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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

 

© 2010 Kathleen Beaver. Todos os direitos reservados.

DOCE RENDIÇÃO, N.º 1072 - Junho 2012

Título original: Sweet Surrender, Baby Surprise

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em portugués em 2012

 

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® ™. Harlequin, logotipo Harlequin e Desejo são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-0309-1

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversion ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Capítulo Um

 

 

Cameron Duke só queria tirar a gravata, beber uma cerveja e enfiar-se na cama. Passara o dia a trabalhar no último projeto da Duke Development e já estava farto de viver num hotel.

Por outro lado, disse para si ao colocar o cartão na ranhura da porta, não se podia queixar. No fim de contas, o hotel pertencia-lhe e tinha uma suite de duzentos metros quadrados com todos os luxos possíveis e imagináveis e uma vista espetacular para o Pacífico.

Assim que o Congresso Internacional de Catering acabasse, ia alugar uma casa no lago Shasta ou ia descer o rio King de canoa.

Deixou o cartão na mesinha da entrada, tirou a gravata e pousou a pasta no chão de mármore. Ao entrar na sala, ficou surpreendido por encontrar as luzes acesas. Tinha a certeza de ter desligado tudo antes de sair. Além disso, as cortinas estavam fechadas e o pessoal sabia que ele gostava delas abertas. Os vidros eram fumados e podia desfrutar da vista sem que ninguém visse para dentro.

Tirou o casaco, pensando que devia ser pessoal novo que ainda não conhecia os seus hábitos, e entrou no quarto. Sobre a mesa de café estava um livro aberto e sobre o braço do cadeirão viu outro objeto. Ao levantá-lo, descobriu uma camisa de noite cor de rosa debruada a renda. Quando a tocou, foi envolvido por uma fragrância suave a laranja e especiarias que lhe era vagamente familiar. A sua reação física foi imediata.

– Que raio...? – disse em voz alta. Como teria chegado aquela peça ali?

Decidiu ir buscar uma cerveja e, então, viu uns sapatos vermelhos de salto alto sob a mesa da casa de jantar.

Devia ser uma brincadeira do seu irmão Brandon. Entrou na cozinha à espera de o ver a saltar de trás de um móvel qualquer a gritar «surpresa!», mas o facto de ele não estar não significava que não estivesse escondido noutro sítio qualquer.

Tirou uma cerveja do frigorífico e deu um longo gole. Depois, ficou de boca aberta a olhar para uns biberões que estavam ao lado do lava-louça.

– Isto é demais – disse. E gritou: – Brandon, onde é que estás? – Silêncio total. – Sei que estás aqui... – disse, dirigindo-se ao seu quarto.

Então, ouviu alguém a cantar e ficou paralisado. Havia uma mulher no duche da sua casa de banho.

Olhou melhor para o cadeirão do quarto. Lá estava o seu pólo sobre as costas e, no chão, os seus ténis. Ao menos tinha a certeza de não se ter enganado de quarto. O que significava que a mulher que estava no duche certamente se tinha enganado. Cameron murmurou qualquer coisa. Era mesmo típico do seu irmão contratar uma mulher para lhe pregar uma partida. Era a única coisa que podia explicar a presença dela ali. Ninguém na receção teria permitido que alguém entrasse na sua suite sem a aprovação de alguém da família.

Ficou junto à porta a ouvir o suave cantarolar que vinha do interior. Se fosse cavalheiro, esperaria que ela se vestisse e saísse, mas ele nunca se considerara um cavalheiro.

Além disso, não era ele quem estava onde não devia. De modo que esperou até ouvir a torneira a fechar-se.

Uma perna escultural espreitou no painel entreaberto enquanto um braço se esticava para apanhar a toalha. Cameron tirou-a do toalheiro e entregou-lhe.

– Permita-me.

A mulher emitiu um grito agudo que lhe perfurou os tímpanos.

– Fora daqui! – gritou ela. E com a pressa de tentar cobrir-se, a toalha caiu ao chão.

– É engraçado, eu ia dizer a mesma coisa.

