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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2002 Alexandra Sellers

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Paixão no deserto, n.º 471 - novembro 2018

Título original: The Playboy Sheikh

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-301-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Prólogo

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Epílogo

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Prólogo

 

 

 

 

 

Uns olhos verdes ocuparam o ecrã todo, sorrindo de maneira provocante.

– É ela – disse uma voz atrás dele.

– Eu sei – murmurou Jafar al Hamzeh, sem desviar o olhar do ecrã. Aqueles olhos iam directos ao seu coração.

A íris era de cor verde água, rodeada de um círculo verde esmeralda. O branco era puro e limpo, os olhos rasgados sob umas sobrancelhas finas.

De perto, esses olhos tinham sido o seu mundo. Era consumido pelo prazer quando estava sobre ela, mas também pela dor, que poderia tê-lo aniquilado a ele ou ao mundo inteiro. Era-lhe indiferente.

Ao ver os seus olhos no ecrã, sentiu ciúmes porque outros também estavam a vê-los. Se pudesse teria expulso toda a gente do estúdio.

A câmara afastou-se, então, para revelar o rosto inteiro, as maçãs do rosto salientes e o nariz pequeno e direito. Mas antes, revelou uma boca de lábios carnudos e o cabelo louro que lhe caía em cascata sobre os ombros.

Ele tinha entrelaçado os dedos naquele cabelo. Por pouco, não podia senti-la nesse momento, por pouco, não podia respirar o seu aroma. Quando fechou os olhos, uma velha ansiedade dominou-o.

– Uma beleza muito invulgar.

– Muito peculiar, de facto.

Jafar al Hamzeh ouvia apenas esses comentários. No ecrã, ela deslocou-se, afastando-se da câmara. Levava uma saia curta que deixava a descoberto as suas generosas e bem torneadas pernas.

Tinha uma voz sonora, com um tom ligeiramente sarcástico. Falava por cima do ombro, sorrindo e atirando o cabelo para trás.

Jafar desejava tocá-lo. Como teria desejado tocá-lo!

Durante a publicidade, a porta fechou-se e ela desapareceu por um instante. Da mesma maneira que o fez da sua vida. Um sorriso, um esvoaçar de cabelo e o som de uma porta a fechar-se.

Doera-lhe tanto como lhe doía agora. E, na altura, desejou que a porta se voltasse a abrir para que lhe dissesse que tinha mudado de opinião.

– Aqui está outra vez – disse uma voz.

Era ela de biquíni, na praia. Estava a comer um gelado, completamente concentrada, enquanto os homens que se encontravam à sua volta a comiam com o olhar. Uma pequena embarcação desequilibrou-se e os passageiros começaram a gritar. O salva-vidas dirigiu-se até à água, mas não deixava de olhar para ela. Um jogo de futebol de praia ficou suspenso, enquanto ela passeava, com o cabelo ao vento, o seu belo corpo ao sol. Um vendedor de refrescos tropeçou com o seu carrinho…

– Fantástica – disse uma voz.

Houve um murmurinho de aprovação, mas Jafar não disse nada. Observava-a a saborear o gelado com uma expressão de satisfação quase erótica. Ele já tinha visto aquela expressão, mas na altura não estava a comer um gelado.

O slogan da empresa apareceu no ecrã e terminou a publicidade.

– Penso que não poderíamos encontrar melhor aquisição para o harém, não te parece? – comentou um homem, como se ele pudesse escolher. Como se fosse uma conclusão lógica. – Penso que seria um presente digno de um sultão. O que te parece, Jaf ?

Ele concordou, sorrindo. Para não o contrariar.

– Parece-me bem.

Como se lhe fosse indiferente.

Ela tinha-lhe sorrido antes de se ir embora, rindo-se e desafiando-o.

Mas, no final, seria sua, toda sua.

Capítulo Um

 

 

 

 

 

Ela agarrava-se afincadamente à escrivaninha de madeira quando uma onda a apanhou de surpresa. Quando uma nova onda, maior do que a anterior, se formou nas suas costas, susteve a respiração antes que fosse novamente atingida.

À sua frente, estava a costa. Atrás, quilómetros e quilómetros de oceano.

O sol era impiedoso. O sal queimava-lhe os olhos. O cabelo louro e alvo voava à volta dela e colava-se à sua cara como algas. A saia comprida do vestido, com uma racha à frente que lhe libertava os movimentos das pernas, flutuava na água como uma cauda, verde no verde. Ela procurava não se afundar, mas o mar, como um amante impaciente, abraçou-a violentamente com uma nova onda.

