordamos, delizzia. Ainda não acabámos. Vou deixar-te ir, mas garanto-te que nos voltaremos a ver.

Draco deu um passo atrás e ela aproveitou para fechar a porta e arrancar a carrinha a toda a velocidade, se bem que o motor tenha protestado amargamente. Então, à medida que se afastava, memorizou o número da matrícula. Blair podia pensar que tinha escapado, mas ele estava certo de que em breve a teria na sua cama de novo.

Um movimento no estacionamento próximo chamou-lhe a atenção e Draco viu os seus dois amigos, Brent Colby e Adam Palmer, ao lado das motos Guzzi que ele próprio tinha trazido de Itália para que pudessem usufruir de uma das suas actividades favoritas quando conseguiam estar na Nova Zelândia os três ao mesmo tempo. Tinham transcorrido muitos anos desde que passaram a noite da respectiva formatura em Ashurst, montando pela estrada que rodeava o prestigioso colégio privado, mas não havia nada como a sensação de controlar uma poderosa moto como aquela.

Brent era um milionário que se fizera a si próprio e, se Draco não gostasse dele e o respeitasse tanto, ele teria ganho o seu respeito quando fez fortuna e a perdeu de repente, só para multiplicá-la mais tarde. O primo de Brent, Adam, pertencia a uma família abastada, a família Palmer, com interesses económicos que se estendiam por todo o mundo.

Pensando na sua própria família, os Sandrelli, uma das mais antigas de Itália, Draco sentiu de novo um peso sobre os seus ombros. A linhagem dos Sandrelli terminaria, ou continuaria com ele, como o seu pai, de idade avançada e doente, lhe tinha dito muitas vezes. A responsabilidade para com a história familiar repousava sobre os seus ombros, o que tornava o seu projecto com Blair mais interessante… se conseguisse que voltasse a vê-lo, claro.

Draco aproximou-se dos amigos, sorridente. Era hora de ir a casa de Brent beber um copo e jogar às cartas. E, enquanto voltavam para Auckland, poderia orquestrar um plano.

Blair podia pensar que tinha escapado, mas o único que tinha feito era tentá-lo ainda mais porque Draco sabia que ela também não era capaz de lhe virar as costas. Um homem não tinha essa sorte duas vezes na vida e devia aproveitá-la.

Mas seria capaz de tornar realidade o desejo do pai antes de ser demasiado tarde? A última embolia não fora tão grave como temiam, mas o médico advertira-os que poderia sofrer outra embolia ou um enfarte fatal a qualquer momento.

De modo que ele teria de se assegurar de não chegar tarde. Os Sandrelli dominavam as terras que rodeavam o antigo palazzo há séculos e, embora o problema de sucessão tivesse recaído sobre os seus ombros após a morte do seu irmão dez anos antes, não seria ele que trataria de terminar com a linhagem dos Sandrelli. A sua união com Blair Carson dar-lhe-ia os filhos que o seu pai queria… e, a julgar pela paixão que sentiam um pelo outro, isso não seria difícil.

Nem Brent nem Adam disseram nada quando se chegou a eles, mas a sua expressão de curiosidade dizia tudo.

– Vocês não me perguntem nada – avisou-os enquanto enfiava o brilhante capacete preto.

Mais tarde contar-lhes ia sobre Blair Carson quando ela estivesse onde ele queria tê-la.