Cameron nunca se considerara um voyeur. Sabia que devia respeitar a privacidade das mulheres, mas não podia afastar os olhos do seu peito perfeito, cujos mamilos rosados pareciam estar a pedir-lhe que os tocasse. Queria estender as mãos, acariciar-lhe a pele da barriga e deslizar os dedos para o triângulo de pelo dourado que coroava o vértice das suas coxas bem definidas. Um brilho reclamou a atenção do seu olhar para o umbigo, onde cintilava um pequeno diamante. E por alguma estranha razão, o detalhe do piercing fê-lo sorrir.

– Importas-te de parar de olhar e sair daqui? – disse ela, embrulhando-se rapidamene na toalha.

Cameron lamentou que o espetáculo tivesse acabado e levantou o olhar para o rosto dela. Teria reconhecido aqueles impressionantes olhos azuis em qualquer lugar do mundo. Pertenciam à única mulher que nunca conseguira esquecer.

– Olá, Julia – cumprimentou.

– Cameron, o que é que estás a fazer aqui?

Ele apoiou-se na porta.

– Como vivo aqui, estava a pensar pôr-me cómodo e ver o jogo de futebol enquanto bebo uma cerveja fresquinha – disse, cruzando os braços. – A questão é: o que é que estás tu a fazer aqui?

Julia suspirou enquanto saía do duche agarrando a toalha como se fosse uma armadura.

– Disseram-me que a suite estava vaga.

– Duvido muito que o pessoal te tenha dito isso.

– Mas disse – replicou ela, saindo para o quarto e acocorando-se para procurar roupa numa mala que estava junto à janela.

Cameron deu um gole na cerveja.

– Quando te vestires, vais ter de dar-me uma boa explicação.

Julia virou-se para ele, irada.

– Continuas sem dizer por que é que estás aqui.

– Eu? – disse ele, sem poder evitar sorrir: no fim de contas, ele era um homem e ela era uma mulher espetacular. – Que eu saiba, esta é a minha suite.

– Mas era suposto estares fora!

– Querida, acontece que eu sou o dono do hotel...

Agarrando a toalha com uma mão e com a roupa na outra, Julia passou ao lado dele em direção ao closet. Quando saiu, tinha vestido uns calções folgados e uma t-shirt.

Cameron murmurou entre dentes. Se Julia achava que vê-la vestida diminuía o seu interesse, estava muito enganada. O seu peito via-se através do fino tecido da t-shirt, despertando ainda mais o seu desejo.

– Vais explicar-me de uma vez por todas o que estás aqui a fazer? – insistiu.

Julia passou os dedos pelo cabelo para que secasse mais depressa.

– Ouve, Cameron – começou com voz pausada, – a Sally disse-me que...

Cameron ficou tenso. O facto de Julia mencionar a sua mãe pô-lo em alerta. Sally Duke, a incrível mulher que o adotara aos oito anos de idade, era uma força da natureza. Cameron conhecia bem a obsessão dela por casar os seus três filhos e sabia que não iria desistir do seu empenho até o ter conseguido. De modo que, se ela tinha alguma coisa a ver com o facto de Julia estar ali, iam ter problemas.

– O que é que a minha mãe tem a ver com o facto de te ter encontrado na minha casa de banho?

Julia olhou para ele, inquieta.

– Nada. Enganei-me.

– Enganaste-te? Estás a brincar?

– Não – Julia levantou-se, desafiante, e o seu peito ficou ainda mais marcado sob a t-shirt. – Era suposto estares fora, e já que foi o encarregado do hotel que me deu a chave, acho que é justo que sejas tu a sair daqui.

– Enganas-te – Cameron avançou lentamente para ela. – O que foi que a minha mãe te disse exatamente?

Julia retrocedeu.

– Esquece. Será melhor que eu me vá embora...

– Ainda não – disse ele, agarrando-a pelo braço. – Quero saber qual foi o papel da minha mãe no meio disto tudo.

– Está bem – disse ela, tentando soltar-se, em vão. – A Sally disse que estarias ausente durante o congresso e que a suite seria mais confortável do que um quarto normal, de modo que disse ao encarregado para me dar a chave.

Cameron sentiu um arrepio. Era verdade que planeara ir para o norte naquelas duas semanas, mas no dia anterior ligara para a sua mãe para lhe dizer que, afinal, ainda ia dormir lá nessa noite.

A sua mãe planeara tudo. Será que pensava que quando a visse ali, ia ajoelhar-se aos seus pés e pedir-lhe em casamento? Se assim fosse, ia ter uma grande desilusão.