A certa distância, escondido atrás de uma rocha, ele observava-a montado num cavalo branco.

Sentia ciúmes, como se outro homem estivesse a fazer amor com ela.

Logo, ela alcançou pé, ficando a água a dar-lhe pela cintura, enquanto a escrivaninha se arrastava até à areia.

Foi com dificuldade que voltou à praia, porque tinha de resistir ao vigor do mar.

E ele continuou a olhar, sem se mexer, como que à espera de um sinal.

A espuma do mar rodeava-a, e ora afastava a saia revelando as suas pernas, ora a atirava de novo para a frente como se quisesse respeitar o seu pudor. À medida que ia andando, insegura, a água ia revelando as suas coxas, os joelhos e, por fim, os tornozelos.

Era um striptease erótico e provocante. O seu corpo atormentava-o e fazia-o imaginar as suas mãos, a sua boca, a acariciarem-na como as ondas.

Com um movimento sensual, ela levantou um braço para atirar o cabelo encharcado para trás. Os seus seios jovens e firmes apertavam-se sob o tecido verde do vestido comprido e já fora de moda.

O cavalo levantou a cabeça, impaciente.

– Espera um pouco. Ainda não – murmurou ele, acariciando o pescoço do animal.

Naquele momento, a mulher loura levantou a cabeça para soltar um grito triunfante e lançou os joelhos contra a areia e deixou-se cair de costas, com os braços abertos para respirar o sol e a vida.

Quando uma onda levantou o seu vestido, ele sentiu uma dor percorrer todo o corpo, no desejo de repetir os beijos que o mar lhe tinha dado.

Quando sentiu os joelhos do homem a cravarem-se nos seus flancos, o cavalo começou a correr pela areia. O turbante e a túnica branca esvoaçavam atrás dele, ao mesmo tempo que ele se agarrava ao animal, como se fossem um só.

Galoparam pela borda do mar levantando gotas de água que, debaixo da luz do sol, pareciam diamantes.

Ela deve ter ouvido o barulho dos cascos, mas estava demasiado cansada para reagir.

No entanto, quando ele chegou a seu lado, ela levantou a cabeça, atónita.

– Que fazes tu aqui ?

– Esta é a minha terra.

– A tua terra ? – repetiu ela, incrédula.

– Eu tinha-te dito que, depois de tudo, ias voltar para mim.

 

 

– Que raio se está a passar aqui? – perguntou Masoud al Badi. – De onde saiu esse cavalo branco? Que raio está a fazer Adnan?

A argumentista do filme levantou o olhar do guião, encolhendo os ombros.

– Quando revi a sequência com ele, estava sobre um cavalo preto.

O realizador voltou a olhar para o casal na praia.

– Sendo assim, não é o Adnan que está com ela?

– Não. Estou aqui – respondeu uma voz. Um homem vestido com uma túnica e um turbante de cor branca, como o homem da praia, saiu de uma roulotte. – Aquele que está com Lisbet é Jafar al Hamzeh. Peço desculpa, senhor al Badi, Jafar disse-me que…

– Jafar al Hamzeh? – explodiu o realizador, incrédulo. – Ficou louco?

Naquele momento, a figura feminina levantou-se e desatou a correr praia fora.

– Pediu-me para ocupar o meu lugar… – tentou explicar Adnan.

– Está a assustá-la! Se continuar a correr assim, vai acabar por partir uma perna! – gritou o realizador.

De repente, toda a gente ficou de olhos fixos na cena. Os técnicos suspenderam o trabalho e os assistentes de maquilhagem e de guarda-roupa saíram surpreendidos das suas roulottes. Jafar al Hamzeh, o conselheiro do príncipe Karim, não só era rico e belo como um deus grego, como também era o playboy preferido das revistas cor-de-rosa.

O ambiente aquecia quando Jafar al Hamzeh aparecia em cena. E se estava interessado na estrela do filme… aquela filmagem podia ser muito divertida.

O cavaleiro seguiu-a, galopando no cavalo branco com uma mão apoiada na anca e a outra nas rédeas. Parecia um falcão, de tão arrogante. Deixava a sua presa correr um pouco só para se divertir.

O realizador levantou o megafone, mas estavam demasiado longe. Não iam ouvi-lo.

Então voltou-se, à procura de inspiração.

– Adnan, sobe ao teu cavalo e …

– Oh, meu Deus! – exclamou alguém.

O cavaleiro estava ao lado de Lisbet, mas não diminuiu a velocidade.