Enquanto Julia tentava libertar-se dele, sentiu a parte de baixo do seu corpo a ganhar vida própria. Será que o que quer que fosse que a sua mãe tivesse feito, realmente, fazia alguma diferença? Ia ter de pensar nisso noutra altura. Nesse momento, tinha uma bela mulher praticamente nua à sua frente. Uma mulher que conhecia intimamente. Atraiu-a para si e voltou a inspirar o seu intrigante perfume.

Ele nunca tinha conseguido esquecer aquela mulher nem o seu aroma, e tinha-se esforçado bastante. Até se lembrava da primeira vez que a vira. Um claro exemplo de desejo à primeira vista.

O encontro tivera lugar pouco tempo depois de a sua mãe ter descoberto os bolos que Julia vendia na sua pastelaria, a Cupcake, em Dunsmuir Beach. Após ter experimentado, fizera questão que os seus filhos também provassem e todos concordaram que os seus hotéis deviam passar a comprar o pão, os cupcakes e os bolos a ela.

Julia acabou por ser convidada para participar num dos congressos que organizavam habitualmente para os fornecedores da empresa num dos hotéis da costa. E foi aí, a atravessar o vestíbulo do hotel, que Cameron a viu pela primeira vez. Aproximou-se dela para a cumprimentar, ela não escondeu o seu interesse por ele, e acabaram por passar o fim de semana juntos. Depois disso, a relação acabou.

Desde então, Julia era a protagonista de muitos dos seus sonhos, mas Cameron recusara-se a contactá-la. Tinha uma regra de ouro: nunca voltar a combinar com nenhuma mulher com a que tivesse tido um caso. Era mais simples e mais seguro para ambos. Se assim não fosse, elas começavam a achar que a relação tinha futuro e Cameron não queria magoar ninguém.

Lembrava-se de Julia ter enviado alguns e-mails a pedir-lhe para lhe ligar de volta. Estivera tentado a fazê-lo mas, por experiência, sabia que retomar relações só conduzia ao desastre, de modo que, a bem de ambos, decidiu não a contactar e ela nunca mais tinha voltado a escrever.

Mas um ano e meio depois, lá estava ela, pensou, na sua suite, vestida com uns calções e uma t-shirt quase transparente, e com um diamante no umbigo. Ela olhou para ele com os seus insondáveis olhos azuis e Cameron não pôde pensar noutra coisa senão em conseguir que olhasse para ele com paixão e em saborear os seus lábios e o resto do seu corpo. Pensava mesmo que ia ser capaz de pô-la fora do quarto? Teria enlouquecido?

– Desculpa – disse docemente, acariciando-lhe os braços. – O meu pessoal deve-se ter esquecido que ainda ficava cá hoje. É tarde. Podemos dormir aqui esta noite e amanhã procuramos um quarto para ti.

Julia olhou para ele alarmada.

– Acho que posso dormir no sofá.

– Depois vemos isso – disse ele, aproximando-se. – Fico contente por ver-te, Julia.

Com um sorriso tímido, ela disse:

– Isso é verdade?

Cameron passou os lábios pela linha do seu cabelo e inspirou o seu aroma.

– Sim.

Ela fechou os olhos e suspirou.

– O que é feito da tua regra?

Cameron inclinou a cabeça.

– Qual regra?

Ela abriu os olhos.

– A de nunca rever uma mulher com a que tiveste um caso – sussurrou.

Cameron franziu o sobrolho.

– Eu disse isso?

Ela assentiu com veemência.

– Da última vez que nos vimos. Disseste que tinhas gostado muito de estar comigo, mas que não me irias telefonar porque não querias que ficasse com uma ideia errada – disse com a voz trémula ao sentir a proximidade dos lábios de Cameron.

– Sou um idiota – disse ele, agarrando-a pela nuca.

Julia sorriu.

– Disseste que era a tua regra de ouro.

– As regras existem para serem quebradas – murmurou ele. E beijou-a.

Um suave gemido fugiu da garganta de Julia enquanto o seu corpo se colava ao dele. Com o calor dela, Cameron sentiu que todos os seus problemas se evaporavam, que tinha encontrado um refúgio seguro. A única coisa que interessava era satisfazer a necessidade que despertava nele. Ela abraçou-o e colou-se ainda mais a ele. Cameron pensou que era doce, quente e apaixonada, e percebeu que tinha tido saudades dela. Afastando aquele pensamento da sua mente, entrelaçou a sua língua na dela.

Ouviu-a gemer e quis que gemesse mais, que gritasse o seu nome, que suplicasse, que exigisse, que o desejasse até chorar de...

Cameron ficou tenso. Não era possível. Tinha ouvido um choro. Devia ser noutro quarto, ainda que todos os quartos estivessem insonorizados. Voltou a ouvir, longínquo mas inconfundível. Separou-se uns centímetros de Julia para olhá-la nos olhos.

– Ouviste isso?

– Ouvi – disse ela, separando-se dele e olhando à sua volta, alerta, como se estivesse à espera de voltar ao ouvir. Mas só houve silêncio e, segundos depois, Cameron voltou a atraí-la para si.

– Deve ser aqui ao lado – sussurrou, e começou a mordiscar-lhe o pescoço e a beijar o delicado ponto por trás da sua orelha.

Julia gemeu quando deslizou as mãos pelas suas costas e lhe agarrou as nádegas para a pressionar contra o seu sexo endurecido, enquanto a beijava apaixonadamente e a conduzia lentamente para a cama. Estava excitado e preparado.

– Oh, Cameron – sussurrou ela.

– Eu sei, querida, eu sei...

Cameron sentou-se na beira da cama e puxou-a até ficar presa entre as suas pernas. Então, começou a despir-lhe a t-shirt, até que um grito agudo ecoou em todo o hotel.

 

 

Julia protestou com um suspiro enquanto se separava dele com vários pensamentos a rondar-lhe a cabeça. Primeiro, tinha de ir tratar do bebé. Jake tinha-se calado após o protesto inicial, mas Julia sabia que já não ia esperar mais.

O resto dos seus pensamentos giravam em torno ao facto de que Cameron ia, finalmente, conhecer Jake. Mesmo sabendo que era inevitável, como não tinha conseguido falar sobre isso com ele e Cameron não se tinha incomodado em ler os seus e-mails, tinha a certeza que ia apanhá-lo de surpresa. De modo que só lhe restava confiar em que gostasse de surpresas.

Dirigiu-se à porta e disse:

– Será melhor fazer alguma coisa.

– O quê? – perguntou ele, seguindo-a e agarrando-a pela cintura.

– Ouviste o choro?

– O que vem do quarto ao lado? Já não se ouve nada – disse ele, mordiscando-lhe o pescoço.

Julia suspirou longamente. Cada vez que os lábios de Cameron tocavam a sua pele, sentia um arrepio nas costas, e não pôde evitar lembrar-se de quanto gostava de tudo o que ele lhe fazia. O que não compreendia era por que o pessoal lhe tinha dado a chave da suite dele garantindo-lhe que Cameron estaria fora. Até a mãe dele tinha insistido, mas devia ter-se apercebido de que estava a tramar alguma, tendo em conta a forma como os olhos dela brilhavam...

O seu instinto inicial fora deixar Jake em casa com a ama enquanto ia ao congresso, mas esta tivera uma oportunidade para ir fazer um cruzeiro com a filha, e vários amigos de Julia, que também iam assistir ao congresso e planeavam levar as suas famílias, queriam conhecer o pequeno Jake, de modo que, no final, decidira levá-lo consigo.

Devia ter imaginado que Cameron iria complicar tudo. Não que não quisesse que ele conhecesse o bebé mas, realmente, aquelas não eram as melhores circunstâncias.

– Mmm, que bom... – murmurou, virando-se e beijando Cameron ardentemente.

Sempre o achara extremamente atraente e perigosamente bonito. Os seus olhos verde-escuros observavam-na como os de um predador. Mesmo sabendo que não devia, não podia evitar entregar-se ao prazer das suas carícias.

Essa era a razão de ter sucumbido aos seus encantos dezoito meses antes, e de terem vivido um tórrido caso de quatro dias, após o qual, várias semanas depois, descobrira que estava grávida.

E decidira fazer o que era correto: entrar em contacto com ele. Mas Cameron tinha normas muito estritas com as mulheres e nunca retribuíra os seus telefonemas nem os seus e-mails.

Finalmente, Julia decidira que até era preferível porque, tendo em conta a forma como Cameron lidava com as relações, duvidava muito que quisesse ter alguma coisa a ver com o filho.