O realizador praguejou pelo megafone.

– Jaf! Maldição, Jaf, afasta-te!

Os observadores ficaram estupefactos ao ver que deixara cair as rédeas e, como se fosse um artista de circo, inclinou-se de lado, agarrando-se aos flancos do cavalo com os joelhos.

– Vai atirar-se para cima dela… – murmurou a assistente, assustada.

– Está a tentar esmagá-la?! – exclamou Masoud, furioso.

O cavaleiro agarrou-a sem esforço pela cintura e sentou-a à sua frente sobre a sela. Com a outra mão, voltou a agarrar as rédeas e continuou a cavalgar.

 

 

– Solta-me! – exclamou Lisbet. – Queres matar-me, é? O que é que estás para aí a fazer?

– Tu desafiaste-me, Lisbet – murmurou ele, com um sorriso diabólico. – Quando uma mulher desafia um homem de carácter é porque deseja provocá-lo, mas deve ter cuidado porque ele pode não fazer o que ela deseja.

Lisbet conteve um grito.

– Imaginaste que eu queria…? Como chegaste até aqui? Como soubeste onde eu estava?

Ele sorriu de novo, mostrando uns dentes muito brancos.

– Achas que sou um desses fracos, escondidos à espera de uma oportunidade? Não te julgo assim tão estúpida!

O coração dela batia freneticamente. Onde estava a equipa de segurança do filme?

– O que queres dizer?

Jaf esporeou o seu cavalo, obrigando-a a apoiar-se no seu peito para manter o equilíbrio.

– O que disse.

– Como é que podes dizer que não estavas à espera de uma oportunidade?

– Em breve vais ficar a perceber.

 

 

Já tinham sido amantes, mas há muito tempo. Não, não numa vida passada, ainda que isso fosse possível.

Conheceram-se um ano antes, quando a sua amiga e o irmão de Jaf começaram uma relação cheia de suspeitas e equívocos.

Mas não houve equívocos entre eles. No início não. Para eles, foi amor ou, pelo menos, desejo. E esse desejo cresceu de forma imparável.

Jaf sentiu que dormir com ela não era o suficiente e quis entrar na sua cabeça, no seu coração.

Mas ela não o queria ali. Jaf segurava a sua cabeça entre as mãos durante os momentos de paixão, segurava-a como se fosse uma das preciosas taças de jade da colecção de antiguidades do seu pai e olhava-a nos olhos, esperando ver um sinal de que os seus corações estavam unidos. Mas ela ria ao voltar a cabeça, ou fechava os olhos quando o apelo do prazer era demasiado irresistível.

Quando se tornava exigente, ela avisava-o: «Não sonhes comigo, Jaf. Não olhes para mim a pensar que vou ser a mãe dos teus filhos. Não serei eu.»

Isso deixava-o louco. Claro que quando a observava, via nela a sua mulher e a mãe dos seus filhos. Via a avó dos seus netos.

– Vem comigo a Barakat – rogou-lhe. – Uma visita. Para ver se gostarias de lá viver. É um país maravilhoso, Lisbet.

Ela sorria de uma forma que o irritava tanto… remota e distante.

– Tenho a certeza que sim; a Anna ficou encantada.

Anna era a sua melhor amiga, que se tinha casado com o irmão de Jaf quando, finalmente, compreenderam o amor que os unia.

– É um país de sonho.

– Provavelmente eu também ficaria encantada, mas não é essa a questão. Não se trata de Barakat em vez de Inglaterra, mas de liberdade em vez de casamento. E eu avisei-te desde o início, Jaf.

– Liberdade! – exclamou ele, impaciente. – Que liberdade? A liberdade de ficar velho e só? De não ter filhos?

Uma expressão que não entendeu cruzou as feições de Lisbet.

– Exactamente – murmurou, com um sorriso que não correspondia ao brilho triste dos seus olhos. – A liberdade de envelhecer só, sem filhos. Não fomos feitos um para o outro, Jaf. Se enfrentasses esta realidade…

Ele pôs-lhe um dedo sobre os lábios.

– Somos perfeitos um para o outro. Temos tudo o que os outros sonham ter.

– Não me referia ao sexo.

– O sexo é só uma das coisas que temos em comum, Lisbet. Acreditas que não me apercebo da maneira como te escondes de mim? Não percebes que não tens necessidade de te esconderes?

Nesse instante, Lisbet olhou-o, sorrindo de forma desafiante.

– Jaf, estás a ver coisas onde elas não existem.

Mas ele sabia que não era assim.